Antonio Carlos Dias Júnior é sociólogo, professor do Departamento de Ciências Sociais da Educação da Universidade Estadual de Campinas.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Gostaria de poder dizer que tenho uma rotina estabelecida, que me levanto, tomo o meu café, leio os principais jornais e logo me coloco a trabalhar, como muitos de meus colegas intelectuais. Nada disso seria verdade. Sou, talvez, a pessoa mais indisciplinada que conheço em relação às rotinas (todas elas, não apenas as de trabalho). Em geral, sou despertado pelo latido e agitação dos meus cães, que convivem comigo e com minha companheira em nossa casa, e daí sou obrigado a me levantar, bastante contrariado e costumeiramente ainda com sono. Por ser notívago, nunca durmo antes das duas da manhã, então o meu funcionamento natural exigiria um sono que se entendesse até às dez ou onze horas, o que nunca acontece. Acordo, portanto, ao sabor da vontade canina, por volta das nove horas.
Uma vez em pé, cuido das necessidades dos animais não humanos da casa (passeio e alimentação), passo o café, ligo a tevê na ESPN (vício em esportes representa uma preocupação cotidiana) e respondo às demandas que chegaram no dia anterior por meio eletrônico. Por conta da facilidade (dúbia) de poder checar e responder e-mails mais urgentes conforme chegam via smartphone, respondo pela manhã àqueles que necessitam de alguma elaboração ou reflexão mais apurada.
Nos dias em que tenho atividades acadêmicas pela manhã, como disciplinas, bancas ou reuniões (sobretudo agora que estou na chefia de meu departamento), as coisas acontecem da mesma maneira, à diferença de que sou despertado ainda mais cedo (mas pelo relógio) e, após cuidar dos cães, sigo para a Unicamp – deixando as notícias esportivas e jogos para o final da tarde – acompanho, amiúde, futebol (nacional e internacional), tênis e basquete.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Sou do tipo que funciona melhor do final do dia à madrugada. Gosto de lecionar à tarde, para ter a noite livre para as atividades de leitura e escrita. Quando isso não é possível, dou preferência para as aulas noturnas, já que, para mim, como observei, é um tanto quanto penoso levantar às seis da manhã para estar na Unicamp às oito. Contudo, como as atividades acadêmicas e administrativas na Universidade não seguem o meu relógio biológico, acabo por modulá-las às minhas atividades de trabalho solitário.
Também para a leitura ou escrita não tenho qualquer ritual ou preparação. Costumo escrever, entretanto, sem qualquer anotação prévia, apenas com os livros e editor de texto à mão. Embora nutra extremo respeito e admiração pelos autores e autoras que seguiram e seguem rotinas e rituais ascéticos de trabalho, guardando as suas anotações, rabiscos, originais etc. (dos quais me sirvo feliz da vida como pesquisador de arquivos que sou), eu não tenho ritual ou cuidado algum. Escrevo, quase sempre, de acordo com os prazos que preciso cumprir e não guardo cópias digitais ou materiais de minhas anotações ou esquemas prévios de trabalho. Ao final de cada ano jogo toda a papelada fora. Quanto aos livros ou artigos que escrevo, tenho um sentimento parecido com aquele expressado em diversas oportunidades por Lévi-Strauss: uma vez publicados, nunca mais volto a eles.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo, fundamentalmente, em períodos concentrados. Entendo que a questão aqui se refira à escrita propriamente acadêmica, como teses, livros ou artigos. Nestes casos, o meu problema crônico com as rotinas me impede de estabelecer algo como uma meta diária de escrita ou algo que o valha. Já tentei diversas vezes traçar metas ou manter algum cronograma minimamente viável para não ficar no afogadilho com os prazos. Tudo em vão. Digo aos meus orientandos e orientandas para que não caiam na armadilha da qual sempre fui vítima, a de achar que há sempre algo mais para acrescentar nas leituras antes de passar para o texto, ou que há sempre um texto que ficou de fora da versão final da tese. Para o terror do meu orientador, minha tese de doutorado, por exemplo – excessivamente prolixa – escrevi em 44 dias após anos e anos de leituras e trabalho de arquivo. E são 571 páginas. Se você deixa tudo para os 45 minutos do segundo tempo, não há tempo hábil para os ajustes necessários. Tive sorte, mas isso quase me custou a sanidade neste período. Costumo usar o meu próprio exemplo com a máxima honestidade e sem qualquer intenção retórica, como uma situação limite que poderia demolir o esforço de cinco anos de pesquisa.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Aqui também sou o anti-exemplo dos bons modos da escrita acadêmica. Não faço fichamentos, tampouco tomo notas. Também detesto grifar os textos conforme os leio. Faço pequenos lembretes em post-its nas páginas em que há informações que precisarei recuperar mais à frente. Após ter lido o que julgo necessário (sempre uma primeira leitura diagonal, seguida de outra rigorosa), é hora de escrever: pilhas e pilhas de livros e editor de texto. Sei que esta é a pior rotina de trabalho possível. Anotações, fichamentos e versões preliminares que darão suporte à final e outras estratégias são essenciais tanto ao bom andamento do trabalho quanto à própria higiene mental.
