Sérgio Xavier Filho é jornalista esportivo, comentarista do canal SporTV, autor de Boston. A Mais Longa das Maratonas.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não sou escritor em tempo integral. Sou um jornalista que também escreve livros. E os livros precisam entrar numa rotina que, muitas vezes, é um caos. Em resumo, escrevo quando encontro tempo.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
A primeira hora da manhã. Cabeça vazia, fresca, rende muito melhor. Acordar, tomar café e começar por volta de 8h é o mundo perfeito.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
A meta é importante, ao menos para mim. Sem ela, tendo a fugir da responsabilidade. Minha rotina de jornalismo é caótica. Trabalho muito em determinados dias e pouco em outros. Nessas ocasiões, estabeleço metas mais ousadas. E aí o trabalho rende.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Um pouco mais de caos nisso também. Escrevo sem ter tudo na mão. E deixo o famoso “xxx” pra completar depois. Tento buscar primeiro o ritmo da narrativa e depois arredondo. Fundamental é pensar num esqueleto do livro, determinar as divisões de capítulos, pensar nas emendas entre eles. Quando visualizo um bom esqueleto sei que é mais de meio caminho andado.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Ah, lido mal. Procrastinação, maldição que me persegue. Cedo à tentação, perco tempo e me arrependo. E depois corro para compensar o atraso, cheio de culpa.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Acho importante deixar sempre o texto dormir em paz. Escrever e não revisar. No dia seguinte, já fermentado, o texto parece outro. Enxergo melhor os defeitos. Aqui mexo muito. A segunda revisão já é mais de minúcias. E tento uma terceira. Não sou de compartilhar muito o que escrevo. A não ser com o editor. Preciso confiar nele. Tenho tido sorte nisso, peguei bons editores pela vida.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Sempre digitando. E ultimamente, em iPad. Tenho um teclado separado, tudo muito leve. Adoro a leveza do equipamento e pago o preço pela falta de recursos dele.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Sou um jornalista contador de histórias. Não faço ficção. Meu desafio é escolher a forma de contar essas histórias.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar aos seus primeiros escritos?
O processo mudou pouco. Mudou minha bagagem, aumentou com a experiência. E a facilidade absurda para pesquisar qualquer assunto com o Google facilita para inter-relacionar histórias.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho uma biografia para escrever. De um personagem arisco. Já colhi algumas histórias, preciso achar outras. Não posso ainda falar sobre o tema, mas é pra ser o meu grande projeto. É o livro que eu queria ler e ainda não existe.