Ni Brisant é pugilista amador, livreiro, editor e marginal.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Manhã é o meu turno menos produtivo para escrita. Costumo ler nas primeiras horas, gosto de ficar quieto. Fazer as coisas sem precisar falar.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Início da noite é quando consigo me concentrar por mais tempo escrevendo. E, principalmente, é o período que produzo mais coisas que não me arrependo.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Anoto sempre algo, diariamente, pelo menos uma palavra ou um traço. Já tive isso de determinada quantidade de páginas por dia, mas achei bem besta. Gosto de anotar quando estou fora de casa e depois ir juntando as pontas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Tenho mais trabalho em concluir do que em iniciar. Uso cadernos de anotações como mapa. Dar acabamento é um exercício que me instiga, mas leva mais tempo e silêncio.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
“É pra dançar dançando”, faço mantra destas palavras do Ben. Escrever escrevendo e já era. Não se levar tão a sério é um desafio constante. Quase nunca consigo, mas tô tentando.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso demais até. Para postagem em redes sociais não. Mas antes de publicar em livros, antologias etc troco ideias com uma ou duas amigas, depois fico numa luta de boxe duns 49 rounds com os textos antes de soltá-los.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Rascunho todas as ideias no papel, adoro esta sensação. Depois fico brincando de lutinha com as palavras no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Das faltas. Tenho o costume antigo de ser otário.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Perdi o interesse em escrever sobre verdades. Seja curto, bicho! Concisão é o que há.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Roteiros. Quero ler histórias dos meus filhos.