Maya Viana é escritora.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Meu dia já começa bem corrido, preciso ir pro trabalho então, nada de escrita antes das 8h.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Os melhores horários são no trem/metrô a caminho do trabalho ou a noite quando desligo tudo e reflito sobre o dia, sendo assim alguns dias escrevo com aquele sono e só tomo consciência do que escrevi na manhã seguinte, por vezes o resultado é surpreendente haha
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho períodos específicos, comigo não funciona sentar e ‘’vou escrever’’ eu nem tenho esse tempo, então quando estou a flor da pele, pego o celular escrevo o que vem ou uso o notebook do trabalho e anoto os gatilhos iniciais para dar seguimento na volta pra casa ou antes de dormir.
A meta depende do projeto que quero desenvolver, quando estava escrevendo o livro minha meta era no mínimo dois poemas diários.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Meu processo é bem caótico, não tenho regra nenhuma além de deixar fluir sem interferir até que sinta a ideia esgotada.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Trabalhar em projetos longos é minha maior trava por conta do tempo que tenho para escrever, vou escrevendo capítulos separados, depois leio todos e crio a conexão entre eles de acordo com as linhas cronológicas.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso no máximo 3x e mostro antes da publicação quando surge algum assunto dentro do contexto do que está sendo conversado.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Dependo inteiramente do celular, não consigo escrever à mão, preciso escrever rápido e a letra não colabora, então tenho pilhas de blocos de anotações e moleskines de enfeite, sempre acho que um dia vou sentar e escrever lentamente, mas…utopia, a letra saí um mistério que depois nem eu desvendo.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Sou muito ligada a natureza, então sempre vejo postagens da Discovery Channel, National Geographic, Nasa. É algo muito natural me sentir inspirada por coisas assim. Escuto muita música e com isso alguns sentimentos afloram e sinto vontade escrever sobre eles.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acredito que encontrei a voz que faltava há anos atrás, me sentia insegura em escrever de maneira mais crua, menos delicada e romantizava situações ruins porque acreditava que poesia deveria ser algo leve, delicado e formal. Diria que tudo isso era coisa da minha cabeça, que existem poetas ótimos que não estão nem aí pra forma e que eles me tocam como poucos, então eu diria para usar a rebeldia da adolescência e produzir algo genuíno, porque lendo textos antigos consigo ver meu antigo eu escondido por trás de palavras bonitas que no fundo dizem pouco sobre o que realmente queria dizer.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Já tenho no papel um projeto de poesias para surdos e mudos, bem como áudio poesias para deficientes visuais. Eu também sou PCD então, isso é algo que vai me deixar muito feliz.
Gostaria de ler um livro com uma protagonista mais velha e com muitas aventuras, sempre penso em como seria uma pessoa descobrir que é especial não na adolescência, mas sim no auge da sua maturidade. E este ser especial pode ou não envolver ficção. Talvez eu o escreva, um dia. haha