Mario Cau é quadrinista, autor da série Pieces.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Depois do tradicional combo “banheiro, café da manhã, aguar as plantas e trocar de roupa”, começa uma rotina de trabalho relativamente normal. A própria rotina matinal ajuda a fazer corpo e mente ligarem de verdade, quase como um ritual. Não acho legal simplesmente acordar e já sair trabalhando. Até a coisa “pegar no tranco”, todo resultado é questionável e pode ser desperdício de tempo.
Eu costumo começar meu dia de trabalho no computador, checando as redes sociais, notícias (apesar de ter me distanciado um tanto disso nos últimos anos pois a maioria das notícias ia tirando minha energia ao longo do dia), e-mail e agenda. Geralmente o que está na minha agenda pauta meu dia, e dou preferência para o computador e coisas burocráticas pela manhã.
Trabalho em casa a maior parte da semana, então as manhãs podem ser bem parecidas. Mesmo assim, tem dias em que eu resolvo rápido as questões de organização e gerenciamento, e consigo começar a desenhar ou escrever, que é o que eu gosto mais de fazer.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
A gente tem épocas, fases diversas na vida. Houve um tempo, especialmente morando sozinho e já formado, onde eu trabalhava praticamente o dia todo, e meu rendimento era máximo entre tarde e noite. Porém, era algo um pouco problemático, pois apesar de ser uma rotina muito produtiva de trabalho, eu me perdia nos horários e acabava me alimentando mal, dormindo pouco e tendo quase nada de vida social ou outras atividades. Era só produzir. E, talvez, ver uns seriados nas pausas pra comer.
Isso geralmente vem acompanhado de prazos. Se eu tenho uma meta de produzir muito em pouco tempo, consigo mergulhar e me dedicar muito, mas paga-se um preço por isso, como mencionei acima.
Hoje em dia, moro com minha esposa, cuidamos da casa e fazemos as refeições (quase todas), além de termos tempo pra nós dois, pra descansar. Essa rotina do “cuidar da casa” me tira da produção (e, confesso, às vezes me irrita por causa daquela vozinha workaholic que ainda fica na minha cabeça dizendo que eu deveria estar produzindo), mas entendo que é necessário pro funcionamento do nosso lar e relacionamento – e me fez um homem melhor.
Ela entende que, às vezes, projetos pedem dedicação maior e eu preciso ficar mais focado, e o mesmo acontece quando é um projeto dela. A gente se entende e se respeita muito, se ajuda muito, e isso é importante demais pra um relacionamento saudável. Tenho muito orgulho dela e do que ela realiza, e sei que ela me apoia demais e acredita no meu trabalho.
Mas me perdi um pouco do tema!
Sobre ritual de preparação… Acho que sim. Eu vario muito minha produção entre o digital e o analógico. Tem dias em que estou na prancheta, papéis, cadernos, canetas e lápis. Noutros, estou no computador, layers, arquivos, referências. O que me ajuda é ter um processo gradual de imersão no que eu vou fazer naquele momento. Acredito que minha imersão é como um trem ganhando, aos poucos, velocidade, mas que precisa de um esforço maior pra sair do lugar. É como digo aos meus alunos: a inércia é o mais difícil de romper. Começar incomoda. Mas depois que você já está lá, a coisa anda com uma fluidez maior, e parar se torna mais difícil.
Começo o trabalho organizando meu workspace, seja físico ou virtual. Arrumo o que vou precisar naquele período, deixo tudo à mão, fácil de acessar. Gosto de trabalhar ouvindo música (e mais recentemente, podcasts, mas tem dias em que acompanhar os assuntos não é fácil pela concentração no trabalho) e depende do momento ou do resultado que quero alcançar, o estilo pode variar.
Não gosto de ter interrupções constantes e desviar a atenção, rompendo um tipo de transe que me coloco quando estou realmente curtindo e concentrado no que estou fazendo. Por isso, desativei as notificações sonoras do meu celular, só deixei as mais importantes. Evito de ficar abrindo os sites e apps o tempo todo, são distrações e raramente trazem algo de realmente interessante pra justificar romper a imersão.
A gente dedica tempo demais às redes, sites e apps. Dedicamos tempo demais a coisas que, no fundo, são “desnecessárias”. Não digo que não devamos jogar vídeo games, assistir seriados ou sair de casa, mas enquanto está trabalhando, aquilo tem que ter seu foco total.
