Priscila Dorella é professora de História das Américas na Universidade Federal de Viçosa.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Começo o meu dia tomando café e empenhada em realizar bem as minhas atividades, mas reconheço que é difícil fazer tudo diariamente da mesma forma quando se tem que conciliar ensino, pesquisa e extensão na universidade pública.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Trabalho melhor de manhã. E não tenho ritual de preparação para a escrita.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho disciplina para escrever. Há períodos em que escrevo todos os dias, outros em que não escrevo nada e outros em que só escrevo movida por tarefas muito específicas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Preciso ler muito, fazer inúmeras anotações e esboços para começar a escrever. O processo é difícil, não é natural e envolve muito esforço. Só depois que terminei o doutorado entendi melhor os caminhos da pesquisa e senti satisfação com a escrita. Não paro de pesquisar nos períodos em que escrevo porque sempre surge uma questão que me induz a voltar para os livros e a recomeçar o texto.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não responder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Estou aprendendo a lidar melhor com tudo isso. Vivia com medo de errar e isso sempre me atrapalhava a aprender. Agora entendo claramente que o erro é parte do aprendizado e isso me permite escrever melhor, conhecer mais e valorizar os meus avanços.
Quantas vezes você revisa os seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra os seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso muitas vezes os meus textos e sempre que dá tempo compartilho com os meus amigos. Eles me mostram alguns aspectos do texto que não tinha visto e com isso eu aprendo a contornar as minhas distrações e a fortalecer alguns argumentos para aprimorar o meu trabalho.
Qual é a sua relação com a tecnologia? Você escreve os seus rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo rascunhos à mão e no computador. Procuro fazer o possível para ter uma relação saudável com a tecnologia sem ficar o tempo todo conectada. Acredito que a tecnologia em si não é boa e nem ruim, depende do modo como a gente a usa.
De onde vêm as suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
As minhas ideias surgem do meu interesse pela vida. Tenho interesse por arte, ecologia, política, história, etc. Tudo isso fomenta a minha imaginação e permite que eu siga aprendendo.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita da sua tese?
Não sei ao certo. Sinto que com o passar dos anos adquiri mais paciência e atenção, e essa mudança me levou a ter um maior cuidado com as palavras. Se eu pudesse voltar à escrita da minha tese, é claro que escreveria de novo porque já não sou mais a mesma. Mas desejar isso é também negar o que fiz ou quem eu era. E isso não me interessa, porque dentro daquelas circunstancias fiz o melhor que consegui. Pode ser que eu mude de ideia e queira rescrever o que já foi feito, mas agora prefiro concentrar as minhas energias para os novos desafios.
Que projeto você gostaria de fazer mais ainda não começou? Que livro você gostaria de ler mas ele ainda não existe?
Estou no pós-doutorado em Berkeley e penso apenas em trabalhar bem com a minha pesquisa. Não sei que livro gostaria de ler e que não existe, tem tantos livros por aí que adoraria ler e outros tantos que nem sei que existem.