Rita Coruripe é escritora por paixão e atrevimento.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Durmo pouco, raramente tenho mais de 6 horas de sono, e acordo muito cedo por causa do trabalho, antes de levantar dou uma conferida no celular, tomo banho, a roupa já está previamente separada, prepara algo para comer no trabalho e saio de casa por volta das 6h, retornando somente a noite, pelo menos uma vez por semana tenho reuniões ou ensaios com os grupos literários que faço parte.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Sou notívaga, a noite me inspira, não sigo nenhum ritual, porém gosto do silêncio para escrever, necessito estar concentrada nas palavras que são deitadas no papel, ah, uma coisa que não abro mão é do manuscrito, não consigo escrever direto no computador, preciso sentir a caneta deslizar no papel, sentir o que escrevo, caso contrário, não sinto que o texto é meu.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Tenho muito cuidado para não “burocratizar” a minha escrita, quero-a livre assim como os textos que escrevo, tenho cuidado com a gramática, procuro escolher palavras que expressem o que eu quero dizer de forma leve e objetiva, não estipulo metas, não sou eu quem determina o tempo das palavras, elas tem liberdade para chegarem quando se sentirem prontas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Como falei anteriormente, não me preocupo em produzir, eu escrevo quando me sinto a vontade para isso, em algumas ocasiões as ideias chegam quando estou ocupada e não posso dar a devida atenção a elas, então eu seleciono tópicos, os escrevo e quando possível desenvolvo o texto.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Tem períodos em que bate uma preguiça de escrever que eu não consigo de forma alguma desenvolver nada, as ideias chegam, mas eu escolho deixar passar. Quanto ao medo de não atender às expectativas, seria leviano dizer que não existe, eu escrevo desde que comecei a ler, mas sempre escrevi para mim, guardei em gavetas, queimei, coloquei em garrafas e joguei no mar (me arrependo pelo crime ambiental, na época só pensei que precisava me livrar do que escrevi, eram textos muito particulares e eu não queria de forma alguma que alguém tivesse acesso a eles) já escrevi em balões e soltei ao vento, me agradava imaginar onde as minhas palavras iriam parar e se alguém prestaria atenção a elas. Em uma reforma no banheiro de minha antiga casa, coloquei muitos textos nas brechas dos tijolos, e quando a reforma ficou pronta, e os textos foram aprisionados pelo revestimento cerâmico, fiquei com uma sensação de imortalidade que não saberia explicar quão prazerosa foi. A decisão de tornar público os meus “devaneios” chegou em um momento de tristeza em minha vida, foi a minha filha mais nova que disse que eu escrevesse para me livrar do que me machucava, então criei a página Mundo de Retalhos no facebook, com muito receio de como os textos seriam recebidos, foi uma grata surpresa a boa receptividade que a página teve, a partir dai recebi convites para participar de grupos literários, entrevistas de rádio e tv, feiras literárias, saraus e eventos culturais diversos. Sou publicada em 6 antologias, o primeiro livro solo está pronto, faltando alguns detalhes para ser publicado.
Tenho alguns projetos que estão em fase de “pesquisa” e pretendo colocar em prática o quanto antes.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Geralmente eu mostro para que seja revisado, e também para pedir opinião, mexo muito em tudo que escrevo, tem horas que digo “vai assim mesmo” caso contrário não publico nada.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Não abro mão do manuscrito rs acho impessoal demais escrever direto no computador, mas tenho consciência da importância da tecnologia na rotina de quem escreve, não tenho muita facilidade, mas “me viro” com o básico.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
A maior parte dos meus textos são memórias de momentos que vivi com meus familiares, relatos que ouço de pessoas conhecidas, o que vejo e ouço na rua, gosto de abordar o cotidiano. Para me manter ativa leio.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Ao ler meus textos antigos, é notável que hoje, tenho um cuidado maior com o desenvolvimento, com a escolha das palavras e com os temas, mas é natural que com o passar dos anos e com a prática, as coisas se aprimorem, e digo mais, eu não ainda não estou escrevendo como quero, estou buscando uma escrita mais objetiva e limpa, sem excesso de palavras, para não ser cansativo para o leitor. “To” na luta, espero conseguir ir melhorando.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu quero muito fazer uma peça teatral com meus textos e também de outros autores, algo bem dramático, para revirar o âmago da plateia, desejo também desenvolver algo que estimule crianças o interesse de crianças e jovens por livros. Devagar vou plantando as sementinhas com muita esperança de vê-las florescer. rs