Raick Tavares é escritor, apresentador de rádio, colunista literário e roteirista.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Geralmente meu dia começa depois do meio dia. Como eu trabalho em uma rádio à noite, durmo todos os dias muito tarde. Minha rotina fica em torno de me atualizar sobre o que se passa no país, tomar café e olharo e-mail.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Estou trabalhando muito durante a madrugada e na parte da tarde. Eu sigo um ritual de sempre ouvir musica clássica ou folk enquanto escrevo.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu escrevo todos os dias, se não estou trabalhando em um romance, escrevo algo para minhas redes sociais, meu site ou para a revista onde sou colunista. Procuro manter o trabalho em dia para não perder o ritmo.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Primeiro pesquiso sobre o assunto que quero abordar como tema no livro. Faço um storyline da minha estória, conheço bem o personagem e planejo um roteiro para definir a escaleta de cenas do livro. Depois dessa seqüência de etapas, defino bem qual o ponto de vista, o número de palavras que vou escrever para o livro e o número de páginas por cada capítulo. E aí sim, começo realmente a escrever, que pode durar de 3 a 4 meses para concluir.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu lido muito mal, tento passar por cima da procrastinação, e por isso tenho tudo pronto em mãos, para quando ela chegar eu não parar. Odeio essa idéia de bloqueio criativo, mas é impossível dominá-lo. (rs) Atualmente o que mais procuro é não criar expectativas sobre um projeto. Deixo fluir até chegar seu fim, sem pensar muito no depois e na recepção.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu não tenho um número certo de revisão, mas o aconselhável é que seja pelo menos cinco versões. Sempre quando termino um texto, a primeira pessoa que lê é a minha esposa. Ela não lê como a esposa, ela lê como uma crítica do meu trabalho. Como eu tenho dislexia, ela da uma limpada nos erros grotescos e me ajuda com os ajustes de cena. Esse tipo de trabalho em conjunto causa discussões longas sobre o livro em questão. Atualmente conto com outras leituras fora, para deixar o texto ainda mais atrativo ao leitor e fico muito atento às sugestões.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu gosto muito de roteirizar as cenas dos livros no papel. Para escrever trabalhos longos uso sempre o meu note, mas quando quero escrever algo curto volto para a caneta.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Eu sempre digo que o escritor deve ser um observador. Eu converso com pessoas o tempo inteiro e, como comunicador de rádio, tenho um acesso muito grande a vários ambientes. O constante contato com pessoas acaba inspirando um personagem ou uma fala. Por isso ando sempre com meu caderno de rascunhos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Mudou a forma de como vejo o meu oficio em primeiro lugar. Amadureci a escrita e tirei o lado romântico. Não que o tenha banido, mas escrevo com mais ritmo, pensando sempre em instigar o leitor. Eu diria para meu eu do passado: Estude escrita criativa antes de começar, entenda o mercado do livro no Brasil e não pague para publicar.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu tenho uma infinidade de ideias:peças de tetro que quero escrever, roteirizar um curta e um longa. Quero muito escrever um livro que estou planejando a 3 anos, mas ainda não me sinto preparado para por tudo na tela do note.
Eu não tenho ideia desse livro. (risos)