Paulo de Toledo é poeta.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Na verdade, eu não gosto das manhãs. Prefiro as tardes. E, de manhã, minhas únicas rotinas são: lavar a louça da noite anterior e ir ao supermercado.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Como eu disse, prefiro as tardes. Não tenho nenhum ritual, mas tento me convencer de que o que faço serve pra alguma coisa (às vezes, não dá certo; às vezes, dá).
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Como sou poeta e não romancista, não escrevo todo dia, não tenho uma rotina mas, ao mesmo tempo, estou o tempo todo “escrevendo” e, de vez em quando, algo se materializa na tela do micro.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Sendo poeta, só compilo notas musicais.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Quando mais novo, eu tinha a ansiedade de mostrar meu trabalho, de provar que eu existia. Hoje, sei que sou reconhecidamente conhecido por não ser conhecido por ninguém.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Os poemas vão sendo revisados enquanto são feitos. Depois que não consigo mais olhar pra cara deles, os abandono. Isso dura pouco tempo (felizmente pros poemas). Quanto a mostrar pra outras pessoas, só pra Denise.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo direto no computador. Como gosto de me arriscar no poema visual, também uso programas gráficos.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Elas costumam vir do que se costuma chamar de “vida” e, principalmente, das leituras de autores instigantes, como Augusto de Campos e João Cabral de Melo Neto. Um hábito saudável, que pratico diariamente, é tentar me manter são.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Muita coisa mudou. Conheço mais o que estou fazendo. Sei mais coisas sobre o mundo (ou seja, estou ficando velho). E não volto aos meus primeiros textos porque, se voltasse, os textos não seriam mais os mesmos, e nem eu seria aquele que escreveu aqueles.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu gostaria de começar um projeto de ter um projeto. Ainda não consegui começar. Mas querer já é um bom começo, não? Sobre o livro inexistente, acho que gostaria de ler o livro que o Leminski escreveria se estivesse vivo hoje.