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Como escreve Rui Dias Monteiro

22 de setembro de 2020 by José Nunes

Rui Dias Monteiro é artista visual.

Crédito: Manuel Luís Cochofel

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?

Tomo um bom café da manhã, saio para caminhar, treino e começo a trabalhar. Esse arranque, mesmo que seja lento, para mim é fundamental.

Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?

Antes das refeições. Tendo a encaixar blocos produtivos de 2 horas antes das refeições. Sigo o fluxo do dia. A única preparação que faço, é ir mantendo a mesa sempre arrumada.

Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?

Não tenho meta. Faço o melhor possível. Se for apenas um verso ou anotação, tudo bem. Preciso é sentir que a rotina do dia foi gostosa.

Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?

Vou escrevendo um pouco todos os dias e em vários possíveis projetos. Quando sinto que algum está a entrar num conjunto final, ou tenho um prazo, fico focado nele por umas semanas.

Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?

Vou fazer outra coisa. Não consigo é ficar parado.

Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?

Imprimo e fico semanas a ler e reler para ajustar. Depois mostro a pessoas que amo e admiro para conversar e saber de gralhas ou questões de entendimento.

Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?

Primeiro escrevo e desenho à mão, sempre que possível com lápis de cor, embora não apague, risco muito. Passar a computador é algo que só faço para os ajustes finais.

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?

A minhas ideias vêm do dia a dia, misturadas com o imaginário e medos antigos da infância. Quanto aos hábitos para me manter criativo, além da gestão tranquila de casa e ateliê, leio, vou ao cinema, a exposições, e estou com pessoas de que gosto.

O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?

Sinto que para mim as duas perguntas estão relacionadas. Tenho aceitado cada vez mais a mistura entre as várias disciplinas em que me interessa criar: desenho, escrita e fotografia. Seria ótimo não ter demorado alguns anos a ganhar essa confiança. Mas talvez faça parte.

Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?

Um romance histórico de ficção científica. E como livro que não existe, seria tentador passar a eternidade a ler as memórias dos mortos.

* Entrevista publicada originalmente em 22 de setembro de 2020, no comoeuescrevo.com (@comoeuescrevo).

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o autor

José Nunes (@comoeuescrevo) é doutor em direito pela Universidade de Brasília.

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