Silvano Colli é escritor, graduado em TI e pós-graduado em Gestão e Administração Escolar.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho rotina, mesmo por que acho a rotina um tédio. Mesmo fazendo praticamente as mesmas tarefas todos os dias, costumo fazê-las de forma diferente. O que se repete é o horário de acordar: 6h20 com o despertar do celular. A partir daí a ordem das atividades se alternam, mas sempre tentando não deixar fugir o bom humor e cordialidade, pois acredito que ser chato ou ranzinza não vai tornar a vida de ninguém próximo a mim melhor e muito menos a minha.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Bem, para essa pergunta tenho duas respostas: como sou funcionário da Secretaria de Educação do DF, durante o dia foco minhas energias para desempenhar da melhor forma possível minhas atividades sempre tentando atender ao público de forma que todos fiquem satisfeitos, pois acho um absurdo quando chego em algum lugar e sou atendido de forma insatisfatória e até preguiçosa. Para mim é muito gratificante receber um sorriso ou um “muito obrigado” sincero de alguém que acabei de atender no meu serviço público, até mesmo por que é uma obrigação ser cordial e eficiente no serviço público. Quanto à segunda parte de minha resposta, para a literatura meu cérebro funciona melhor a noite. Eu me deito e normalmente parece surgir uma tempestade de ideias no meu cérebro, normalmente uma conversa ou algo inusitado que aconteceu durante o dia, até mesmo uma piada dá aquele estalo: “Essa dá uma boa história”. E é durante a noite que desenvolvo aquele estalo, mas sempre sem ritual, na maioria das vezes que começo a escrever, as ideias já estão na cabeça, porém algumas delas mudam completamente no exato momento que estou colocando-as no papel. Algumas vezes penso que irei escrever três páginas e quando me dou conta já passou de vinte.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não escrevo todos os dias, até mesmo por que esse é um hobby que faço com imenso prazer com a intenção de trazer prazer a outras pessoas. Então escrevo sempre que me dá vontade, o que acontece com frequência.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Como respondi anteriormente, escrevo por puro prazer de levar diversão aos leitores, logo meu processo se inicia de uma ideia que surge em uma conversa ou fato ocorrido durante o dia, um sonho ou um pensamento que não sei como surge no meu cérebro. E já que faço por prazer, nunca é difícil começar e quando começo as tramas vão fluido de tal forma que normalmente não sei que rumo vai tomar, já que novas ideias vão surgindo enquanto escrevo e não costumo fazer pesquisa já que a principal fonte de inspiração para minhas histórias é minha imaginação.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Quando surge alguma trava criativa em algo que estou escrevendo, isso não me estressa, eu simplesmente dou um tempo naquele projeto e algum tempo depois as travas se quebram sozinhas, pelo menos é essa a impressão que tenho, pois é o que tem acontecido. Quando ao medo de não corresponder às expectativas não me preocupo tanto, é óbvio que queremos que todos amem o que produzimos, afinal para nós escritores, nossos textos são criaturas amadas e adoraríamos se todos os amigos (no caso os leitores, já que considero meus leitores meus amigos) também amassem, mas sabemos que não se pode agradar a todos, então sei que alguns ou muitos não gostarão do que produzi, mas como escrevo com prazer fico sempre confiante que muitos também amarão meus “filhos”.
Quando a ansiedade para acabar um projeto longo, eu não tenho esse problema, visto que enquanto estou escrevendo estou me divertindo, e quem é que fica ansioso para acabar com a diversão? Eu não mesmo, afinal sou um tanto louco, mas não besta.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Muitas vezes (não tenho um número exato), pois quase sempre que releio encontro trechos que podem ser melhorados, acrescento ideias, mudo algumas e suprimo outras. Costumo dizer que a reescrita chega a ser tão importante quanto a escrita. Uma analogia a um filho: a escrita seria o nascimento que é essencial para o início da vida, e a reescrita é o cuidar para que ele esteja pronto para enfrentar o mundo, ou seja, são necessárias revisões para que nossos “filhos” estejam prontos para se apresentarem ao mundo.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Minha relação com a tecnologia é ótima, até mesmo por que sou graduado na área de TI e quanto aos meus primeiros rascunhos ficam na minha cabeça durante as noites e na primeira oportunidade de tempo disponível elas ganham materialidade nos arquivos de edição de textos. Se eu tivesse que escrever à mão seria complicado eu entender minha letra depois. Sabe a escrita de povos antigos, os hieróglifos? Pois é… trechos manuscritos por mim são praticamente um desafio de decodificação.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Até me antecipei a essa pergunta nas respostas anteriores, enfim… as ideias surgem de brincadeiras com amigos, fatos inusitados do dia a dia, de uma piada, sonhos e costumo dizer que até do além, pois algumas ideias vêm não sei de onde e tomam conta de meus pensamentos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Arrisco dizer que não mudou nada ou quase nada, pois comecei a escrever por prazer com o objetivo de trazer prazer a meus amigos e continuo a fazer da mesma forma e se eu tivesse que reescrever meus primeiros textos diria a mim: “Seu maluco, viaje na maionese e divirta-se como costuma fazer”.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Não sou um cara de muitos projetos, visto que tenho apenas um projeto desde que me entendo por gente, que é SER FELIZ sempre buscando o bom humor, afinal como diz um grande filósofo brasileiro chamado Mário Sérgio Cortela: “A vida é muito curta para ser pequena”. Logo, não vamos deixar que as mazelas da vida nos tire a alegria de viver, enfim sem fugir muito do foco da pergunta, sempre buscando a felicidade vou tentando aproveitar as oportunidades. No momento o meu grande sonho é que meu primeiro livro O Herdeiro Supremo seja levado para o cinema, visto que esse é o principal comentário de meus amigos leitores: “Esse livro daria um puta filme”. Ops! Acho que não pode falar puta aqui né? Então vou adaptar a linguagem… “Esse livro daria um filme fantástico”.
Quanto ao livro que eu gostaria de ler e ainda não existe, se eu descobrir irei escrever, pois foi exatamente o que fiz com meu primeiro livro que acabei de citar “O Herdeiro Supremo”. Meu filho queria um livro que fosse uma aventura em outra galáxia, com criaturas diferentes do que existe no nosso universo, magia, mistérios, aventura e um pouco de humor. Não encontrei para comprar então escrevi para ele.