Plácido Rodrigues é escritor, membro da Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (ABERST).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Começo o dia, muito a contra gosto, bem cedo. Meu celular desperta às 5h da manhã. Antes era mais cedo, às 4h15, quando eu dependia de transporte público para ir ao trabalho. Minha rotina, de segunda a sexta, é sair de Guarulhos, onde moro, para lecionar Língua Portuguesa na Zona Leste de São Paulo. Chego a casa por volta das 15h. Procuro ir à academia ao menos quatro vezes na semana, pois foi a única atividade física que consegui encaixar no meu modelo atual de vida. Estudo um pouco de música (sou guitarrista), leio um pouco e, por fim, escrevo algumas linhas ou reviso um texto meu. No meu caso, a rotina acaba sendo automática. Há anos é assim, mas pode mudar de um ano para o outro, e as adaptações serão necessárias, mas, para mim, acontecem quase de forma automática. Não fico pensando muito em como ajustar as minhas tarefas, embora já tenha tentado fazer isso e fracassado nos primeiros dias.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Nunca tive um horário específico para escrever e nem lugar. Já escrevi no ônibus, no metrô, na fila do banco, enquanto esperava consulta médica ou odontológica, voltando de uma viagem… E, nessas circunstâncias, não há horário determinado. No entanto, na maior parte das vezes, escrevo em casa. Meu primeiro romance foi escrito, quase na totalidade, durante a noite e madrugada afora. Eu estava desempregado, tratando de um problema nos pulsos com um nome bem esquisito (Síndrome do Túnel do Carpo), que além de dores, causa dormência, sobretudo quando se está deitado. Na época, comprei um computador bem simples, e a HD dele era Megabyte. Eu só não queria mais escrever a mão. Agora imaginem escrever com dores no pulso. Por isso, eu não escrevia durante muito tempo seguido. Escrevia um pouco, a dor apertava, eu parava. Gosto da noite, e por ser o momento em que há menos distrações — nem celular eu tinha na época —, eu escrevia, simplesmente escrevia, sem roteiro, sem saber aonde iria chegar com cada palavra que digitava. Muitas vezes, ao acordar de madrugada por causa da dormência nas mãos causada pela síndrome, eu sentava diante do computador e escrevia. Isso foi em 2006, e a escrita da primeira versão do romance, intitulado “Histórias Concêntricas – O Mistério do Viúvo Maldonha”, durou oito meses.
Muito antes disso, em 1998, quando eu ainda estava no penúltimo ano do antigo colegial, tentei escrever um romance de forma manuscrita. Eu trabalhava em uma lanchonete que era de meu pai e, em momentos em que não havia muito movimento de clientes, eu escrevia, mas não cheguei a concluir a história, e o material está até hoje guardado.
Depois, ainda de forma manuscrita, passei a me aventurar em narrativas curtas, e isso foi uma verdadeira escola para mim. Não havia a pretensão de edição ou divulgação; apenas escrevia por gostar de ver as linhas serem preenchidas, as ideias sendo jogadas no papel. Ao concluir um conto, confiava a leitura a alguns amigos e engavetava o texto em seguida. Mas o romance “Histórias Concêntricas – O Mistério do Viúvo Maldonha”foi o que me deu uma nova visão sobre o ato de escrever, não só pelo fato de que um livro não está pronto na primeira versão, mas também a questão sobre divulgação, edição e comercialização, que até hoje me deixa bem frustrado. Sem contar que passei a utilizar o computador com a HD de Megabytes para escrever.
