Ornella Rodrigues é poeta e fotógrafa, autora de “Como domar um coração selvagem” (Fractal, 2018).

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Minha rotina são as gatas, Gal e Clara. Acordo quando elas me chamam pro café da manhã e assim começa meu dia.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Não tenho rotina. Geralmente escrevo quando sinto necessidade. Posso passar dias sem que um verso apareça ou passar horas escrevendo uma poesia atrás da outra. Meu único ritual é música e café forte.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Varia muito. Como não possuo uma rotina de escrita, posso passar até semanas sem escrever.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
A poesia vem quando ela quer. Como um vendaval, uma chuva de verão. Escrevo com urgência.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Se travo, deixo estar e espero fluir. Não tenho projetos longos, prefiro trabalhar o momento.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Já publiquei muitas poesias sem edição, só pela intenção de serem vistos. Com o tempo entendi que era necessário rever e mudar algumas coisas. Normalmente não mostro pra ninguém, posto imediatamente.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Já escrevi muito a mão, em cadernos, diários, em guardanapos em cafés e bares. Hoje utilizo mais o bloco de notas do celular ou posto direto nas redes sociais, com uma foto, também tirada na hora.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Acho que não escrevo sobre idéias, eu falo só sobre sentimentos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Mudou pouco, quase nada. Eu diria pra escrever mais, escrever e deixar que a palavra tome conta.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria muito de fazer um projeto só com poemas de mulheres que viveram em cárcere, seria muito bom ler essas histórias em versos. Estou na busca de livros de poetas desconhecidas ou que não puderam ser publicadas.