Patrícia Baikal é escritora brasiliense.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Durante a semana, não tenho uma rotina matinal voltada para a escrita (geralmente, escrevo à noite). Nos fins de semana, costumo escrever pelas manhãs.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
À noite sinto que trabalho melhor porque é um horário mais silencioso de forma geral. E tenho sempre um chá ou chocolate quente do meu lado enquanto escrevo.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo um pouco todo dia, e tenho metas mensais, não diárias. Assim, posso escrever mais num dia para compensar o dia anterior em que não pude escrever o quanto queria.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Depois da pesquisa, trabalho com algumas ideias básicas sobre o livro, como breve resumo da história, temais centrais, características da protagonista e de alguns outros personagens, possíveis cenários, dentre outras. Em seguida, passo a escrever os três primeiros capítulos. Esse é o momento em que testo certos elementos, como voz narrativa e tempo verbal. Depois, desenvolvo um roteiro do livro, dividido em capítulos (cada capítulo ganha algumas anotações sobre as cenas principais). Por fim, passo a desenvolver a história como um todo.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Quando não consigo escrever, desvio minha atenção para outras atividades como assistir a um bom filme, caminhar pelo bairro onde moro, encontrar amigos e família… Assim, posso relaxar e voltar à escrita. Em relação ao medo de não corresponder às expectativas do público, eu já consigo lidar melhor com ele. Afinal, dificilmente será possível agradar a todos. Sempre haverá pessoas que não vão gostar do meu livro, e isso é natural. E para reduzir a ansiedade de trabalhar com um livro, não estipulo prazos impossíveis para mim, mas razoáveis. Por exemplo, nove meses é um prazo médio para concluir o primeiro manuscrito, não um mês ou dois.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu reviso dezenas de vezes. No último livro, foram mais de cinquenta. Após esse trabalho de revisão, distribuo o livro para aproximadamente oito pessoas fazerem uma leitura crítica.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Meus primeiros rascunhos são feitos no bloco de anotações do celular, porque geralmente as ideias aparecem quando não estou com computador nem papel. Depois, passo essas anotações para o computador e daí em diante, trabalho apenas no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Creio que observar o que te rodeia é o pontapé inicial para todas as histórias que precisam ser contadas. Observar o movimento da sociedade, ruas, pessoas e natureza é essencial para absorver ideias. A alienação é a pior inimiga da criatividade. Então, tento me manter curiosa pelas coisas que acontecem no meu mundinho e mundo afora.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Ao longo dos anos, desenvolvi melhor a preparação para a escrita de um livro, como a pesquisa e roteiro prévios.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de organizar uma antologia de contos meus já escritos, mas ainda não comecei (em breve farei isso!). Quanto à última pergunta, não me veio à cabeça nenhum livro que gostaria de ler, mas que não existe. Eu gostaria de ler mais histórias de ficção científica e fantasia que se passem no Brasil, e conhecer mais escritores e trabalhos deste gênero.