Já há alguns anos, desde que me formei em Letras e passei a atuar na carreira docente, os dias são bem mais cheios, portanto o tempo precisa ser mais bem aproveitado, e as noites passaram a ser um momento de descanso. Cabeça e corpo cansados não funcionam. Mudei os horários de escrita, mas ritual continuei não tendo, pois sinto que cada história a ser escrita dita suas próprias regras. O que posso dizer é que gosto do silêncio, de estar só, sem contato com o mundo. Muitos colegas escrevem ouvindo música, mas eu não consigo. Preciso do silêncio tanto para pesquisar, quanto para escrever ou revisar meus escritos.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não consigo escrever todos os dias. Sempre tive o péssimo hábito de escrever quando tenho vontade, e isso é um erro imensurável, pois quando passo muito tempo sem escrever, e vou iniciar um projeto novo, um conto que seja, parece que nunca escrevi na vida, nem sei por onde e como começar. É um tormento. A única vez em que escrevi todos os dias e com uma meta de palavras por dia foi quando queria participar de um concurso literário que finalizaria as inscrições em janeiro de 2016; já tinha a ideia da história a ser contada e um pouco mais de um mês para escrevê-la. Não fui classificado no concurso, mas a história saiu dentro do prazo e com folga para uma revisão. Havia um limite de palavras para a categoria que eu queria participar. Cerca de quarenta mil palavras. Fiz as contas e me impus cerca de 1.500 palavras por dia. Alguns dias, eu passava disso; outros, não chegava nem perto. Finalizei a primeira versão em 27 dias. Eu estava de férias em uma chácara, e adorei a experiência. Percebi que a pressão foi boa, e escrevendo essa resposta, notei que preciso urgentemente estabelecer metas de escrita e produzir algo novo. Creio que meu lado taurino pede essa rotina que as circunstâncias me negam, que eu mesmo me nego por teimosia.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
A pesquisa e a escrita acontecem concomitantemente, bem como a criação de muitas personagens que aparecem na história e precisam ser trabalhadas. Nunca penso “vou criar uma personagem com tais características…” Eu o faço enquanto escrevo, de acordo com o corpo que a história vai ganhando. Não fico fixado na pesquisa antes de escrever, pois acabo gostando de pesquisar e não paro mais, o que acaba deixando a história esperando.
Pelo menos comigo, se eu tenho uma ideia e demoro a iniciá-la, ou ela perde o sentindo, ou fica me incomodando. Quando digo perde o sentido, quero dizer que acaba virando outra coisa que foge da ideia inicial, o que vai precisar de ajustes até mesmo no tom da escrita. Meus textos demoram a ficar prontos, pois leio e releio, mudo parágrafos e mesmo capítulos inteiros de lugar e, por mais estranho que possa parecer, adoro fazer isso, é quase como mudar os móveis da casa de lugar e tentar manter uma harmonia no fim das contas.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Para tudo mencionado na pergunta, a resposta é: com muita ansiedade.
Como escrevo sem fazer muito roteiro, salvo raras exceções, caio sempre no pior filho que esse hábito engendra: o bloqueio. Como sempre saio dele — e não sei dizer como —, acabo esquecendo o quão frustrante ele é. Então não elaborei ainda hábitos saudáveis de escrita. No entanto, esse meu jeito está mudando, pois com a correria do dia a dia, estou traçando algumas metas futuras para não procrastinar. Quanto à ansiedade, ela faz parte de mim e haja terapia para controlá-la. Para ter uma ideia, se eu souber o fim de uma história, fico ansioso para chegar logo até ele, então o escrevo primeiro para diminuir a tensão da ansiedade, sobretudo se o trabalho for longo. Assim, vou guiando a escrita até esse fim. Um verdadeiro quebra cabeça muitas vezes. Muitos contos meus nasceram assim. Isso pode ser considerado um hábito (mania?), não sei nomear, mas o fato é que me deixa mais confortável e me ajuda bastante. É como saber exatamente o que vou encontrar ao abrir uma porta do meu armário: não preciso procurar o que quero; sei exatamente onde está. Em outra comparação boba é como dirigir para algum local: se eu souber o caminho previamente, as placas vão ajudar a traçar rotas novas caso precise. O risco de acabar perdido, travado pelo caminho do processo de escrita, é menor, ao menos para mim.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Nunca estão prontos! Na verdade, nunca contei quantas vezes reviso, mas enquanto não for publicado, se eu ler, reviso. Ao ler o livro OJogo do Anjo, de Carlos Ruiz Zafón, identifiquei-me muito com um diálogo em que uma personagem, escritor, disse a outra personagem o seguinte sobre revisão: “[…] nunca está pronto. Vá se acostumando.”Sorri nesse momento, pois parecia dizer para mim, o leitor. De fato nunca está pronto. A revisão gramatical e a melhora em trechos que dizem respeito à história são importantes, mas uma hora temos de parar e partir para outro texto, melhor se for aquele que ainda não foi escrito.
É importante dizer que meus textos não são só revisados por mim. Sempre submeto a uma revisão de um profissional da área e peço também uma leitura crítica, para entregar ao leitor a melhor versão possível.
