Paula Febbe Drummond Nova é escritora, compositora e psicanalista.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Em dias de semana, eu tomo um banho, um café com leite, me troco e passo a maquiagem com a qual vou passar o dia. Apesar de parecer fútil, esse é um processo que faz com que eu consiga me olhar profundamente nos olhos, prestar atenção em mim mesma e sentir um pouco do meu afeto por mim. Depois, normalmente, saio para o trabalho ou, hoje em dia, nos finais de semana, atendo como psicanalista em casa.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Não tenho. Escrevo quando tenho uma brecha no dia esteja eu aonde estiver.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo mais quando decido que preciso lançar um livro novo. Aí eu sento, escrevo e ele sai. Normalmente, o processo é bem rápido. De um dia a poucas semanas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Meu processo é totalmente inconsciente. Eu sento, deixo que as palavras saiam por elas mesmas e então completo com fatos necessários e informações extras.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
É curioso, pois não sinto isso. Minha escrita precisa de mãos que a escrevam, então acabo sendo porta voz disso. Mais nada. Não faço para nenhum público específico ou para que o livro venda. Faço, pois preciso fazer. E escrevo melhor do que falo, portanto, é a maneira que meu inconsciente tem de se expressar e eu só respeito isso.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso uma, no máximo. Mas ainda assim, prefiro que outra pessoa o faça, pois não quero mais da minha visão no meu texto depois de eu achar que ele está pronto. A primeira pessoa a ler todos os meus livros é meu marido.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Depende de onde estou. Se começo a escrever em casa, no computador. Se estou fora de casa, em um caderninho que carrego.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Tento sempre enxergar o que há de pior em cada pessoa que conheço. (risos) Me baseio nisso.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Nada mudou, eu acho. Sigo usando os mesmos métodos. A diferença é que agora acredito ter mais respaldo psicanalítico.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Acho que todos os livros já existem, né? (risos) O projeto que eu gostaria de escrever seria um romance de umas 500 páginas. Até hoje não foi meu estilo escrever algo tão detalhado, mas penso que seria uma experiência interessante.