Simone Campos é escritora, autora de A vez de morrer.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Primeiro que é raro eu acordar antes das 11h… então rotina matinal não faz sentido para mim.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Funciono melhor à tarde ou à noite. Ou de madrugada. Geralmente, assim que acordo, pego café e água e vou para o computador começar a trabalhar. Paro de tomar café às 19h para poder dormir relativamente “cedo” (duas da manhã, três).
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Sou obrigada por condições financeiras e de inspiração a partir meu dia em vários pedaços. Em cada um eu faço uma coisa, conforme os trabalhos que tenho — a maioria envolve escrever no computador. Atualmente, estou trabalhando em um quadrinho (em parceria com a ilustradora Amanda Paschoal), na minha tese de doutorado (Teoria Literária – UERJ) e em um romance policial. Também estou fazendo uma tradução. Minha meta é cumprir os prazos e entregar um texto bom, de qualidade. Dependendo da proximidade de cada prazo, priorizo uma ou outra coisa.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Quando olho para os trechos que escrevi e vejo que já dá para ligar os pontos, começo a ligá-los no processador de texto. É ótimo começar, difícil é concluir!
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Lido mal. Para não pirar, faço exercícios físicos regularmente, bebo água, dou passeios e me escoro um pouco na rotina (ter que fazer compras ou lavar louça). Tem várias outras técnicas para mim relaxantes, como ouvir música, fazer as próprias unhas, cozinhar, dormir bem. Converso com outros artistas em crise também. Aprendi a não temer demoras em projetos sem prazo que são importantes para mim.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não tem um número certo de revisões estipuladas… reviso até sentir que o texto está bom, cumprindo seu propósito, proporcionando uma experiência satisfatória do ponto de vista do leitor. Sendo assim, além de relê-lo muitas vezes, mostro a amigos que parecem especialmente propícios a ler aqueles textos. E ouço o feedback deles.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Primeiros rascunhos na minha cabeça e no caderninho, à caneta e letra cursiva – gosto de uma marca chamada Paperblanks. Depois passo para o processador de texto, Word mesmo. Em casos mais graves, apelo para o Scrivener, um processador de texto mais robusto, voltado para a composição de textos mais longos.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Leio coisas escritas por pessoas o mais diferentes possível. Ficção, não ficção, quadrinho… vejo filmes e seriados, jogo videogames… de vários gêneros. Enfim, o que vier e me parecer interessante eu traço.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar aos seus primeiros escritos?
Eu diria à Simone do primeiro livro: segura firme e vai nessa que vai dar tudo certo. Acho que agora posso olhar para trás e não temer tanto os percalços do processo de escrita, como procrastinação e ansiedade do projeto longo, porque já topei com tantos deles que já me sinto gata escaldada.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quando quero ler um livro e ele não existe, eu o escrevo. Eu comecei a criar um jogo eletrônico que tinha personagens inspiradas em algumas escritoras brasileiras, mas precisaria parar tudo para poder aprender a programar e fazê-lo direito.