Pedro Lago é poeta, editor e performer, autor de “Corsário” (2018).

Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Difícil dizer. Sempre muda. Nunca é a mesma coisa. Prefiro pensar em períodos de envolvimento do que em semana de trabalho, algumas coisas levam muito mais tempo que outras, portanto, não há organização semanal de trabalho, tudo depende do projeto.
Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
Deixar fluir sempre. Cada poema tem um funcionamento específico, uma escultura diferente.
Você segue uma rotina quando está escrevendo um livro? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para escrever?
Não sigo rotina porque não penso no livro quando escrevo um poema Isso vem depois.
Gosto de silêncio sim, mas muitas vezes escrevo na rua, em locais públicos cheios de gente. O Corsário, livro que publiquei em 2018 foi todo escrito na rua, em silêncio ou não.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? O que você faz quando se sente travado?
Não acho que haja a necessidade de desenvolver uma técnica para “lidar com a procrastinação”, isso não faz muito sentido pra mim. Gosto de estar em contato com meu corpo, ouvir o corpo, a escrita se faz com o corpo, na urgência do corpo, se há “trava” ou algo do gênero, é porque o corpo precisa se mover, a energia precisa fluir. Escrever é um exercício, é preciso praticar, todos os dias.
Qual dos seus textos deu mais trabalho para ser escrito? E qual você mais se orgulha de ter feito?
Os poemas que falam de coisas reais da vida pessoal.
Não tenho orgulho de nenhum especificamente, tudo é processo, acharia até estranho me orgulhar de um poema.
Como você escolhe os temas para seus livros? Você mantém um leitor ideal em mente enquanto escreve?
Como publico livros de poemas, falar de “tema” para um livro pode soar abstrato, mas sim, às vezes um assunto salta mais, mas para que isso aconteça, é preciso entender o encadeamento.
Não penso em “leitor ideal”, isso não faz sentido para mim.
Em que ponto você se sente à vontade para mostrar seus rascunhos para outras pessoas? Quem são as primeiras pessoas a ler seus manuscritos antes de eles seguirem para publicação?
Logo que os digitalizo. Sempre mostro para dois amigos.
Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita? O que você gostaria de ter ouvido quando começou e ninguém te contou?
Acho que quando tinha uns 26 anos, antes já escrevia poemas, mas não pensava que seria algo que me debruçaria com seriedade, que trabalharia com isso, tanto é que dois anos depois publiquei meu primeiro livro.
Acho que aconteceu como deveria, no tempo das coisas, não penso no que poderia ter sido diferente.
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Algum autor influenciou você mais do que outros?
O jeito de fazer muda, penso que encontrar estilo tem um caminho dúbio, porque a melhor coisa de criar é sempre tentar algo novo.
Difícil dizer um autor específico, mas alguns sempre voltam a rondar, mas não o autor, e sim, alguns poemas, como alguns do Drummond, Lautréamont, Rimbaud, Pessoa, mas de forma mais inconsciente.
Que livro você mais tem recomendado para as outras pessoas?
Qualquer livro ou poema do Raúl Zurita.