Roman Schossig é escritor e professor de História, autor de O Olho do Céu, O Reino Dourado: Em Nome de Fanom e A Fenda.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Acordo às 6h, e em dez minutos estou pronto. Caminho então uns 30 minutos até o ponto onde pego o ônibus para a escola em que leciono.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Para minha profissão creio que seja de manhã e de tarde. Já no caso da escrita, isso varia bastante. Houve um tempo em que minha escrita rendia mais de manhã, em outras épocas é de noite… Varia. Quanto ao ritual, como sou agitado, costumo caminhar antes, e às vezes até durante a escrita, assim gasto a energia e as ideias começam a fluir e se organizar. Depois sento defronte ao computador, coloco alguma música e muitas vezes estou bebendo alguma coisa (geralmente refrigerante).
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu queria ser mais metódico, ter uma rotina mais rígida para a escrita… Mas infelizmente não é assim que meu processo criativo funciona, então tendo a escrever em períodos concentrados, e depois fico um bom tempo sem escrever.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Quando elaboro um projeto, começo por escrever esquemas à mão num caderninho, como tópicos a serem desenvolvidos (personagens, tramas, cenas). A partir deste ponto, reunindo todos os esboços e esquemas, vou dando corpo ao texto. Mas nem sempre é tão fácil quanto parece.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Pois então. É a isso que me referia. A trava na escrita é a pedra no sapato de muito escritor, e eu não podia ficar de fora. Acontece e, nestes casos, primeiro tento reler e me inspirar em outras fontes. Se não funciona, o jeito é encostar o projeto por um tempo, dedicar-me a outros textos, e depois retomar.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Várias vezes, e para mim ele nunca está pronto. Sempre que o reviso, mudo alguma coisa, coitados dos meus editores, que geralmente são também meus leitores beta.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
A tecnologia me ajuda bastante. Como já citei antes, na maioria das vezes eu começo com esquemas feitos à mão. Mas quando o enredo fica mais complexo, repleto de personagens e reviravoltas, acabo criando uma tabela no computador para servir de auxílio na hora da escrita. Ali faço registro dos personagens, momento em que aparecem pela primeira vez e seu possível destino.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Sempre gostei de coisas que lidam com a imaginação. Leitura, filmes, jogos eletrônicos ou de RPG, tudo isso me ajuda a manter a mente familiarizada com o processo criativo. Minhas viagens – sou mochileiro ocasional – também me ajudam na elaboração de cenários, personagens, tramas e até escrita, pois sempre componho um relato da viagem.
Meu trabalho acaba colaborando indiretamente, pois sou professor de História, e uma escola costuma ser uma grande oficina de personagens.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Difícil dizer. Por mais que o escritor sinta sua maturidade chegando aos textos, tanto na forma quanto no conteúdo, cada fase é importante para seu desenvolvimento. No começo eu não elaborava os esquemas, apenas escrevia o que vinha à mente, e os textos costumavam ser intensos e hiperbólicos em todos os aspectos. Hoje meu processo é um pouco mais organizado, e minha escrita ficou mais direta. mas acho que aquela fase foi importante.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Projeto eu tenho vários, mas, no que tange à escrita, acabo confessando meu lado supersticioso: se eu contar, não acontece.