Priscila Branco é editora e curadora da Revista Toró, doutoranda em literatura brasileira na UFRJ.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Tenho pensado muito sobre as ritualísticas da rotina e do processo criativo. Sempre tive horários completamente loucos e nunca muita constância na rotina de acordar, talvez por conta da insônia que sofro desde criança. Apesar da facilidade de acordar mesmo que tenha dormido apenas duas horas de um dia para o outro, minha vida matinal meio que sempre foi movida pela obrigação. Se preciso trabalhar cedo ou ir pra faculdade, acordo. Se não preciso, levanto facilmente depois de meio-dia.
Meu processo de escrita nunca foi muito do dia, porque ou estou trabalhando ou estou dormindo. As coisas começam a fazer barulho na minha cabeça durante a madrugada. É o momento em que tudo flui pra mim, como se algo estivesse preso o dia inteiro.
Porém, de umas semanas para cá, e não sei se é porque estou envelhecendo ou se porque estou quarentenada, estou sentindo uma necessidade de acordar cedo, para além da obrigação do trabalho. É como se de repente eu precisasse olhar o sol de antes da tarde, sentir essa fonte de renascimento e renovação tocando meu corpo. Minha respiração está pedindo o dia, ansiando por ele. Portanto, resolvi criar um novo ritual, e já comecei a praticá-lo: acordar todos os dias antes das oito, preparar o café fresco, acender um incenso e uma vela, enquanto pego sol pela janela, e meditar, deixar os pensamentos passarem pela minha cabeça sem prender ou escrever nenhum.
É uma tentativa de tentar atender a essa nova vontade. Transformar as manhãs em girassóis. Deixar que a manhã me transforme no que quiser, e querer também junto com ela esse novo momento de abraçar o delicioso bocejo. Em momentos como o que estamos passando, estar vivo se torna uma pequena muralha de resistência. Talvez eu queira abocanhar a vida em todas suas possibilidades. É uma forma de driblar a morte.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Como eu disse na resposta anterior, até pouco tempo me sentia melhor escrevendo de madrugada. Os horários depois da meia-noite têm um quê de misticismo e mistério. Poesia noturna, lunar, madrugante, insone. Nunca gostei de rotina. Toda rotina por onde me meti terminou em cansaço, corpo arrastado, até que um dia, de repente, eu jogava tudo pro alto e recomeçava do zero. Talvez por isso não tenha um ritual para a escrita. Pelo menos não para a escrita poética; a escrita acadêmica, por outro lado, só funciona quando me imponho metas e prazos de produção diária.
Escrevo desde criança. Quando comecei a escrever em diários, com uns sete anos, me lembro de, aos sábados, sentar sempre em uma pedra do lado de casa para escrever. Apesar de em algum acesso de raiva eu ter me livrado de todos meus diários, ainda me recordo das coisas que escrevia ali: sobre a árvore na calçada, o estilingue do meu amigo Iago, o cheiro da feira (meus pais vendiam legumes e frutas na garagem de casa aberta pra rua em Marechal Hermes), as conversas com o cabeleireiro Nino que fazia tranças no meu cabelo.
Também lia e escrevia dentro do armário do quarto dos meus pais, em cima do travesseiro e segurando uma lanterna. Não gostava de mostrar nada do que eu escrevia na época, então essa ideia de ficar dentro de um armário escrevendo fazia muito sentido pra mim.
Na adolescência, meu lugar preferido era o canto do sofá, ao entardecer, quando não havia ninguém na sala, e uma luz castanha entrava pela janela. Ali escrevi meu primeiro conto. Ali também era onde os poemas nasciam meio tortos em folhas de papel soltas e amassadas. Também tive uma época de ler e escrever sentada em cima do muro de casa, vai entender…
Leio muito também desde criança. A vontade de escrever surgiu a partir da leitura. Lia tanto que alguns parentes meus achavam que eu tinha algum problema. Era uma criança devoradora de palavras. Minha mãe chegou a esconder livros de mim. Com a poesia, comecei com uns poemas rimados sobre amor, florestas e animais quando eu tinha uns oito anos.
Refletindo sobre essa ideia de ritual de escrita, talvez eu esteja errada. Talvez eu tenha criado rituais sem nem perceber. A escolha dos locais, do segredo, sentir a luz entrando em casa, isso tudo faz parte de um processo interessante de produção criativa.
Parando pra pensar sobre rituais de escrita de uns anos para cá, sempre estive acompanhada de cigarros, músicas calmas e, quando não muito ansiosa, um copo de café. O tabaco me ajuda a dar forma aos pensamentos e não me perder nas viagens sem fim da minha cabeça.
