Sergio Leo é escritor, jornalista e artista plástico.

Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Não é questão de preferência, mas de contingência. Organizo meus planos conforme o tempo que os compromissos (free lancers em jornalismo, consultorias) me deixam…
Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
O mais difícil é começar. Até lá, fico fazendo anotações.
Você segue uma rotina quando está escrevendo um livro? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para escrever?
Silêncio, nem sempre; mas é bom, rendo mais à noite, por isso. Me acostumei a escrever sempre em meu escritório, em casa. Gostaria de respeitar uma rotina…
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? O que você faz quando se sente travado?
Já pensei em pesquisar e treinar técnicas para lidar com a procrastinação, mas sempre deixo para depois…. Quando me sinto travado… eu travo. E busco distração.
Qual dos seus textos deu mais trabalho para ser escrito? E qual você mais se orgulha de ter feito?
O ultimo, sempre. Meu maior orgulho, atualmente, é o conto “Tarzan, Filho do Alfaiate”, para a coletânea “Conversa de Botequim”, organizada por Marcelo Moutinho e Henrique Rodrigues para a editora Mórula. Porque penso que realizei exatamente o que tinha em mente ao começar o conto, e, ainda assim, me surpreendi com o resultado.
Como você escolhe os temas para seus livros? Você mantém um leitor ideal em mente enquanto escreve?
Cada um atende a uma demanda particular. De um tema com que esbarrei e me interessou ao desejo de tratar de questões que me cativam há tempos…
Escrevo para um leitor, como eu, que aprecie o esforço de fugir ao convencional, seja nas escolhas do texto, seja no enredo, seja na representação da realidade.
Em que ponto você se sente à vontade para mostrar seus rascunhos para outras pessoas? Quem são as primeiras pessoas a ler seus manuscritos antes de eles seguirem para publicação?
Raramente mostro os rascunhos, embora não tenha nenhum preconceito contra fazê-lo. É que tenho receio de incomodar os amigos. Em geral, as primeiras pessoas a ler meus manuscritos são aquelas que os encomendaram, ou jurados de algum prêmio literário.
Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita? O que você gostaria de ter ouvido quando começou e ninguém te contou?
Na infância, lendo crônicas e recebendo elogios pelas redações na escola, decidi que queria escrever; mas ainda não tinha ideia de me tornar escritor. Acabei indo estudar jornalismo, aos 17 anos, pela vontade em trabalhar com textos e criação. Vejo esse ofício como algo tão ligado às idiossincrasias de cada escritor que não creio que exista um conselho mágico, revelador, capaz de facilitar o processo. O que eu gostaria mesmo de ter ouvido quando eu comecei é: “quer assinar um contrato com minha editora?”
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Algum autor influenciou você mais do que outros?
Ainda me pergunto se tenho estilo próprio, ou me metamorfoseio conforme o texto, aproveitando influências. Sobre elas, as influências, não tenho um autor único a indicar como referência para o que escrevo; estou sempre buscando soluções e sugestões nas leituras que faço. De Machado de Assis e Eça de Queirós a Onetti e Kafka, de cada um roubo um pouco.
Que livro você mais tem recomendado para as outras pessoas?
Varia conforme a época. Sempre recomendo que leiam César Aira, escritor argentino que deveria ser mais conhecido no Brasil. Já recomendei muito “Um Defeito de Cor”, por exemplo, pela qualidade do relato sobre a história de vidas negras no Brasil. Hoje recomendo vários livros de amigos escritores, conforme o leitor em foco; e livros de não ficção, como “Sociedade do Cansaço” para amigos lidarem com o mal estar atual na cultura e na civilização…