Thiago Mendes é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Começo meu dia de maneira intensa. Acordo todos os dias as 4h, vou para a academia – onde minha esposa Fran e eu ficamos até as 5h. Medido, leio e vou para a Terra FM, onde as 7h já entro no ar onde permaneço até as 12h, as 12h30 já apresento o Jornal da Gazeta até as 13h30. Passo em casa, almoço e já corro para a Rádio Bandeirantes 820 AM onde fico no ar das 14h30 as 16h30. Geralmente escrevo após este horário.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu tento me manter focado o dia todo. Minha rotina é bem intensa e cada momento merece uma atenção muito particular. Quando paro para escrever, faço a mesma coisa. Não há ritual, a coisa vem, surge, acontece.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Para o público que me acompanha nas redes sociais é todos os dias, ou pelo menos deveria ser. As ideias surgem, paro e escrevo. Agora quando é pra sair um livro, há uma concentração mais específica, é como se eu passasse a viver aquele momento. Tento me desligar de todo o resto.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Vou aproveitando a paisagem pelo caminho. As ideias vão surgindo, vou pesquisando ao longo da estrada, encaixando as descobertas das pesquisas com as ideias.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Já houve momentos assim. Some, o prazo para o livro, a falta de ânimo, mas acho que ao longo do tempo vamos conseguindo enfrentar melhor essas travas. A gente vai seguindo a intuição e o coração sempre parece dizer: AGORA! E, bem, se estivermos certos – o livro acontece.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Nisso sou neuróticos e o “pior” é que após essas dezenas de releituras ainda passa alguma coisa. A verdade é que “quase morro” com isso. Esta é uma fase que merece muita atenção.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Não sou muito jovem, 36, mas já fui amadurecendo na virtualidade. Escrevo tudo no computador. À mão certamente nem eu entenderia depois já que a letra deixa bastante a desejar.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Como escritor esta deve ter sido a pergunta que mais me fizeram na vida e é uma das poucas – se não a única, que nunca fui capaz de responder. Eu não sei. Surge, acontece, rola. Gosto de gente, procuro me manter espiritualizado, tenho uma conexão muito forte com a minha família, com a minha fé, com constante, ininterrupta leitura, uma vida – o mais saudável que acredito poder, estas coisas todas devem ajudar. O resto é milagre, subjeção, metafísica, mistério.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O que mudou fui eu. Amadureci, tornei-me mais brando, amável, flexível, compreensivo. Se eu voltasse lá atrás certamente diria: “Onde é que eu estava com a cabeça”? Certamente eu precisava daquele para formar “este” e desde ainda precário para – com sorte e esforço – tornar-me melhor no futuro. Espero que minhas próximas versões sejam melhores que todas as demais.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Que pergunta boa, “Zé”. Não pular esta, mas me serviu muito para reflexão. Em breve prometo de responder na prática com o projeto do livro que ainda existe.