Nos cursos de metodologia que ministro sempre observo a necessidade de organização do trabalho, sobretudo em jornadas de maior fôlego, como a escrita de uma tese. Meu temperamento, contudo, após dezoito anos na vida acadêmica, é cada vez menos sistemático. Temo apenas que, um dia, caminhe rumo à anarquia.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eis aí questões que assombram todas e todos que têm como ofício a reflexão intelectual, seja ela acadêmica ou não. Embora provenha de uma família cuja leitura nunca foi um hábito, minha ruptura de trajetória, ou a superação daquilo que Bourdieu denominava como “causalidade do provável”, se deu por meio do autodidatismo em diversas competências e, sobretudo, através da leitura de ficção e de biografias – interesse este que, depois, se tornaria também profissional. Observo este aspecto para dizer que, apaixonado por autores como Dostoiévski, Melville, Mann, Faulkner, Steinbeck e tantos outros na adolescência, passei a tomar contato com outros seres excepcionais quando ingressei no curso de Ciências Sociais, como Weber, Marx e Durkheim num primeiro momento, para chegar em outros, como os que estudei ou estudo: Dahrendorf, Aron, Merquior e Bourdieu. Sempre digo que prefiro um autor (biografia) à uma obra, o que contém um certo grau de exagero, mas o fato é que nunca concebo, ou separo, a análise de um texto das condições sociais de sua produção, ou uma obra em particular da vida de seu autor.
Toda essa volta para dizer que sempre senti a “sombra” impertinente e ameaçadora destes grandes gênios (no sentido francês do termo) em relação a tudo o que escrevo, o que acaba por me trazer uma insegurança tremenda. Claro que nunca, jamais (o que seria ridículo) busquei me equiparar em algum nível com qualquer um deles, mas queria, ao menos, não “envergonhar” a herança de suas obras com as minhas análises limitadas, em especial tendo em vista os autores com os quais trabalhei por anos a fio e os quais li toda a obra.
Novamente em um grau infinitesimal, sentia algum alívio quando lia, por exemplo, que Aron tinha o mesmo sentimento em relação a Alain, Lévi-Strauss em relação a Dumézil e Oliver Sacks (outro de meus mestres) em relação a Alexander Luria. Aos poucos, e isso só vem com a maturidade, percebi que poderia fazer um trabalho honesto e o mais completo possível dadas as limitações pessoais e materiais de cada momento. Daí meus estudos que oscilam entre pensamento social, sociologia dos intelectuais e história das ideias, na tentativa de produzir (respeitados os limites citados) textos “de fôlego” que tentam cobrir, o melhor possível, aspectos biográficos, históricos, políticos, sociais e intelectuais. Tal projeto está, por suposto, em claro desacordo com as regras de “boa produção” vigente nas universidades. Talvez eu não seja um campeão de publicações, entre outros fatores, por isso.
Para não me estender mais na resposta, tendo observado tais questões, diria que a natural tendência à procrastinação deriva, de um lado, das facilidades e tentações da vida moderna, que convidam a tudo menos à concentração para produzir trabalho intelectual – afinal, hoje, só para ficar no âmbito da internet, temos blogs, canais digitais e uma infinidade de informações sobre assuntos aleatórios como aviões, trens, ônibus e outros meios de transporte que são, para mim, fixações -, e, de outro lado, da insegurança que sentimos quando precisamos escrever e que nos leva a procurar, quase instintivamente, rotas de fuga. Como não tenho dicas para fugir a estas tentações, indico a leitura do relato sagaz e encorajador de meu colega e amigo Gabriel Peters.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Para responder a estas questões gostaria de retomar a resposta anterior, e também os autores já citados. Raymond Aron, por exemplo, que escrevia tanto livros eruditos como artigos diários na imprensa francesa (não à toa publicou mais de 4 mil textos em vida), quase nunca revisava o que escrevia. A escrita vinha quase como iluminação, do que seus manuscritos são reflexo: salvo raras exceções, o texto nascia pronto, sem correções. Uma de suas obras, reza a lenda (verídica), pela necessidade de ser publicada no calor dos acontecimentos a que se referia (o maio de 68), foi ditada em poucas horas ao telefone.
