Paulo Lima é jornalista e escritor, autor de “Anônimos” (contos), “Dicionário de Nuvens” (poesia) e “Cante minha canção” (contos inspirados nas canções de Bob Dylan).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não, não tenho uma rotina. Mas imagino ao menos um tema que tentarei desenvolver durante o dia. Às vezes é uma ideia que me ocorreu antes e que fica amadurecendo.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Me sinto um pouco mais criativo pela manhã, quando a pilha está com carga máxima (rs). O fato é que procuro estabelecer uma espécie de organização. Escrever primeiro para que me sobre tempo para as leituras. Por aí você pode deduzir facilmente que me considero, na verdade, um leitor.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo um pouco todos os dias, o mínimo que seja, mas sem estabelecer metas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não existe um processo. Costumo explorar as formas breves, que muitas vezes dispensam uma pesquisa prévia, exaustiva. Normalmente escrevo com rapidez, depois de algum tempo de “ruminação”.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Como disse na resposta anterior, trabalho mais com as formas breves. Normalmente não me sinto travar. Talvez o mais difícil seja desencavar um assunto que me motive a escrever. Uma vez que surge, la nave va com relativa fluência.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso e reescrevo algumas vezes até que me façam bater o martelo. Se for um texto mais pretensioso, eu o submeto a dois ou três leitores-prova (ou leitores-vítimas, como costumo dizer, rss).
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo diretamente no celular, que funciona como minha “redação” ou meu “home office”. A engenhoca serve também para rascunhar projetos e ideias. Porém, se o texto for um pouco mais extenso, parto para o computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Vêm das fontes mais díspares possíveis. Tudo pode ser motivo de criação. Procuro distribuir minhas fagulhas criativas em poemas, colagens, crônicas, resenhas, fotografias, num imbricamento de linguagens que procuro explorar através de meus múltiplos interesses culturais.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acho que talvez tenha me libertado um pouco da “angústia da influência” e chegado à conclusão de que posso tentar fazer as coisas do meu jeito, dentro de minhas limitações. Se eu for considerar meus primeiros textos, havia neles uma empolação, um beletrismo que o tempo e as leituras puseram no devido lugar.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de escrever um romance. Ou longos ensaios. Enfim, empreitadas que exijam mais fôlego. Eu gostaria ao menos de ter lido muitos dos grandes livros já escritos. Minhas lacunas são imensas.