Como eu escrevo

  • Arquivo

Como escreve Paula Marcelino

by

Paula Marcelino é professora do Departamento de Sociologia na Universidade de São Paulo (USP).

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?

Minha rotina matinal começa com café da manhã, passeio com a cachorra e início das atividades de trabalho. Por vezes, essa atividade é de ordem burocrática, digamos assim, às vezes é de preparação de aula ou atividades de pesquisa.

Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?

Trabalho melhor pela manhã.

Meu ritual de preparação para o trabalho de escrita envolve começar com a mesa limpa de papéis.

Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?

Atualmente me dedico à escrita em dias específicos, conforme demandas. Infelizmente, não tenho conseguido estabelecer uma rotina de escrita, nem diária, nem semanal. O trabalho como docente na universidade e o acúmulo de tarefas advindo dessa função tem dificultado o estabelecimento dessa rotina.

Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?

Início do processo de escrita é sempre difícil, trabalhoso. Mas a escrita “engrena” em um determinado momento. Necessito de um conjunto importante de dados compilados e analisados para começar a escrever. Mas sempre busco dados adicionais na internet.

Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?

Esse tipo de sentimento não costuma me atrapalhar muito. Mas, há momentos em que a escrita está mais travada por preocupações dessa natureza. E, normalmente, esse sentimento é diretamente proporcional à segurança em relação aos dados que consegui compilar e analisar no processo de pesquisa.

Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?

Depois de completamente escrito, reviso ao menos duas vezes. Mas faço revisões permanentes enquanto escrevo. Costumo dar para pelo menos uma pessoa ler antes da publicação; normalmente o marido.

Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?

Tenho um caderno onde faço anotações de cronograma, ideias para incorporar aos textos, roteiros de textos, sumários, livros para comprar, textos para procurar. Mas o rascunho propriamente dito faço diretamente no computador.

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?

O hábito é a leitura sobre os meus temas de pesquisa. Além desse, procuro ter uma vida mental e fisicamente saudável.

O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?

Minha escrita é mais direta, simples e acontece com mais tranquilidade hoje. Credito isso à experiência. Assim, diria a mim mesma “Tenha paciência, essa dificuldade vai diminuir ao longo do tempo”.

Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?

Gostaria de começar a dançar.

Há tantos livros já escritos que ainda não li e tantos que nem sei que já foram escritos, que não consigo pensar em algum que ainda não exista.

* Entrevista publicada originalmente em 7 de fevereiro de 2019, no comoeuescrevo.com (@comoeuescrevo).

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o editor

José Nunes é editor da Colenda.

    Inscreva-se na newsletter para receber novidades por e-mail:

    caixa postal 2371 • cep 70842-970

    Como eu escrevo

    O como eu escrevo promove uma conversa compartilhada sobre o processo criativo de escritores e pesquisadores brasileiros.