Depois que consigo submergir na coisa, se nada me tirar de lá, eu costumo continuar até concluir o que estou fazendo. Gosto de trabalhar por etapas e parar quando concluí uma delas.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu produzo todos os dias, pelo menos alguma coisa. Seja escrita, desenho, escanear e tratar imagens, editar livros. Meu trabalho, como um todo, envolve muita coisa, e é triste constatar eu, para um autor que faz o que faço, não dá para apenas produzir. Tem muitas atividades que orbitam isso e que precisam ser feitas. Como não posso ter auxiliares (atualmente, mas em alguns projetos tive a sorte de poder contratar pessoas para me ajudarem, e foi ótimo) e nem sempre trabalho em equipe (como foi feito em Monstruário, por exemplo, onde cada pessoa cuidou de uma etapa), sobra para mim mesmo. Sinceramente, eu detesto tudo que não está ligado ao processo criativo. Pagar contas, reuniões que não levam a lugar nenhum, atualizar sites e portfolios, cuidar de marketing, vendas de livros, cobrar acertos com editoras e lojas… Argh. Mas tem que ser feito. E justamente isso toma tempo da produção, da parte criativa.
Então, eu sempre tento atingir metas, mesmo que não sejam de produção. Na minha agenda, anoto tudo que tem que ser feito e tudo que foi feito. A sensação de riscar um item ou colocar um “OK” ao lado é muito boa. Também faço isso nos projetos de quadrinhos e ilustração, com planilhas de controle de produção. Tenho células para cada etapa do projeto, e sempre que concluo alguma, pinto a célula. Essa coisa de poder marcar o que foi concluído me ajuda muito a controlar uma certa ansiedade, que pode me prejudicar. Eu preciso saber quanto eu avancei, e quanto ainda precisa ser feito. Sou bem organizado e metódico nessas coisas, justamente para poder pirar mais quando vou produzir.
Quando estou num bom ritmo de produção (nem sempre é fácil conseguir ficar mais que três dias numa sequência incrível de produção focada, por causa de todo o resto que a vida e outros trabalhos trazem), consigo produzir muito. Eu desenho rápido, e às vezes, consigo fazer a arte-final de 4, 5 páginas em um dia.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Às vezes penso no meu processo criativo como se fosse a formação de uma estrela: Muitas ideias, conceitos, rascunhos estão lá, pairando no ar, e começam gradualmente a orbitar um conceito central, um projeto, que seja. Essa órbita vai se acelerando enquanto todas as ideias chegam mais perto do núcleo. Aos poucos, as coisas vão se fundindo, se transformando, e quando tudo se condensa em um núcleo só, temos um projeto bem estruturado. Conforme ele vai se desenvolvendo, a energia aumenta e eventualmente explode, que é quando o projeto se conclui de forma satisfatória, e aí é hora de deixar que o universo lide com ele, por assim dizer. E durante esse processo doido inteiro, já produção, estudo, pesquisa, tentativa e erro. Não acredito em ficar parado esperando as coisas se alinharem até ter uma ideia perfeita e resolvida do todo para começar a produzir. Acredito em processos, em encontrar soluções pelo caminho.
Geralmente, em quadrinhos, eu começo pelas ideias e vou anotando tudo, rascunhando algumas coisas também. Faço várias versões, e a cada passa para frente, vou lapidando e resolvendo melhor a trama, personagens, situações, etc. O mesmo vale para o desenho, que sempre começa com rascunhos soltos e pequenos, e a cada etapa vão sendo melhorados até a fase de finalização. Nessa parte de elaboração, criativa, eu busco solucionar as questões da escrita e do desenho da forma mais criativa possível, tento pensar fora da caixa para trazer para o leitor uma experiência maior do que simplesmente ler de forma passiva e rasa.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Bom, tem várias coisas aí no meio. Vamos por partes.
Se a trava é criativa, você precisa de repertório, referências. Às vezes, você precisa olhar pra lados que não costuma olhar. Ver um filme de terro pra escrever um poema, sei lá. Ouvir ópera pra desenhar a guerra. Nossa mente consegue fazer pontes incríveis entre as coisas, e quanto mais diverso seu repertório, mais conexões você consegue fazer e mais interessantes elas serão.
Procrastinar, eu acho, tem a ver com insegurança e preguiça. As duas coisas são possíveis de vencer. Como falei, romper a inércia é complicado, e precisa ser feito. Encontrar uma rotina bacana que te favoreça é importante. Organizar seu workspace (o mental, inclusive), ajuda muito. Tirar as distrações de perto, focar de verdade no que precisa ser feito. A insegurança se liga ao próximo ponto, o medo de não atender as expectativas.
Expectativas de quem, meu jovem? As suas ou do seu público? A gente tem que parar se são tão exigentes conosco. Muita gente, especialmente os iniciantes, acham que precisam fazer uma obra-prima logo de primeira, algo similar às grandes obras dos grandes nomes da área. E não, não precisam. Você só precisa produzir. Arte é evolução, seu trabalho atual sempre será pior que o próximo. Tem que ser assim, tem que haver produção constante, estudo e evolução. Tenha autocrítica, mas não se sabote. Tem coisas que são além da produção, da arte. Já vi muita gente tecnicamente boa, criativa, mas que por questões internas, pessoais, sociais, psicológicas, sei lá, se mantém travadas e inseguras. Procure formas de vencer isso.