Assim como Aron, Merquior também produzia seus textos de jornal em poucos minutos, às vezes no banco de um aeroporto, sem correções, e os manuscritos de suas obras, embora com correções e reparos, atestam a rapidez vertiginosa de sua escrita.
Outros grandes autores, entretanto, sofriam absurdamente com o processo de escrita e correção obsessiva dos originais. Aqui também para ficar nos exemplos já citados, Lévi-Strauss e Oliver Sacks deixavam seus editores malucos, sendo que este último praticamente os reescrevia a cada nova rodada de revisão.
De minha parte, questões estilísticas e gramaticais são aquelas que tomam mais o meu tempo e energia, pois reviso o texto muitas e muitas vezes. A estrutura conceitual e argumentativa, contudo, pouco muda. As editoras e (algumas) revistas acadêmicas contam com ótimos revisores e revisoras, a meu juízo indispensáveis para o último pente fino. Não raro, e de bom grado, acato a todas as sugestões, mesmo aquelas que modificam substancialmente a minha escrita, sem qualquer vaidade.
Não cultivo (também aqui…) o hábito saudável de submeter meus textos a leitores e leitoras competentes para extrair comentários que poderiam enriquecê-los. Os pontos já apontadores nas questões anteriores talvez expliquem parcialmente os motivos, já que sempre estamos com os prazos apertados – posto sermos procrastinadores inveterados. Por fim (porém nem sempre), pareceristas anônimos de editoras e revistas acadêmicas acrescentam muito ao texto com suas leituras e sugestões.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Não tenho qualquer problema com computadores ou tecnologias de forma geral. Escrevo diretamente via editor de texto, embora (sou conhecido por esse hábito) nas reuniões de pesquisa, bancas etc. eu prefira anotar à mão em meus caderninhos (também descartados ao final do ano), talvez por pura preguiça de carregar o computador para baixo e para cima. De novo cabe aqui uma breve elucubração: o editor de texto “convida” à não concentração, visto que a diversão está logo ali, no ícone do navegador. Talvez as gerações precedentes cultivassem com maior naturalidade, ou com menor angústia, hábitos regulares de escrita, apenas com papel e caneta à mão.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Tenho por princípio e por temperamento conceber a atividade intelectual-acadêmica como atividade não (obsessivamente) especializada, em especial no âmbito das Ciências Humanas. Por mais que reconheça a importância daquele ou daquela colega que domina o conceito X na obra de fulano de tal, o qual passou os últimos 30 aos estudando, ou aquela colega que é sumidade em determinado autor ou escola de pensamento, minhas inclinações de pesquisa e trabalho estão voltadas para diversos domínios. Embora seja sociólogo por formação e inclinação, e ainda que me interesse profissionalmente pelos assuntos que já citei, trabalho em um departamento de Ciências Sociais em uma Faculdade de Educação, em contextos bastante interdisciplinares. Entre temas de pesquisa, disciplinas ministradas, textos publicados e orientações, a gama de meus interesses é bastante plural e, em certo sentido, heterogênea.
Evidentemente que, devido às políticas deliberadas e de indução tanto da CAPES e do CNPq como dos órgãos de fomento nacionais e estaduais em direção à hiperespecialização do conhecimento, fico em flagrante desvantagem em relação a profissionais especializados e suas redes de contato, o que me traz alguns problemas quando, por exemplo, submeto projetos ou solicito bolsas para meus orientandos e orientandas, ou quando deixo de ser cogitado para reuniões científicas ou bancas, já que não me encaixo, a rigor e por completo, em nenhum tema em específico, embora transite por diversos deles.
Esse enorme preâmbulo, pelo qual me desculpo, ajuda a responder à pergunta pois mostra que somos atualmente quase que obrigados a leituras cada vez mais especializadas para dar conta de nossas obrigações, que envolvem não apenas ler ou escrever, mas preencher relatórios de produção, ter êxito no pedido de bolsas de pesquisa e diversos outros aspetos obrigatórios à vida de um funcionário das universidades públicas brasileiras. A ideia, ainda cultivada por alguns e algumas, segundo a qual a atividade como docente e pesquisador é livre e aberta ao diálogo produtivo com outras epistemologias e disciplinas, aparece cada vez mais com uma quimera.
Isto posto, tento manter minha atividade intelectual o menos refratário possível a outros campos do conhecimento, o que deriva em parte, como observado, de meu temperamento, mas também como estratégia consciente de tentar fazer um tipo de ciência atravessada por outros domínios do conhecimento. Por razões análogas, não reclamo para meus escritos qualquer filiação teórica ou linhagem cenceitual-interpretativa. Evidentemente, transito por determinadas tradições, bem como tenho meus autores prediletos. O que mais me espanta, contudo, é o apego encarniçado (às vezes quase religioso) de colegas e estudantes a determinados autores e conceitos.
