Renan Messias é geógrafo e escritor, autor de “Personagem” e “As pegadas de Joana”.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Durante muito tempo minhas manhãs foram muito turbulentas: escola, cursinho e trabalho. Hoje, com essa Pandemia, meus dias estão mais tranquilos, na medida do possível.
Tenho trabalhado e estudado em casa, então acabo me organizando e regulando melhor meu tempo e vida. Gosto de acordar sem despertadores, tento sempre dar autonomia ao meu relógio biológico, e isso é mágico.
Sem ter obrigações matinais, geralmente acordo por volta das 9h. Gosto de tomar café (de preferência fraco e doce), ler e regar as plantas que tenho em casa.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
O melhor horário para eu me concentrar é pela manhã. Sinto que minha mente está mais vazia e limpa para eu poder desenvolver melhor meus estudos e trabalho. Porém, meu rendimento, sobretudo na escrita, é melhor pelas noites. Acredito que durante todo o dia meu cérebro é carregado de ideias e experiências que, ao anoitecer, consigo descarregar em meus escritos.
Não tenho um ritual específico de escrita, porém gosto de escrever tomando água ou café e, antes de escrever, seguir um roteiro que já tenho pronto para os livros.
Geralmente tenho tudo arquitetado sobre o que acontece em cada capítulo (no caso dos romances), ou sobre quais temáticas vou abordar em meus poemas.
Apesar de tudo, sempre que a inspiração vem, eu a deixo fluir e ultrapassar as barreiras já elaboradas e pensadas previamente.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não, e não ter essa meta de escrita diária é uma falha minha como bom virginiano que sou. Acredito que, quando eu terminar a faculdade, terei mais tempo para eu poder me dedicar à escrita e estabelecer metas.
Por eu estar nessa vida turbulenta de faculdade e trabalho, os momentos em que escrevo mais são quando estou em férias.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu gosto de estudar muito antes de escrever, porém, vou moldando a própria escrita de acordo com a evolução da mesma. Por exemplo, escrevo um capítulo, leio e o reviso. Nessa revisão eu já consigo identificar furos ou gatilhos frágeis na narrativa. Tão logo, eu volto para o estudo para consertar os erros.
Na poesia eu sigo o mesmo esquema.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu não costumo ter problemas com isso, apesar de conviver com muita procrastinação. Mas não me cobro muito em relação a produtividade, tenho, apenas, um compromisso comigo mesmo de lançar, ao menos, um escrito por ano, seja livro ou participação de antologias literárias. (Isso tem dado certo desde 2017).
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Confesso que não reviso muito, apenas uma ou duas vezes. Tenho medo de ser tão rigoroso comigo mesmo e fazer igual ao Eça de Queirós que, de tanto revisar seus livros, não viveu para ver a publicação de A Cidade e as Serras.
Gosto de compartilhar meus escritos antes de publicá-los apenas com pessoas próximas. Hoje tenho dois leitores Betas que me ajudam demais!!
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu sou super adaptável, então minha relação com a tecnologia é saudável. Não sou daqueles que sabem usar todas as ferramentas do Word, mas as que conheço, uso e abuso delas.
Por eu ser assistente editorial do Grupo Editorial Hope, tenho muito contato com diversos textos e formatos para trabalhar com os mesmos. Tão logo, isso faz com que eu tenha, cada vez mais, proximidade com a tecnologia.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Acho que as ideias se materializam de acordo com suas experiências vividas, imaginadas e sonhadas. É como se fosse um combo de tudo aquilo que você viveu ou desejou viver agregando seus interesses. Comigo é um mix de tudo isso.
Ler, ouvir músicas e assistir filmes, séries e documentários aguçam demais minha criatividade. Além desses principais fatores, o estudo e a concepção de paisagens ajudam demais no fornecimento de gatilhos para minha escrita.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acho que maturidade e qualidade. Minha escrita em 2017, quando lancei meu primeiro conto numa antologia literária, era muito crua e sem grandes brilhos. Não sei se hoje ela brilha, mas pela recepção dos leitores que acompanham meu desenvolvimento, ela tem melhorado!
Se eu pudesse voltar no tempo e dar conselhos ao Renan daquela época, eu diria a ele para não ter preguiça e acreditar em suas histórias. (Além de gastar um bom tempo na revisão)
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Essa pergunta é genial! Sobre projetos, quero planejar um livro que trate da questão agrária brasileira pela poesia. Quero muito fazer isso! Nesse momento estou me dedicando aos estudos e colhendo uma bagagem para poder me aventurar nessa área que me fascina tanto que é a da geografia agrária.
Para terminar, quero muito ler minha monografia de conclusão do meu curso de graduação. Está ficando linda, mas não vejo a hora de concluí-la!