É que minha forma de escrever sempre me pareceu nada linear, beirando a desorganização dos pensamentos e do tempo. Por isso agora eu esteja tão ávida por criar rituais e colocar horários específicos do dia para me dedicar exclusivamente à escrita poética, além de outras coisas da vida que vêm nesse pacote da ritualística. Estou começando essa nova forma de lidar com a escrita agora, na quarentena. Ainda não tenho experiência suficiente para fazer um balanço de como vai ser. Substituir a madrugada talvez dê muito certo ou muito errado. Vamos ver.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Minha escrita parece que é domada pelo inconsciente ou por uma espécie de mediunidade. Não é exagero. Escrevo todos os dias, sentando para passar para o papel ou não. Do meu quarto à cozinha, há dezenove passos. Só nesse caminho, às vezes nascem versos soltos na minha cabeça. Às vezes uma estrofe completa, uma narração com nomes de personagens e lugares, frases inteiras e conectadas. Quando estou tomando banho, minha mente nunca está silenciosa: estou escrevendo poemas, narrativas, diários.
Já perdi muitos poemas no meio disso. Não é sempre que passo pro papel. Se demoro minutos para escrever, os versos já se perderam de novo em alguma parte dentro de mim. Isso já me fez escrever no braço, nas pernas, em maços de cigarro, em guardanapos, em páginas de livros. Hoje em dia, com a existência dos celulares, escrevo em algum bloco de notas dos aparelhos, mas há uns anos, se eu não tivesse um caderninho comigo, escrevia em qualquer lugar. Também já teve vezes em que eu não tinha onde anotar nada, então eu ficava repetindo na cabeça os versos ou frases até memorizar e conseguir algum suporte para escrevê-los.
Mas o ato de passar para o papel não é cotidiano. Às vezes escrevo vários poemas em um mesmo dia durante uma semana inteira. Há outros momentos em que fico dias sem escrever nada, só deixo as coisas na cabeça, ou passo pequenos fragmentos pro papel que guardo de forma incompleta. Ficar sem escrever durante muito tempo me deixa deprimida, querendo explodir. É como se estivesse passando fome à beira da morte.
Agora, com essa questão toda de criar rituais, passei a colocar horas diárias de escrita, com momentos determinados para sentar e fazer isso. Se não sair nada, paciência, ficarei olhando pro papel em branco. O silêncio também é uma forma de exercitar a poesia. Estou tentando organizar a loucura de palavras flutuando na minha cabeça. Rituais e metas podem ajudar nisso.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Minha pesquisa para a escrita poética está diretamente ligada com minha pesquisa acadêmica. Digo isso porque boa parte da minha pesquisa (desde a graduação até hoje no doutorado) é em cima de poesia. Então estou constantemente lendo e analisando poemas de diversos autores. Quando falo em leitura de poesia é sobre uma leitura lenta e repetitiva. Leio um mesmo poema mais de cinquenta vezes até conseguir começar a escrever sobre ele, dissecá-lo, entendê-lo ou não entendê-lo. Fora toda a leitura teórica, todas as discussões sobre o fazer poético, isso tudo da pesquisa acadêmica acaba retornando também como poesia na minha cabeça. Vários poemas nasceram depois da leitura de um poema ou da leitura de um texto sobre escrita.
Escrever poesia é uma prática do absurdo. Mas, ainda assim, é uma prática. Quanto mais eu leio mais eu escrevo; quanto mais louca pelos silêncios e gaps de algum poema que li eu fico, mais eu tento escrever para completar esses vazios com que não consegui lidar. A poética é uma colcha de retalhos, às vezes mal costurada, mas sempre pronta para te cobrir.
As coisas cotidianas também falam muito comigo. O cheiro do café, o barulho da máquina de lavar, a louça suja na pia, tudo vira matéria de poesia. Essa coisa incrível de transformar a pedra além da pedra quando se faz um poema. É como se eu escutasse vozes a partir de um silêncio grandioso e fosse arrancada do transe de estar vivo.
Meu processo de escrita sempre foi muito fluido. Tanto na mente quanto para passar pro papel. Sento e escrevo sem parar. Depois lapido o que tiver que ser lapidado. Ainda tenho muitas dúvidas sobre métrica, quebra de versos. Tenho uma lógica só minha, entendo meu ritmo e quando e porque quebro tais versos, mas não sei explicar de forma lógica. Como crítica literária, é o que tento fazer quando leio e estudo poemas alheios, explicar o inexplicável, mas não sei se faço muito bem isso com minha poesia depois de escrita. Escrever parece algo como movimentar o corpo: sabemos como nos mover, mas não entendemos muito bem a lógica dos movimentos, a não ser que nos especializemos em medicina. Escrever é mover um corpo naturalmente.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
O meu maior medo em relação à escrita é o de não escrever tudo que eu tenho para escrever. Tenho ansiedade com muita coisa na vida, mas não com a escrita. Escrever é quase como um antídoto. É um remédio que te cura mas que causa outras doenças, através dos efeitos colaterais. Escrevo como forma de enfrentar a morte, a ansiedade, o medo e as limitações humanas.
