Nathan Sousa é poeta, escritor e dramaturgo.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Trabalho como revisor de textos e também sou professor, portanto, normalmente, eu me dedico à literatura no período da noite. Deixando o dia para o trabalho e para os afazeres do sustento do corpo, além de me dedicar a acompanhar minha filha e minha irmã.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
No período da noite. Escrevo prosa de ficção, ensaios e peças teatrais de maneira, digamos, mais sistemática: fazendo anotações, pesquisando… No caso da poesia, o processo é diferente: normalmente, ela, a poesia, é quem se manifesta. Após o texto pronto, depois de algum tempo, eu começo a “lapidação” do poema.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho meta diária. Escrevo quando eu me sinto totalmente tomado pela energia da escrita. Um livro meu pode sair em um mês ou em muitos anos. Não há nenhuma regra quanto a isso.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Preciso de poucas informações para desenvolver minha prosa de ficção. O ensaio necessita de mais trabalho, já que o mesmo tem certo academicismo. Quanto à poesia, a relação é puramente de sensação-percepção-linguagem.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Deixo o texto “dormitando” por algum tempo. Não me apresso. Não tenho esse medo porque sei que, se não sair como eu queria, eu não o publicarei. Não tenho receio em “passar a faca” nos meus textos.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
No máximo, três. Sim, às vezes eu mostro, mas escolho bem para quem eu devo mostrar. Procuro fugir da vala comum.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Tudo o que eu escrevo sai direto no teclado do notebook. Apenas uma anotação ou outra é que são feitas em um bloco de papel que eu levo nas minhas viagens.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Acredito que da relação entre o que eu vivi e vivo com o que eu li. Passo a maior parte possível do meu tempo lendo e procurando saber das novidades literárias pelo mundo. Sou um devoto da literatura. Confesso que eu não saberia fazer outra coisa de mais interessante na vida.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Tornei-me mais límpido e mais abrangente. Se eu pudesse voltar ao meu ponto de partida, eu diria a mim mesmo: “vai com fé, vai sem medo, que seu caminho será dos vencedores na literatura”, porque eu precisei de uma dose cavalar de coragem. Meu começo foi marcado por pensamentos de desistência. Ter conseguido chegar até aqui como um poeta, um ficcionista, um dramaturgo que é, de certa forma, levado a sério, foi, para mim, a barreira mais difícil de ser superada.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Escrever mais romances (estou escrevendo um), me dedicar mais à prosa de ficção. Ainda não li “Liquidado”, um romance do escritor húngaro, Imre Kertész, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2002, que trata de sua experiência quando criança nos campos concentração nazistas, na Segunda Guerra Mundial.