Neysi Oliveira é escritora, autora de “AvessoReflexo” (Coletivo Marianas, box 3, 2018).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Leio notícias e confiro minhas redes sociais enquanto tomo um balde de café. Tento me programar para rotinas mais saudáveis, mas não persisto nelas.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Trabalho melhor quando estou só e consigo me concentrar no que estou fazendo.
Não tenho uma rotina, mas preciso estar envolvida apenas na escrita e oportunidades assim não são muito frequentes.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Em períodos concentrados. Depois de um longo recesso criativo, lancei meu primeiro livro Avesso Reflexo com o Coletivo Marianas, só com coisas antigas. Desde então me propus a escrever alguma coisa todos os meses, tem dado certo, já tenho bastante material, quem sabe sai um segundo livro.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Varia muito, às vezes tomo notas, outras não. Já escrevi textos que precisaram muita pesquisa, fui fazendo paralelamente e às vezes tendo que alterar o que tinha sido escrito por não se enquadrar nas informações que obtive, mas não foi um problema.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Minha dificuldade são os projetos longos, acabo perdendo o interesse, deixo de lado e não consigo retomar. Mas só quando são projetos individuais, quando são projetos em parceria me dedico muito, sempre cumpro os prazos. Já tive muito medo de não corresponder às expectativas, agora isso está melhor, mas ainda incomoda. Tento ver o que está por trás das dificuldades, costuma dar certo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Uma ou duas vezes só. Não sou de ficar olhando e alterando coisas. Mexo pouco no que eu faço, mas às vezes encontro erros ou repetições excessivas. Mostro para meu marido, ele é meu leitor número um.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Às vezes tomo notas em papéis avulsos, mas quase sempre uso o computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minha escrita é muito pessoal. Não sou uma pessoa desligada do mundo e nem mal informada, mas de um modo geral, não consigo escrever fora do meu universo mais pessoal, então misturo tudo: observação de coisas cotidianas, minhas dúvidas e medos, plantas, filhos, a paisagem, músicas que ouvi.
Quanto mais leio mais e melhor escrevo. Ler é fundamental para minha escrita. Tenho lido muito outras mulheres e feito muitas descobertas boas.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
À medida que eu mudei, minha escrita mudou também. Meus escritos eram mais leves e mais curtos. Tenho procurado novos caminhos, não dá para falar sempre a mesma coisa do mesmo jeito. Se eu fosse falar algo a mim mesma seria para continuar, não desistir, não se preocupar com o que as pessoas vão achar.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de fazer um projeto com pessoas fora do ambiente literário, pessoas que tem pouco acesso à poesia e a leitura de um modo geral, desmistificar um pouco, valorizar as formas de autoexpressão de cada um. Tenho algumas ideias e vou coloca-las em prática.
Quanto ao livro não sei dizer, estou sempre querendo ler coisas novas.