Sergio Mello é poeta e dramaturgo.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho tido uma rotina de escrita.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
As manhãs, para mim, são sempre melhores para a escrita. Mas me deixe só esclarecer uma coisa: não considero a poesia e o teatro, que são os dois únicos gêneros em que atuo na literatura, como um trabalho.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo diariamente. Sou roteirista, sobrevivo fazendo roteiros há mais de 20 anos.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Às vezes sim, outras não; não há uma regra.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Travas existem e eu as respeito, espero. Já medos, isso não existe. Não tenho medo de não corresponder expectativa de ninguém, eu escrevo para mim mesmo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso meus textos enquanto os escrevo. Depois de prontos, dou uma última revisada no todo, no conjunto. Não tenho o hábito de mostrar a ninguém durante o processo, só depois que a coisa vai tomar forma de um livro (poesia) ou de um espetáculo (teatro), daí mostro aos envolvidos.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Tudo no computador. A não ser que surja alguma ideia curta e eu esteja longe da máquina. Quando isso acontece anoto em algum pedaço de papel e guardo.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Se eu soubesse aonde ir para buscar ideias novas ou inspiração, iria a esse lugar diariamente. Não acredito em hábitos para se manter criativo, e sim em um tempo necessário entre uma obra e outra. Acredito em algo mais físico, interno, não externo.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Com o tempo a gente vai melhorando, vai apurando a linguagem. Não gosto dos meus primeiros textos.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Estou com uma nova peça inteira na cabeça – alguns trechos e linhas de raciocínio anotados em um pequeno caderno –, mas ainda não consegui, por falta de tempo, sentar para escrevê-la. Uma hora a coisa flui, não tenho pressa.