Às vezes tenho hiatos, é verdade. Não duram muito. Escrevo sem pensar nas consequências. Se elas vierem, lido com elas depois, na realidade fora da poética. Claro que não escrevemos para nós mesmos, mas para o mundo. Apesar disso, tento não pensar na recepção, mas no que tenho para dizer. Seria muito prejudicial para a escrita de qualquer pessoa escrever pensando na expectativa final. A escrita é um ato de desejo, muitas vezes doloroso, mas sempre carregado de prazer. Esse prazer do texto não pode ser corrompido por expectativas desleais.
Sobre a procrastinação e os projetos longos, estou tentando resolver essa parte problemática da minha vida com a criação de rituais de escrita, como disse anteriormente. Gerar uma rotina (apesar de eu não gostar muito dessa ideia) para escrever, organizar o ambiente e os pensamentos. Acredito que precisamos explorar nosso potencial ao máximo. Todo ser humano é cheio de vontades e potencial infinito para produzir arte. Não desperdicemos nossa capacidade mais linda: a de reinventar o mundo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Recentemente, precisei acessar minha dissertação do mestrado para consultar uns materiais bibliográficos que tinha citado através de links. Fiquei chocada com os erros de revisão que passaram por mim. Revisei minha dissertação incontáveis vezes e não vi os erros que encontrei esses dias, afastada agora por mais de um ano do processo de escrita da conclusão do mestrado. Impressionante como nossa mente peca em perceber os erros e precisamos de um certo afastamento do texto para notá-los, sejam eles no âmbito da coesão ou coerência ou elementos de regras exigidas na forma.
A literatura segue o mesmo caminho que a crítica. Eu preciso de um afastamento para perceber as imperfeições e o que precisa ser melhorado. O primeiro texto é sempre um rio vomitado. Parece que baixam as palavras como uma nuvem na minha cabeça, chovendo cântaros. Vão me atropelando e me sinto quase que como uma bola sendo jogada por crianças numa praia deserta.
Às vezes até releio e reviso o texto, mas não quero alterá-lo. Outras, mudo ritmos que me incomodaram, imagens repetitivas. Depende muito se é poema ou prosa e do texto em si. Cada poema ou prosa segue seu próprio caminho. Não tenho como prever quantas vezes vou revisar e sequer se, revisando, alterarei qualquer coisa.
Respeito o fluxo de pensamento da minha escrita. Meus dedos parecem que têm vida própria, tamanha é a velocidade da poética pensante. Essa coisa do inconsciente na escrita, tenho certeza de que ele está presente em tudo que coloco no papel. Todas as coisas que não alcanço de forma acordada, elas vêm em forma de sonho ou poesia.
Sim, mostro meus poemas para todos que tenham interesse em me ler. Minha mãe, meu namorado, meus amigos, minha orientadora, posto no facebook, instagram, medium. Eu achava durante muito tempo que eu escrevia pra mim mesma. Mas é mentira, eu escrevo pro mundo. Tenho um desejo muito grande de ser lida.
Todo ser humano tem muita a coisa a ser dita. A escuta, o olhar, a leitura… são as coisas mais bonitas do mundo. Por isso leio todos que posso ler, acompanho o trabalho artístico dos meus amigos. Tenho fome dessa troca comunicativa, desse contato através do afeto. Quero muito ser afetada pelo outro e afetá-lo também no meio do processo.
Pra mim, o que mais importa nessa vida são as relações de amor que criamos com as pessoas à nossa volta. E a arte permite esse acesso ao que temos de mais íntimo. Quando publico um poema na internet estou dando acesso para encostarem em minhas feridas e na solidão mais pura. Ler e ser lida é uma forma de alcançar o milagre da vida.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Depende muito. Eu tenho uma montanha de bloquinhos e caderninhos, todos com pelo menos algumas páginas escritas com rascunhos, fragmentos, poemas, desenhos com texto. Cada um deles é um receptáculo de momentos vividos. Tem muita memória contida nesses pequeninos baús de palavras. Diários, então, nunca consegui muito bem manter frequência deles em blogs, mas em cadernos, sim.
Por outro lado, escrevo em blogs desde uns doze anos de idade. Desde que comecei a ter acesso à internet, mesmo que de forma precária, usava para ler e escrever e para pesquisar sobre coisas que girassem em torno disso. Tenho um blog que existe até hoje (está desatualizado há mais de um ano) e que tem quase 15 anos de vida, comecei a escrever nele com 14 anos.
