Nanci Beatriz de Lara Reis é escritora, autora de “Viajando no Tempo” (Coleção Marianas).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Começo com tarefas domésticas rotineiras. Depois, ginástica ou pilates.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Trabalho melhor tarde da noite, quando cessam os ruídos de telefone, campainha, os “plim plim” de mensagens das redes sociais e os deveres a cumprir.
Não tenho ritual. As ideias surgem num lampejo. Anoto-as para não perder oinsighte as desenvolvo logo que tenha tempo disponível e privacidade.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não traço metas. Escrevo quando algo me inspira. Pode ser um pouco cada dia, posso passar dias sem escrever ou fazê-lo horas a fio, até de madrugada, para não perder a fluência. Perco a noção do tempo, então.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Começo sempre a partir de um acontecimento que me toca. Seja uma viagem, boas lembranças ou sentimentos que brotam espontaneamente. Pode também vir da visão de uma linda paisagem ou de um animalzinho abandonado, um rio poluído, um desastre natural, um reencontro ou de um abraço dos netos. Uma vez começado, o texto flui naturalmente, o pensamento cria asas e as mãos quase não conseguem acompanhar as ideias.
Movo-me no sentido inverso: da escrita para a pesquisa. Coloco no papel, sem muita preocupação. Uma vez pronto o texto, releio, assinalo os erros e dúvidas, para só então pesquisar e conferir detalhes, ver se há coerência no que estou dizendo, se as datas conferem, etc. Procuro substituir palavras que se repetem, trocar adjetivos, criar metáforas.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Procrastinação é palavra que não existe no meu dicionário. Sou imediatista. Faço tudo aqui e agora.
Quando escrevo não o faço pensando em corresponder à expectativas. Coloco no papel o que me sai da alma e o que vem no pensamento. Na verdade nunca escrevi pensando em publicar. Isso só veio depois, quando me convidaram para o “Coletivo Marianas”.
Ansiedade é uma característica minha. Quero tudo para já, imponho-me metas e prazos e procuro seguir à risca. Claro que com isso me estresso e, psicólogo algum jamais conseguiu tirar isso de mim. É inerente à minha personalidade. Pode ser um defeito, mas quem sabe até seja isso o que me impulsiona.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso inúmeras vezes e sempre acho que poderiam melhorar. Este é um processo que está ainda em desenvolvimento. Tenho muito a aprender.
Eventualmente mostro algum texto para alguém, ou publico em redes sociais, mas isto não é regra. Sempre escrevi para mim, até que surgiu a oportunidade de publicar.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Sempre à mão, primeiro. Depois passo para o computador. As ideias fluem melhor. Vêm direto do cérebro para os dedos.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
As ideias vêm do cotidiano. Não faço poemas. Escrevo textos, crônicas. O livro “Viajando no Tempo” publicado pelo Coletivo Marianas, surgiu dos diários que faço das minhas viagens. Participei da coletânea “Meu Avô Era Assim” (Darda Editora), cujo tema foi escolhido pelos organizadores. Agora estou escrevendo crônicas do dia a dia.
Para cultivar a criatividade leio de tudo um pouco: poesias, crônicas, romances, jornais e revistas. (Só para descontrair: às vezes até bulas de remédios e rótulos de garrafas!!). Muitas vezes leio mais de um livro ao mesmo tempo.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Na essência não mudou muito. Tenho feito cursos de escrita para aprender técnicas com as quais nunca me preocupei antes. E, é claro, procuro a cada dia usar meu senso crítico, para saber que tenho sempre muito a melhorar.
À escrita dos meus primeiros textos diria o que gostaria de ter ouvido: vá em frente Nanci! Estude e se aperfeiçoe para um dia poder ser chamada de escritora. Isso vale também para o presente.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Meus projetos para o futuro são literatura infantil e a escrita de poemas. Estou estudando para colocá-los em prática.
Há centenas de livros que gostaria de ler e jáexistem, mas não dou conta em uma só vida.