Paulo Pignanelli é escritor paulistano, mestre em arquitetura.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Levanto-me pouco antes das 8:00hs, sigo ao escritório de trabalho no centro de São Paulo. Essa é minha rotina semanal, por vezes escrevo no celular enquanto viajo no coletivo em direção ao centro da cidade.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Não tenho ritual algum para escrever, uso das horas possíveis de que disponho, em muitas ocasiões surgem temas interessantes, que se apresentam nas ruas, ou pessoas que passam em situações curiosas ou furtivas, nas leituras de romances ou poesias, blogs de notícias e provocam-me a necessidade da escrita, seja no coletivo ou durante o período de trabalho, ato contínuo paro com as tarefas rotineiras e volto-me à escrita.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Como disse não há uma regra fixa para a escrita, por vezes escrevo dias seguidos, em compensação passo outros tantos dias ou mesmo semanas sem conseguir anotar um verso sequer para o notebook.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Na minha poesia, o processo de pesquisa e ou busca de temas é completamente aleatória, sou movido literalmente por sensações e lufadas de indignação diante do horror da existência, lembrando aqui o diz Alberto Lins Caldas sobre o Poema.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
As dificuldades para escrever são permanentes e desaparecem por completo quando inicio o poema ele mesmo, o milagre é esse: iniciar apesar do início, escrever por necessário que é.
A autocrítica, no entanto, é feroz, francamente é óbice enorme à vontade, no entanto, escrevo e pronto.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Atualmente sigo o conselho de um escritor de grande talento e experiência, Manuel Herzog: escrevo e guardo por algum, quanto tempo? Despende do ele, poema me diz quando recebo um sinal qualquer interior para relê-lo, então normalmente reviso, corto, modifico ou o que é melhor: jogo fora.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Embora tenha desenhado muito durante a vida, para escrever uso o notebook, raramente escrevo a mão, meus rascunhos são meus poemas, pois não considero nenhum deles pronto, alguns talvez. Quando os releio, os refaço.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Como já disse antes, os temas são meu cotidiano de olhar, pra onde pouso meu olhar pensante, ali está o poema.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O que mudou foi a vida, e vem mudando, o que é absolutamente esperado, a mais posso dizer que aprendi a ler melhor, a ter paciência com meus poemas, pois são “crianças e não conhecem a verdade…”
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Só pretendo continuar a escrever meus poemas. Espero sinceramente que melhorem e não me abandonem nunca, quanto aos livros que quero ler, existem sim, dois deles pelo menos: Grande Sertão: Veredas do Rosa e 100 Anos de Solidão do Gabo, não preciso de mais nada.