E sobre a expectativa do público? Bem, eles estão esperando por novos trabalhos seus, especialmente se você já está produzindo e publicando. Criar um público é um exercício de sinceridade: você fazendo o seu melhor para quem gosta daquilo. E você nunca vai agradar todo mundo o tempo todo. Talvez um trabalho seu agrade mais uns do que outros, e no trabalho seguinte isso varia, muda. Gente nova sempre vai chegar e algumas pessoas acabam parando de seguir você por motivos pessoais e isso é a vida. Se você estiver produzindo constantemente, em contato com seu público, de forma honesta e carinhosa, eles vão curtir o que você produzir, desde que, claro, seja competente.
Sobre trabalhar em projetos longos: eu acredito que só devemos entrar em um projeto longo quando estamos aptos a dar conta deles. Em quadrinhos, é muito frequente ver novos autores querendo já produzir uma mega saga com várias páginas, publicada por editora e rendendo produtos derivados e dinheiro. E é mais comum ainda o conselho: comece por histórias curtas. Publique de forma independente, publique na internet. Essa produção de várias HQs curtas vai construir em você o método, a rotina, vai te dar respostas, vai te fazer evoluir muito. Você evolui mais fazendo 10 HQs de 4 páginas do que fazendo uma HQ de 40. E, quando estiver apto a encarar um projeto grande, se organize, entenda seu ritmo de produção, suas condições, seu prazo (se houver). Faça uma coisa de cada vez, controle seu rendimento e entenda, de verdade, como você, como artista, funciona. Você deve trabalhar e produzir do seu jeito para ter seu melhor resultado, mas isso tem que ser conduzido com uma organização, uma administração até, de seu trabalho como um todo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Geralmente, meus trabalhos são em quadrinhos. Eu tenho o hábito de fazer uma, duas, até três revisões, mas só depois que as páginas estão letreiradas. Seria mais uma revisão de texto mesmo, gramatical, etc. Porém, é importante demais ter um acompanhamento de sua produção. É o que um editor faz – ou deveria fazer. Quando trabalhei com editores o resultado sempre foi melhor, pois eles devem te ajudar a melhorar o texto, a narrativa, os personagens. Eles pensam mais amplo, além da parte criativa: a venda, o marketing, etc.
É sempre bom ter alguém para ler seu trabalho em fase de produção. Fale da sua ideia, do projeto, mostre páginas, tenha leitores-teste. É muito importante. Não ter medo de que alguém vai ler e “estragar a surpresa”. Essas pessoas estão lá para te ajudar, são seus parceiros e te ajudam a navegar com sua obra. Gosto de ter esse feedback. Às vezes, amigos, alunos, leitores, minha esposa, meus colegas autores acompanham e dão ideias, e isso me faz entender que não sou 100% autossuficiente tecnicamente, poeticamente, editorialmente e pessoalmente. É um pouco de uma lição de humidade e confiança.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Comigo geralmente começa à mão, seja texto ou desenho. Vou por etapas, construindo aos poucos as coisas.
No texto, eu gosto de registrar as ideias principais, organizá-las, anotar referências. A cada etapa, eu passo tudo a limpo. Quando tenho uma sinopse mais organizada, vou pro computador e começa a escrever lá. A cada nova versão, gosto de imprimir e fazer anotações e ajustes, e depois passo a limpo de novo, imprimo, repito. Quando chego numa versão que me agrada e é suficiente para os próximos passos, imprimo uma versão final e vou para os desenhos.
Só começo a desenhar uma história cujo texto esteja, pelo menos, 80% resolvido. Mesmo em quadrinhos, não costumo fazer aqueles roteiros onde se divide a história por páginas, quadros, com descrições detalhadas. Eu gosto mais de texto corrido com diálogos e descrição de cenas e ações só quando são muito importantes. Vejo a transição do roteiro pra arte como um diretor e sua equipe começando a produzir um filme. Tenho toda uma etapa de criação de personagens e cenários, que faço durante a escrita do roteiro, e depois que o roteiro está resolvido, começo a produzir as artes.
Começo de rascunhos pequenos e soltos, que chamo de layouts ou thumbnails, onde elaboro a estrutura da página: onde estão só personagens e balões, como são os quadros, como flui a narrativa. E, assim como no texto, a isso seguem etapas onde o desenho vai ser cada vez mais detalhado a lápis, depois em nanquim (ou digital), cores e balões. Uma coisa de cada vez. E gosto muito de focar em uma etapa por vez: em vez de desenhar uma página do primeiro ao último estágio a cada dia, prefiro ter dias onde só faço o lápis de várias páginas, escaneio, diagramo, arte-finalizo, etc. Isso me mantém focado e dentro de um tipo específico de raciocínio, toda minha energia dedicada a uma parte do processo.