Quanto a mostrar a outras pessoas, mostro sim, como já mencionei acima. Poderia dizer que é para obter opiniões, mas não é só isso. As opiniões vêm e sempre acrescentam muito, mas o fato é que quero ser lido, é a minha ansiedade incontrolável de escritor de querer saber se o texto escrito vai causar a sensação que eu pretendia ao escrevê-lo.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Já até falei um pouco sobre isso nas respostas anteriores. Maldita ansiedade! Acontece das duas formas nos últimos anos para cá. Até no bloco de notas do celular já escrevi. No entanto, a versão final é sempre no computador. Quando o processo todo acontece no PC, tenho a vantagem de, com um clique, acrescentar uma palavra exatamente onde a quero, arrastar trechos inteiros para o começo do parágrafo, ou para o final, ou apagar um trecho inteiro sem deixar evidências de que isso aconteceu. Quando escrevo o rascunho, ou mesmo trechos inteiros da história no papel, muitas vezes aproveito apenas a ideia central e, já na transcrição para o Word (uso esse programa por ser acessível mesmo, pois nem busquei outras ferramentas), acabo mudando, acrescentando ou cortando texto. Quando finalizo algo no computador, imprimo para ler e anoto o que pretendo mudar no próprio material, seja correção gramatical, ou outros tipos de mudanças. Sempre guardo esses impressos, como guardo os rascunhos feitos diretamente à mão. Tenho uma estante repleta deles, uma bagunça, mas estão todos lá, pedindo uma organização que nunca faço. Para que ao certo os guardo, não sei, mas não consigo simplesmente jogar fora. É o passado do texto e, assim como todos temos um passado, meus textos também têm, e se posso guardá-los, por que não?
A verdade é que as marcas das revisões se perderam com o advento do computador. Se isso é bom ou ruim, não sei ao certo. Só posso dizer que essas marcas me fascinam e me ensinam muito, sobretudo quando, em minhas pesquisas, encontro esses achados de outros escritores da era da máquina de escrever em que não havia um delete.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Adoro essa pergunta!
Aqui eu poderia dizer que há uma mágica, que o escritor, qualquer um, tem o privilégio de sentir quando virá aquela ideia brilhante, mas não é bem assim. Somos seres humanos e, como tal, estamos dentro de um contexto social, portanto basta observar bem. Confesso que aprendi a ficar atento ao mínimo sinal de que algo pode ser aproveitado em algum momento. E creio que quase tudo possa, basta saber quando irá usar em algo escrito o que sua percepção aguçada captou. Às vezes, o argumento para uma história vem antes. Em outros momentos, tenho a ideia para a história desenhada na cabeça, mas sem um motivo para ser contata, o que me faz parecer vazia. Em alguns casos, presencio cenas e anoto para não esquecer — o ruim é esquecer onde anotei —, mas nem sei ao certo onde um dia a usarei. Outro dia, ouvi uma cena bacana e a achei poética, linda!, mas não sei como a usarei. A pessoa me contou uma lembrança tão cheia de saudade que chegava ao ponto em que eu quase pudesse ver a cena que ela relatava. Era sobre a relação dela com o pai e envolvia uma fruta.
A ideia central de meu primeiro livro veio de um amigo. Ele me disse: “Escreve isso…!” (Não posso dizer o que para não revelar o enredo). Eu, portanto, misturei a ideia que ele me deu com outras histórias que estava escrevendo na época (contos), e saiu o meu primeiro romance: “Histórias Concêntricas – O Mistério do Viúvo Maldonha”.Ou seja, de contos fiz um romance, o que ilustra o fato que mencionei anteriormente: cada história é escrita de uma forma diferente.
Em outro momento, lembro-me de estar falando com alunos do nono ano sobre as inspirações que autores buscam em textos clássicos. Falei da Divina Comédia e, em seguida, entrei no assunto sobre a repetição como forma de castigo. Um aluno disse: “Imagina você morrer e acordar sempre sabendo que irá morrer, mas se lembrar disso aos poucos”. A ideia me soou boa, mas eu precisava ajustá-la à escrita em si, como iria contar essa forma de castigo e o porquê do castigo. Lembro-me de que não foi fácil e só consegui escrever esse conto quando um dia contei toda a ideia a uma amiga, e ela disse: “Vamos anotar tudo que você disse em tópicos”. Fizemos isso e, em uma semana, o conto saiu. Está no meu livro mais recente, chamado “Pelos Jardins do Inferno”, publicado pela Luva Editora em 2018.
Outra ideia surgiu quando eu lia um artigo sobre ciúme. Em um trecho, havia o relato de uma mulher que dizia que a sensação sentida por causa do ciúme do companheiro era como ser sufocada aos poucos, sentia-se mais e mais doente a cada dia. No mesmo instante, veio-me a ideia de representar o ciúme como causador de uma doença física, e escrevi um conto com várias metáforas representando esse sentimento e outras tantas para o relacionamento conturbado que ele engendra. O conto também está em meu livro “Pelos Jardins do Inferno”.