Para manter a mente aberta, sigo com o meu regime de leituras (e releituras), que qualifico como onívoro. Quando não tenho leituras profissionais obrigatórias, me entrego à literatura ficcional, às biografias e às idiossincrasias em geral.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Como disse, não releio nada do que já publiquei, a não ser que seja incontornavelmente importante. Não é por superstição ou achar que o texto está perfeito e não merece retoques; na realidade, o motivo é exatamente o contrário. Os nossos textos são o que são como expressão de determinado momento de nossa vida e de nossa maturidade como intelectuais e seres humanos sensientes. Retomar um texto muitos anos depois representa um exercício de autoflagelo desnecessário, já que encontraremos nele lacunas, erros, leituras faltantes, pontos de vista que precisam ser revistos etc. etc e etc. Nossa tendência natural é ver antes aquilo que entendemos como defeitos que os possíveis méritos.
Ora, como poderia ser diferente? Em dez anos você leu muitas outras coisas, viveu inúmeras experiências intelectuais e mundanas, mudou (ou não) de visão política, conheceu outros conceitos e autores que trouxeram aquele sentimento de “caramba, como pude ser tão parcial? Como pude ser tão ingênuo? Como pude ser tão ignorante etc. etc. e etc.”
Em resumo, são dois os caminhos possíveis, a meu juízo: aventurar-se por reescrever tudo, fazendo correções, acréscimos, novas edições, novos prefácios, posfácios críticos ou congêneres (ou não fazer nada disso e viver amargurado); ou aceitar que o texto tem seu contexto e que expressa um momento específico de nossa carreira intelectual. Eu prefiro a segunda saída, pretensamente estoica. Concordo que as edições revistas são em alguns casos essenciais (algumas posfácios são novas obras…) e que poderíamos fazer uma longa lista, em poucos minutos, de obras fundamentais que devem sua posteridade e influência exatamente a estas revisões. Evidentemente, tais questões não se aplicam às minhas modestas publicações.
Agora em relação à minha tese e às mudanças no processo de escrita, não dá para falar no condicional o que eu diria a mim mesmo se pudesse voltar no tempo, já que há uma dezena de obras que eu sei hoje que poderia (ou deveria) ter utilizado na tese. Trata-se de um círculo infinito. Dizendo pontualmente, talvez economizasse nas notas de pé de página e no uso das vírgulas para finalidades estilísticas. Já o processo de escrita em si não mudou muito, pois sempre tentei fazer valer a seguinte célebre máxima de Merquior: “aquém do jargão e além do bordão”.
Um dos maiores crimes da sociologia contemporânea, donde vem muito de seu desinteresse, reside exatamente no seu jargão insuportavelmente estéril, coisa que, aliás, Merquior já criticava nas modas intelectuais parisienses reinantes à sua época. Às vezes fico atordoado ao ler um trabalho acadêmico que parece cifrado, permeado por uma “conceitologia” que expressa apenas e tão somente a necessidade, incentivada por orientadores líderes de paróquia, de o conceito dar conta da realidade e não o contrário.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria um dia de, caso goze de saúde, longevidade e maturidade para tal, escrever uma história intelectual das relações França e Brasil a partir do pós-segunda Guerra. Nesse âmbito estariam inscritas tanto a circulação intelectual das ideias em si como diversas outras modalidades de trocas recíprocas entre pesquisadores, estudantes, docentes e respectivos convênios e produções. Seria um projeto que englobaria aspectos ligados à sociologia da educação, à sociologia dos intelectuais e à história das ideias – este último flanco sob o enfoque bourdieusiano das condições sociais da circulação internacional das ideias. Também acalento a ideia, atualmente em curso, de estudar o conjunto da obra de Raymond Aron, autor a quem me dedico há algum tempo por meio de livros, artigos, projetos de pesquisa, disciplinas na pós-graduação e orientações. A mesma coisa para a obra de Bourdieu, autor a partir do qual me oriento para o oferecimento de disciplinas na graduação e pós-graduação na Unicamp.
Infelizmente, o livro que eu gostaria de ler e que ainda não existe jamais será escrito. Penso em Bourdieu, com sua imaginativa sociológica poderosa, refletindo sobre os inéditos mecanismos de distinção e dominação simbólica oriundos das novíssimas tecnologias digitais, em especial as redes sociais e suas possibilidades de sociabilidade, afetividade e ódio.