Nalva Nogueira é escritora, autora de “Perder e Vencer”.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Minha rotina se inicia SEMPRE com alguns exercícios reflexivos e em seguida uma dose generosa de cafeína (risos). Meu dia só começa realmente quando sinto o cheiro do café.
Tomo meu café e em seguida consulto a lista de tarefas (sim, eu necessito de listas), vejo o que precisa ser feito e ponho-me a faze-lo.
Aprecio um ambiente organizado e limpo, e apenas quando sinto esta atmosfera é que consigo me dedicar a escrita.
Finalmente vou para o computador e ponho-me a trabalhar, pesquisar, ESCREVER.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Trabalho melhor à noite mas, não me prendo a isto e qualquer que seja a hora que a inspiração apareça eu estou pronta. Não tenho ritual, pego o computador e escrevo tão logo a ideia me venha povoar a mente. Mas gosto de silêncio ao escrever.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não me obrigo a escrever, logo, não tenho uma meta a cumprir. Posso escrever um dia inteiro e adentrar a madrugada, mas posso também não escrever nada num determinado dia.
Não enxergo uma combinação entre o ato de escrever e fazê-lo por amor, e a obrigatoriedade.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
A inspiração chama! Desabrocha. Não pego o computador para escrever sem que me tenha sido concebida na mente uma ideia, logo, e assim sendo nenhuma dificuldade existe para começar.
Quando decido conhecer sobre determinado assunto a este me dedico por semanas, meses e até anos, como é o caso do que atualmente estou a pesquisar. A pesquisa, eu diria que me é inerente, uma vez que todo e qualquer tema que desperta a minha curiosidade é sempre visto, pesquisado de modo mais profundo.
Meu processo de escrita consiste em pôr no “papel” a ideia primeira para só depois ajustá-la de acordo com a mensagem que tenciono transmitir. Não tenho pressa. A escrita, uma boa e edificante mensagem não se faz às pressas. Ajusto, retoco, deleto, recomeço até encontrar a forma que acredito ser digna de ser levada a público, principalmente pelo respeito que tenho a este.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
O segredo é escrever sem a preocupação de alcançar leitores. Antes, escreva para você, escreva pelo amor a escrita. Escreva por acreditar que a mensagem que levará a público transmitirá algum aprendizado.
Quando dos projetos longos são os que mais aprecio. Acredito que nem tudo se pode resumir, há assuntos que exigem ser longos. Mas, não se deve confundir conteúdo com caracteres sem nenhuma valia e que servem tão somente para preencher páginas. O que conta deveras é a mensagem e só esta importa.
Escreva como um escritor, sim! Mas leia-se como aquele que recebe a mensagem. É algo que você “consumiria”, desta se pode absorver algum conhecimento? O sim dado a esta pergunta é suficiente para te sentires seguro e assim sendo não há razão para preocupar-se com expectativas. Atenha-se a mensagem que deseja transmitir, ao que esta agrega a outrem. Isto é tudo.
Costumo deixar o texto “engavetado” para reler depois, é um processo que dar resultados.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso, refaço, ajusto e principalmente releio várias vezes. O ato de reler já revisa por si só. Não tenho o hábito de mostrar meus trabalhos para outras pessoas. Quando sinto que a mensagem que desejo passar está pronta eu publico. Ademais, acredito que escrever é gerar debates, e depois de publicar estar aberta a debater sobre a ideia que levei a público.
Como é a sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Houve uma época em que todo escrito meu era iniciado no papel, cadernos e ainda uso esse método mas, só para uma ideia que surge de repente. É incrível como estar frente ao computador faz tudo deslanchar. Se não estou no computador não consigo dar “alma” ao escrito. O ato de digitar flui melhor do que a caneta.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Até uma conversa que porventura ouvi sem “querer” na fila do banco pode virar um escrito. Mas alimento minha escrita das pesquisas, da leitura e até mesmo dos debates gerados a partir dos meus escritos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar a escrita de seus primeiros textos?
“Engavete-os” por mais tempo. Sinta mais os escritos, beba várias vezes do mesmo “copo” para não perder da essência do que se tenciona transmitir. Escreva, mas só leve a público quando sentir que ao escrever prestou um serviço a si próprio, colhendo aprendizados e ofertando-os a outrem.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Já comecei! Ao decidir escrever sobre meu atual projeto pus-me a pesquisar e já estou há pouco mais de três anos estudando o assunto. Tenho alguns trabalhos prontos… Romance, Prosa, mas há muito desejava escrever algo mais técnico e é o que estou a fazer no momento. Tão logo este seja concluído levarei a público.