Não posso deixar de dizer que sou de família nordestina, e meus tios, uma tia em especial, Santina, contava histórias de assombração, lobisomem, e outras coisas estranhas que, segundo ela, aconteciam no nordeste. Isso, sem dúvida, me ensinou muito, e me inspira até hoje. Como professor, defendo a prática de contar histórias às crianças. Não precisa ser lida, pois minha tia é analfabeta.
Em suma, as ideias não são a parte mais difícil, pois estão em todos os lugares: livros, filmes, dia a dia… O difícil é como e por que devo contá-las.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Fora o auxílio das questões tecnológicas a meu favor, muita coisa mudou. Aprendemos com os erros. Não há como não aprender a cada dia. Quanto mais lemos e escrevemos, mais aprendemos, e esse aprendizado pode ser tanto gramatical, quanto estilístico. Diferentemente de antes, hoje escrevo sem pensar muito nos erros, ou seja, deixo a história fluir, delegando a outro andamento a revisão, e é nesse momento que corto os excessos, sobretudo as descrições exageradas, ajusto a sintaxe e até mesmo acrescento cenas. Por isso, revisar é importante.
Sobre o que dizer a mim mesmo, eu não diria muita coisa. Não pelo fato de não ter o que dizer, mas o contrário, e talvez isso me deixasse louco. A comparação é um veneno, mesmo quando baseada naquilo que você já foi. Creio que muitas coisas que eu fazia e não faço mais eram proveitosas na época, mas talvez não funcionassem hoje, como o fato de escrever só quando estava com vontade. Antes eu produzia mais, mesmo com as grandes pausas; hoje, nem tanto e estou tentando me organizar para poder escrever em maior quantidade, mas procurando não perder a qualidade pela qual tanto prezo.
Leio textos meus escritos numa mesma época e encontro coisas que me agradam, e outras nem tanto. Acredito que tive, e tenho, momentos bons e ruins dentro de um mesmo período de escrita. Não há como fugir disso. O importante é sempre estar trabalhando, e a tal inspiraçãoque diz respeito ao ato de escrever, bem como o estilo de escrita, peguem-nos no momento de trabalho. Não há fórmula mágica. O mais difícil é lapidar o próprio estilo. Ao certo, eu não sei se já consegui lapidar o meu ou se ainda há em mim, em minha escrita, muito daqueles autores de que gosto e que sempre me inspiram.
Toda essa reflexão me faz pensar em levantar lembranças da época em que comecei a escrever e salvar na minha mente para pô-las em prática hoje e ver no que vai dar.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Com raras exceções, sempre o que estou escrevendo é o projeto no qual gostaria de estar, mas isso não responde à pergunta, eu sei.
Comecei na literatura de terror e horror e amo fazer isso, e acredito na força que exercem no imaginário social. A narrativa foi o que mais explorei desde que decidi escrever, no ano de 1998. A princípio, eu queria escrever roteiro, por ser aficionado por filmes, mas não achei material na época (não soube pesquisar, e nem sei se havia muita coisa na Internet naquele ano, pois não era algo acessível para mim). Então, decidi escrever uma história imitando romancistas de quem gostava. Analisava, com base nos romances que eu lia, como eram estruturados, como os diálogos eram construídos, as cenas, as descrições, as pontuações utilizadas, e imitava. Pesquisava regras gramaticais em manuais que eu conseguia nas bancas de jornal e assim fui aprendendo e lapidando minha forma de escrever narrativas e melhorando meu Português. No começo, era difícil, mas foi um baita aprendizado.
Como se vê, a resposta para essa pergunta não é o que eu escreveria, mas sim qual gênero textual utilizaria, ou seja, mais de duas décadas depois, meu desejo de escrever um roteiro ainda me persegue, mas me dediquei tanto a escrever textos essencialmente narrativos, que ainda adio esse projeto. Pretendo, o quanto antes, fazer um curso sobre o gênero roteiro e adaptar algum conto meu, pois muitos deles nasceram em minha cabeça como se fossem um filme, mas como meu forte não é o roteiro, eu escrevia um conto, ou mesmo um romance.
A única coisa que tem me impedido de correr atrás disso é meu tempo, que como já disse, é mal organizado. Preciso tomar vergonha e mudar isso urgente!
Sobre o livro que quero ler e ainda não existe, a resposta pode ser bem tendenciosa e voltada para algum projeto meu que ainda nem sonhei em ter. Eu sempre busco estar em meio a um trabalho que resultará em um livro (quem sabe roteiro) que se não fosse escrito por mim, eu quisesse muito ler, o que resultaria no desejo (leia inveja) de tê-lo escrito.