Thaïs de Mendonça Jorge é jornalista e professora da Faculdade de Comunicação da UnB.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Um bom café da manhã para mim é fundamental. Preciso de duas horas antes de sair de casa. Faço e tomo meu café lentamente, enquanto leio jornal.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Trabalho melhor à noite. O único ritual sagrado que existe na minha casa é o de assistir o Jornal Nacional. Proíbo até os mais íntimos de me ligarem durante o JN. É depois de ouvir o resumo das notícias do dia que gosto de sentar diante do computador e escrever. Geralmente faço isso até as 12h, uma da manhã.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Quando tenho um trabalho encomendado – por exemplo, um artigo para congresso ou revista -, escrevo todos os dias, disciplinadamente, até terminá-lo. Se estou escrevendo um livro (agora estou preparando um), escrevo quando tenho tempo ou quando um capítulo ou trecho de capítulo estão fazendo cócegas na cabeça.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Como todo trabalho de escrita, é difícil começar. Eu preciso ler todo o material coletado antes. Isso é válido para reportagens como para artigos ou livros. Se estou escrevendo o capítulo de um livro, preciso, da mesma forma, ler tudo o que separei sobre o assunto, antes de sentar para escrever. Às vezes, começo e paro para pensar, desço com o cachorro, e enquanto isso medito. Geralmente, quando volto desses passeios tenho algo já pronto para passar para o computador.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Procrastinação: geralmente encaro um trabalho tão logo ele é encomendado, para não atrasar e ganhar tempo; marco prazos para mim mesma. Medo: convenço-me de que estou escrevendo para mim e para a minha família; Ansiedade: não tenho esse tipo de ansiedade. Faço um pouco a cada dia.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Cerca de oito vezes, mas os capítulos do livro de ficção que estou escrevendo no momento são revistos e reescritos mais vezes. Este último livro pretendo mostrar para pessoas conhecidas do meu círculo de relações. Será meu primeiro livro não-científico, então estou bastante insegura.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
À mão só escrevo roteiro ou esquema do que vou redigir. Não faço rascunho.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Das histórias contadas pelas pessoas, do que vivi em minha vida de jornalista, da observação da realidade, das notícias.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Eu faria um roteiro mais preciso e teria mais interlocução com meu orientador. Na época, meu orientador estava fora do Brasil e era difícil falar.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quero escrever um livro infantil, ilustrado. E quero editá-lo, porque não acredito que vá encontrar editor para as minhas ideias.