Viviane Ferreira Santiago é jornalista e escritora.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Habitualmente escrevo de madrugada, portanto, não costumo acordar cedo. Por volta das 10:00 da manhã levanto e tomo café. Café é indispensável para que meu dia siga um bom ritmo.
Escrever de madrugada é algo recente que precisei adotar com o período de isolamento, pois os cuidados com meu filho de quatro anos ficaram interinos para mim.
Está em meus planos para o próximo ano adotar uma rotina mais saudável.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Na parte da manhã. Mas consigo me adaptar quando necessário. Eu sempre espero alguns minutos antes de iniciar uma ideia ou dar continuidade a uma existente. Não gosto de entrar nas redes sociais antes de começar a escrever, gosto de me conectar comigo mesmo, acho que esses minutos inerte em frente ao computador me proporcionam esse estado.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo todos os dias, basicamente. Não tenho uma meta diária, mas me disciplino a produzir, mesmo que pouco, sempre.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Costumo desenvolver a ideia inicial dos livros mentalmente, deixo que ele nasça e amadureça por uns dias em mim. Dessa maneira, quando me sento para colocar a ideia no papel é como se ela já estivesse pronta, desejando ser escrita, acaba fluindo. Tenho maior dificuldade nos meios. O processo de pesquisa nunca para. Durante a produção da narrativa, ambos trabalham juntos do início ao fim.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Isso me incomoda muito. Estou sempre em luta pessoal para não permitir que outras coisas me impeçam de escrever. Esse ano em especial tive muitos momentos de produção insuficiente e dispersões propositais. Tento não me cobrar de maneira exagerada. O ano foi difícil e todos tivemos que nos readaptar. Trabalhar com projetos longos não me assusta. Pelo contrário, gosto muito.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Faço muitas revisões e nunca são o suficiente. A leitura de um texto pessoal por seguidas vezes cria uma película que nos impede de reconhecer erros, muitas vezes, banais. Após escrito e revisado duas vezes por mim, envio para um revisor fazer uma varredura inicial na obra. Depois mando para uma profissional de confiança fazer a leitura crítica. Após, novas revisões e adaptações deixo que o texto descanse por um período para que só semanas depois eu volte a examiná-lo.
Mas existe um momento que o livro precisa ser entregue.
Mesmo depois de publicado, sempre que lermos encontraremos passagens que podiam ser ditas de maneira mais adequada ou harmoniosa. Então acredito que buscar a perfeição manterá esse livro na gaveta por tanto tempo que nascerá uma distância palpável entre obra e autor. Algo que não devia acontecer.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo direto no computador, mas faço anotações manuais quando tenho uma ideia bacana e sinto que posso esquecer detalhes úteis se essas não forem devidamente anotadas.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Eu tenho uma mente extremamente criativa, desde a infância. Tenho muitas e constantes ideias. Minha luta é para manter o foco em uma só para não acabar tendo inúmeros projetos inacabados. Eu leio e assisto muitos filmes e séries.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Escrevo muito melhor agora, por todo um processo de amadurecimento. Por ter aprendido lendo outros autores, por ter estudado técnicas narrativas, literatura brasileira.
Eu diria a mim mesma que escrita não é dom, é vocação, nesse caso, deve ser trabalhada. Estude e aprenda técnicas, leia mais livros, muitos livros, principalmente os bons.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Desejo escrever um livro de suspense, que é algo fora de tudo que já produzi até aqui.
Quero ler meu livro de suspense, qual citei anteriormente.