Rafael F. Carvalho é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sim, acordo e vou fazer um café. Depois que aprendi (finalmente) a fazer café, as manhãs são de bom humor…
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Toda a hora. Não tenho horário melhor para nada. Não, sento e escrevo.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Nada. Escrevo quando me dá vontade. Penso que o ato de escrever não carrega em si nenhuma mística, nenhum misticismo. Escrever é simples e direto. O escritor, o poeta, o romancista, contista, não são seres diferentes de ninguém. Tenho preguiça de quem acha a escrita um processo misterioso, enigmático, parece uma espécie de masturbação…
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Tenho uma ideia, sento e escrevo. Simples assim, sem dificuldades para começar. Não vejo esse movimento, da pesquisa para a escrita. Tenho a cisma e registro.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Como disse, escrevo quando me dá vontade, e tudo bem. Não me cobro, não me obrigo, deixo simplesmente a vontade de escrever vir… e escrevo sem misticismo, sem distância.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Várias vezes. Deixo o texto na área de trabalho e vou abrindo-o várias vezes até achar que chegou naquilo que eu queria dizer. Às vezes o processo é rápido, às vezes é lento, mas não me importo. Sim, mando para algumas. E quando elas respondem, presto muita atenção naquilo que me dizem, pois podem ter impressões que não tive, e esse processo é muito valioso.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo sempre no computador, sempre. Só escrevo no papel quando não estou em casa ou quando acaba a bateria do celular. Das duas formas, papel e celular, são posteriormente transpostas para o computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Não, nenhum. Hábito só de ler (mesmo lendo pouco ultimamente). É a prática de muitos, muitos anos escrevendo uma forma de texto. Já firmei um jeito de escrever e me sinto confortável assim.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Com certeza. Os anos passam, as leituras se sucedem, vai aprimorando-se a escrita com a prática. Com as leituras de crônicas passei a observar mais os detalhes, os gestos das pessoas, aquilo que nos cerca, seja apenas um simples ramo de mato que cresce no pé do poste.
Acho que nada. O tempo foi a melhor resposta para esse processo de amadurecimento literário.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Escrever e encenar um monólogo.
Livros que contem os anos de formação de diversos autores e autoras.