Sou muito desorganizada, e a internet ajuda nesse processo de desorganização. Às vezes escrevo poemas direto no facebook ou no instagram e posto. Depois nem sei onde eles estão mais. Eu usava o blog pra reescrever e organizar esses poemas em ordem cronológica, mas de um tempo pra cá parei de fazer isso.
Hoje em dia, acho que escrevo mais pelo celular e pelo laptop. Também tenho poemas que começam no papel. Eu confesso que ainda prefiro tudo relacionado ao papel, acho que tem uma magia antiga em sujar as folhas, apesar de a tecnologia ocupar seu espaço na minha vida.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minhas ideias vêm a todo momento e tão rápido que às vezes me pergunto se essas ideias são minhas mesmo ou se alguma entidade está sussurrando versos e narrações na minha cabeça. Não preciso me forçar a escrever, as palavras vão se formando quase que naturalmente e em cachoeira. Por isso que disse em algum momento que minha escrita é vomitada.
Ao mesmo tempo, as coisas do cotidiano parecem falar muito comigo. Um cheiro de jasmim entrando pela janela pode me emocionar a ponto de me fazer chorar e me escrever um verso bonito sobre flores, amor, sinestesia e memória. As coisas vão recriando imagens poéticas (ou sou eu que vou criando poética para as coisas). Eu sinceramente não sei o que faria para suportar essa pulsão de morte que nos rodeia nesse mundo injusto se não fosse a poesia.
Sobre os hábitos, a poesia sempre falou comigo nos momentos mais inesperados. No meio de uma discussão com alguém, numa assembleia cheia de gente gritando, em volta de meus amigos bebendo no meio de uma rua na praça XV, enquanto acariciava a cabeça de algum gato na calçada. A poesia, para mim, é o próprio hábito da poesia. Não importa o que eu faça ou para onde eu vá, ela está sempre ali.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Tanta coisa mudou e, ao mesmo tempo, nada mudou. Quando comecei a escrever com oito anos de idade, escrevia poemas alegres muito relacionados à natureza. Depois com dez anos lembro de escrever muitas fanfics de Harry Potter, diários de vampiras adolescentes em blogs e ficções cheias de elementos mágicos e seres míticos. Lá pruns 13 anos, comecei a escrever coisas muito depressivas, cheias de morte e tristeza. Acho que minha escrita até hoje tem uma mistureba disso tudo aí que começou na infância e que tem muito a ver com a descoberta da vida e de diversas fontes de leitura.
Sinto uma mudança muito grande no ritmo e nas imagens poéticas. Acho que minha escrita tem amadurecido muito, junto com meu estar nesse mundo. Tem poemas meus antigos que são horríveis, sem nenhuma qualidade, outros, porém, gosto muito e dou crédito a adolescente inspirada e cheia de coragem que os escreveu.
Se eu pudesse falar com a criança que fui escrevendo os primeiros textos diria a mesma coisa à criança que continuo sendo agora: não pare nunca de escrever e não se cobre tanto, aceite seus momentos e seus erros. Não jogue fora seus poemas. Não dê tantos socos no próprio estômago. Aceite e ao mesmo tempo desconfie das imperfeições do texto. Não prenda o pássaro: se quiser asas, escreva.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Todos os projetos do mundo! Eu tenho muita vontade de fazer tanta coisa! No momento, estou trabalhando no meu primeiro livro de poesia (o primeiro que penso realmente em publicar, porque os outros todos desisti mesmo depois de terem sido aceitos para publicação, por um monte de razões: cobranças internas, nojo do mercado editorial, desprezo ao reconhecimento somente da poesia que é publicada por meios editoriais oficiais). Tenho muita coisa publicada em blogs, revistas online, facebook, instagram, medium. Tudo espalhado por aí e meio desordenado, agora estou em processo oposto: organizando a desorganização. Pensando tudo com muita calma e paixão.
Outro projeto que quero muito colocar pra frente é a feitura de um livro lúdico infantil, com ilustrações também feitas por mim. Os livros infantis me encantaram muito quando eu era criança, eu passava minhas tardes jogada no chão da sala extasiada com as imagens e estórias que via neles. Queria também proporcionar um pouco da magia que vivenciei com esses livros. Essa vontade de contar estórias fantásticas sempre esteve dentro de mim e parece que com a prática da pintura vem crescendo cada vez mais.
Sobre o livro que gostaria de ler e ainda não existe: na verdade, eu gostaria de ler todos os livros que já existem, mas por enquanto só tenho uma vida e vinte e quatro horas em cada dia. Mas acho que a gente escreve sempre a partir da falta: a palavra que não encontrou, a imagem que não viu. Escrevemos para completar a biblioteca que temos. Há sempre um espaço para encaixar mais um livro ali.