Matheus Felipo é escritor, autor de “Fido Dido me deu uma voadora”.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Levanto as sete da manhã, e desço pra sala. não tomo café e nem como pão ou fruta, porque uma vez eu ouvi dizer que os extraterrestres vivem mais de cem anos, sem se alimentar durante à manhã. Dai ligo o computador pra ler as notícias do país e do mundo, e também pra ler sobre os artistas que gosto, circo antigo. Ah, e claro, leio também sobre meu time do coração: São Paulo Futebol Clube.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Melhor horário pra escrever, com certeza, pra mim, é na parte da manhã. Me sinto mais disposto, vendo o sol, que não entra no meu quarto, mas sei que ele existe: tá logo ali, depois da janela. Quanto a rituais, não tenho, nunca tive. Acho que ritual se eu tiver, se tornará algo repetitivo, maçante. ou pior: uma regra.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo, todos os dias em cadernos. Tenho muitos cadernos. Amo caderno. E sempre estou de olho no próximo caderno que terei. É meu vício. Tenho também uma máquina de escrever, do modelo Olivetti de 1982, mas no momento não estou a usando, porque ela precisa passar por uma revisão.
Metas diárias? Nenhuma. Posso escrever várias folhas num dia, enquanto no outro, apenas algumas frases. No entanto, tenho metas de diárias quanto à leitura de livros. Tento ler uma hora por dia, pelo menos.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Meu processo de escrita é escrever sem pensar no que estou escrevendo. É uma parada intuitiva, quase um contato com alguma divindade. Depois disso, é que sento e vejo o que escrevi, e no que deve ser acrescentado ou retirado do texto – ai o trabalho é mais braçal do que espiritual.
Em geral, eu não faço nenhuma pesquisa pra escrever depois.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Abro e bebo uma cerveja. Pode ser uma Budweiser, Original ou aquela do Mussum, a Cacilds. Também assisto a série ‘’Beavis and Butt-Head’’, da MTV. E sempre que assisto esta série, eu me renovo, volto a ser o que eu costumava ser. É ai que minha literatura surge novamente, pronta pra mais um round.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Nunca sei quando meus textos estão prontos, mesmo revisando loucamente. É difícil e cansativo. Ainda não encontrei uma maneira de lidar com isso, e nem sei se um dia encontrarei.
Não costumo mostrar meus trabalhos pra ninguém, só raramente.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Minha relação com a tecnologia quase não existe hahaha. Sou um escritor que gosta do modo que a literatura era feita nos anos 80, ou seja: através de cadernos e máquinas de escrever.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Minhas ideias surgem de pensamentos ‘’nonsense’’que tenho desde os 8 anos de idade. imagino muitas situações estapafúrdias e sem sentido, e acabo aproveitando-as na minha literatura. Ah, eu não diria que tenho um conjunto de hábitos, mas algumas coisas ajudam, como por exemplo: contemplar uma frigideira voando no espaço.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O que mudou foi que hoje tenho mais paciência; espero o tempo que for, pro texto maturar. não acredito em qualidade, escritor que escreve o texto pela manhã e à noite já quer publica-lo.
Um conselho que me daria, certamente, seria esse: escreva sobre bonecos, é isso que falta na literatura.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Os projetos que gostaria de fazer, eu comecei recentemente. Espero lança-los algum dia, pra voltar aqui e responder um projeto novo que ainda não comecei.
Um livro que não existe e que eu gostaria de ler seria um escrito pelo Manoel Carlos Karam chapado de crack. ou um sobre a Corrida do Queijo, cuja competição ocorre na Inglaterra, e é insana.