Matheus José é escritor, empreendedor e graduando em Letras.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Na maioria das vezes, eu acordo atrasado, mesmo com o ritual de cinco alarmes (5 em 5 minutos). Levanto, me arrumo, tomo café e vou pra Faculdade. Faço Licenciatura em Letras no período matutino. Minha tarde e início de noite é dedicada ao trabalho, na qual sou CEO e editor chefe da Editora Vecchio.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Sou altamente produtivo durante a noite e início da madrugada. Quando a casa e a rua se silenciam, coloco meus fones para ouvir minhas Playlists e começo a escrever, seja literatura, seja materiais acadêmicos. É na madrugada também que planejo as ideias editoriais pra Vecchio.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Infelizmente, todas as minhas metas de escrita diária não são cumpridas. Sou o escritor que escreve quando a inspiração bate na porta, isso pode demorar um dia ou um mês.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Sou uma pessoa altamente ansiosa. Minha mente fervilha em pensamentos sobre tudo, enquanto ando, estudo, trabalho, etc. Por não ter tempo de sempre escrever, anoto ou fotografo tudo que me traz um conforto produtivo, principalmente as inspirações nas simples coisas do dia a dia, como um voo de um pássaro ou uma pessoa sentada no ônibus que tem características perfeitas pros meus personagens.
Eu sempre digo que o mais difícil é a primeira frase. Tenho essa dificuldade de definir as melhores palavras – entre tantas – para começar. Mas depois tudo flui naturalmente e depois, reviso, modifico, reviso novamente e posto – ou não.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu vejo a minha literatura como uma produção natural, uma conversa do meu ser para o leitor. Logo, não sofro com as travas, bloqueios, deixo acontecer naturalmente. Já o medo sempre vai existir nesse meu processo de escrita, é inevitável pensar se o poema vai realmente tocar ou se a narrativa vai prender e encher os olhos dos meus leitores.
Como disse anteriormente, sou uma pessoa ansiosa. Na escrita, vejo lados positivos, como a produção constante de versos. Porém, no lado negativo, o que mais me toca é justamente trabalhar em escritas longas, como o romance. Essa escrita é uma tentativa de anos que, aos poucos, vai ganhando forma.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu reviso apenas duas vezes. Tenho a ideia que se houver uma obsessão pela lapidação, o texto pode perder sua coerência, sobretudo emocional. Sempre mostro meus trabalhos aos meus leitores betas. As opiniões deles são extremamente importantes para o bom funcionamento da informação literária.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Nos meus primeiros anos de escrita, dos 09 aos 15 anos, eu não tinha tecnologias digitais a meu favor. Logo, era uma escrita à mão, cheias de rabiscos. Hoje, onde 24h é pouco tempo para todos os afazeres diários, uso apenas o computador. É meu aliado na rapidez de digitação e pesquisa.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Vem de muitos lugares: Conversas, natureza, músicas, filmes, viagens, etc. Gosto de ver a beleza nos pequenos detalhes e a vida como ela é, isso faz com que eu tenha um arsenal de ideias para a escrita.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Quando iniciei na divulgação da minha escrita (3, 4 anos depois de realmente começar a escrever), por acompanhar acadêmicos, críticos da minha cidade, eu achava que a literatura era uma produção que deveria passar por uma seleção de literatura ruim e literatura boa. Isso fez com que minha escrita inicial fosse em busca da imitação dos autores que, na época, eu achava modelos de uma produção sensacional, mesmo em esferas regionais.
Hoje, minha escrita é leve, solta e vem do coração. Escrevo da maneira que acho que devo escrever, sem me importar com crítica, academia ou qualquer outro sistema que tenta restringir a liberdade artística. Me sinto muito feliz por essa mudança, pois consequentemente, minhas palavras estão sendo mais lidas e mais compartilhadas dessa forma.
Se eu pudesse voltar à escrita dos meus primeiros textos, eu diria a mim mesmo que literatura é a arte de sonhar, amar e expressar as emoções em formas de palavras. Que texto bom é o texto que faz o leitor reler, chorar, sorrir, viajar no mundo proposto pelo autor.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
O projeto que eu desejo realizar (espero que até 2020), é a escrita de um romance policial. Enquanto ao livro que não existe, boa pergunta… Vou passar um bom tempo pensando sobre. (risos)