Paulo Rezzutti é pesquisador e escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Antes da pandemia, eu caminhava, depois tomava um banho, tomava café e começava a trabalhar. Agora com a pandemia eu fico em casa direto e trabalho direto.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
O dia inteiro. Meu esquema de trabalho é diário. Eu não rendo nada mais pro final do dia e começo da noite, sempre fui mais matinal. Eu começo o meu trabalho revisando o que foi escrito no dia anterior.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Todos os dias eu escrevo um pouco, minha meta é de 7 páginas por dia. Como o meu trabalho envolve muitas fontes, citações, etc. essas 7 páginas são já prontas, com todas as fontes e citações.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Geralmente o que me move é o prazo final. Mas depois da pesquisa pronta e organizada, geralmente leva um tempo para digerir tudo e pensar na melhor forma de colocar a história no papel. Não é do dia para à noite. É necessário um tempo.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Tentando manter o equilíbrio. Efetivamente tem dias que o melhor que se tem a fazer é realmente não escrever, tem vezes que se fica num parágrafo só e não anda, eu aproveito para rever notas e esquematizar algum outro capítulo, rever o que já foi escrito e outras coisas.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Geralmente, eu reviso uma vez e mostro para algumas pessoas, como a minha esposa e alguns amigos que também escrevem, ouço as críticas, às vezes dou razão a algumas, às vezes não, e dou mais uma leitura.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Tudo direto no computador. As notas e algumas coisas que foram pesquisadas eu às vezes anoto em papel, alguns arquivos não permitem celulares e fotos e tem que transcrever cartas e documentos à mão. Mas geralmente eu faço tudo no computador, com backups em HDs externos e na nuvem para não ter problemas.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Além de sempre pesquisar, eu mantenho um canal no Youtube e sou bem ativo nas demais mídias. As dúvidas, questionamento e sugestões do meu público acabam me guiando às vezes para elucidar determinados temas por meio dos livros que escrevo e também para ver quais outros personagens da nossa história eles gostariam de conhecer.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eu acho que é a questão da segurança. O meu primeiro livro é bem técnico. Trata-se de transcrição e contextualização de cartas, no caso do imperador d. Pedro I à sua amante, a marquesa de Santos. Esse eu nunca precisei fazer uma revisão daquelas do “eu te odeio e preciso te arrumar”. Já o segundo, que é a minha primeira biografia… Eu, hoje, teria mais segurança na escrita e nas interpretações do que naquela época. Acho que eu daria um toque para mim: Você sabe sim o que está fazendo, acredite mais em você e curta tudo isso.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
O projeto que eu ainda não comecei é sempre o próximo livro. O livro que eu gostaria de ler e que ainda não existe é “O ano que o Brasil começou a dar certo”.