Rogerio Andrade Barbosa é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Acordo por volta das 6 horas todos os dias, inclusive fins de semana. Preparo café e depois faço 30 minutos de ginástica na sala, enquanto escuto o noticiário na tv. Depois vejo e respondo mensagens no facebook e e-mails. Só então é que começo a trabalhar na história que eu esteja escrevendo no momento.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Funciono melhor de manhã. De tarde, depois de uma soneca. E, à noite, basicamente pra fazer releituras e revisões.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Todos os dias só quando uma história já esteja encaminhada, sem estabelecer metas, num ritmo entre duas e cinco páginas diárias. Lembrando que sou um autor de literatura infanto-juvenil. Portanto, meus livros maiores, alcançam, no máximo, 120 páginas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu parto de uma ideia, que pode surgir de uma notícia de jornal, de um filme, de um livro e, também, das viagens e pesquisas que faço pelo mundo afora. Principalmente no Continente Africano, fonte de boa parte das minhas histórias. Meu grande sonho desde menino, inspirado por A Volta ao Mundo em 80 Dias de Julio Verne, era viajar pelos cinco continentes. Um sonho realizado. Retomando a conversa: Portanto, é a partir de uma curta sinopse, baseada numa ampla pesquisa anterior, que eu começo a escrever.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Se eu consigo fazer a primeira página, sigo adiante tranquilamente, pois como escrevo para um público jovem, tenho de agarrá-lo literalmente na primeira página. A partir daí, não sofro com bloqueios ou travas algumas. Afinal são 30 anos de carreira e mais de 100 livros publicados.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Escrevo e reescrevo cada página várias vezes. Gasto muito papel, pois prefiro fazer as correções em folhas impressas. Sim, sempre mostro o original pra alguém. Gosto, em especial, de um olhar feminino.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo direto no computador, mas faço também rascunhos e anotações em cadernos, blocos e cadernetas. Sempre tenho uma caderneta comigo quando viajo. Guardo diários de todas as viagens que fiz. E eles, logicamente, me fornecem um bom material.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Leituras, viagens e filmes me dão muitas ideias. Entrevistas e recolhas também. Já percorri todo o rio São Francisco recolhendo histórias com crianças ribeirinhas. E nos últimos dez anos percorri diversos países africanos, visitando escolas e colhendo histórias da boca das próprias crianças. Não gravo e nem filmo. Prefiro fazer anotações e perguntas.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
A minha escrita, obviamente, com o passar dos anos foi se aperfeiçoando. Se pudesse voltar aos meus primeiros textos, usaria mais sinônimos, inseriria mais diálogos e evitaria usar gírias, pois elas são passageiras.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Não tenho metas. Aprendi que as ideias surgem naturalmente. Às vezes, quando termino um livro, já tenho um quase pronto na cabeça. Ou então, dou um tempo. Logo, logo, estarei escrevendo de novo.