Isso, claro, quando trabalho sozinho. Quando trabalho com uma equipe, o processo é um pouco diferente, pois tem mais cabeças pensando a mesma coisa, mas o processo que cabe a mim geralmente segue o mesmo método que já funciona e me dá o resultado que desejo.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Ah, elas vêm de todo lugar. Eu passei tempo demais tendo poucas referências na área em que atuo, mas isso mudou h´[a anos e hoje eu conheço muito de quadrinhos. Muito mesmo. E também de muitas outras áreas que me interessam. A gente tem que se manter faminto, curioso, interessado, aprendendo. Eu gosto de entender muito das coisas que gosto. Eu gosto de ouvir histórias, relatos. Gosto de viajar, de ler, de ouvir música, de filmes e séries, documentários, de estar numa mesa qualquer com pessoas interessantes.
Não é bom pro autor ficar preso consumindo apenas coisas que estão dentro da área que geralmente produzem. Um autor de sci-fi que só consome formas de sci-fi está limitado pelo próprio gênero.
Gosto muito dos conceitos de criatividade que o Jake Parker propõe. A “conta bancária de criatividade” é uma delas. Você precisa sempre depositar conteúdo na sua conta se quiser ter algo para usar depois. A inspiração existe, mas não é uma luz divina que chega do nada e te dá a resposta perfeita. As coisas não vêm para nós do éter, elas são conexões de uma infinidade de referências e influências, um processo constante de buscar possibilidades. Outro conceito bacana é que informações são como pontos, e as ligações entre esses pontos criam possibilidades. Se você tem muitos pontos, suas ligações vão ser sempre muito diferentes e ousadas. Quanto mais possibilidades, mais ideias interessantes vão surgir.
Eu acompanho artistas que me inspiram e ressoam com meu trabalho, mas também os que não têm nada a ver com meu estilo, mas de alguma forma me interessam. Estou em contato com meu mercado, com meus colegas.
Gosto de pensar que um autor precisa sempre se fazer perguntas, como “e se…?”. Não confie sempre na primeira ideia, na primeira solução. Busque alternativas e faça ligações inesperadas. Ser criativo é criar soluções interessantes vindas de muitas referências, e não conjurar do nada uma solução perfeita e inédita.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acho que o que mais mudou – e me ajudou – foi que me tornei mais organizado e focado. Tudo que empreguei visando uma melhor organização do meu trabalho, espaço e rotina, só me ajudou a produzir mais e melhor. Entender os processos que envolvem meu trabalho, mesmo quando não os executarei. Entender mais do meu mercado e estar por dentro do que acontece.
Tecnicamente, eu melhorei muito, claro. Sempre desenhei, e fiz cursos (inclusive sou formado em Artes Visuais), mas dar aulas por mais de 11 anos me faz evoluir até hoje. Estou sempre em constante aprendizado por causa dos meus alunos.
Uma coisa engraçada é que eu troquei o experimentalismo aleatório pelo experimentalismo controlado. Antes, eu testava diversas técnicas, cada trabalho tinha uma cara, uma proposta visual. Pela curiosidade e proposta das aulas, eu testei muitas coisas. Hoje, continuo tendo a proposta de ser experimental, mas de uma forma mais controlada e focada, também. Meus trabalhos têm propostas específicas, mas eu sei melhor o que estou fazendo, os por quês, e domino muito mais as técnicas que emprego.
Se pudesse voltar, eu não sei se mudaria muita coisa… Eu olho para o que fiz desde meu começo de carreira e vejo um trajeto bacana, de evolução constante, e sempre tive uma confiança sobrenatural no que estava fazendo. Talvez eu diria para mim mesmo, uns 15 anos atrás, para estudar mais e aproveitar mais a época da faculdade. Produzir muito não é sinônimo de produzir bem, mas é também necessário: começar fazendo muito pra ir afiando, e poder evoluir tecnicamente e poeticamente, isso me fez bem, mas é preciso foco pra estudar. Mas olha, no geral, eu gosto do que aconteceu, mudaria muito pouco.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu vivo cheio de ideias… Tenho uma lista de coisas que quero fazer, mas nem tudo eu consigo. Acho que nem se eu tivesse todo o tempo livre e garantia de poder me sustentar, conseguiria dar conta de tudo. É preciso estabelecer as prioridades, os planos que são mais interessantes. Um desses projetos é um blog/site/canal de YouTube onde eu poderia trazer discussões, dicas e aulas sobre ser artista, mais focado em quadrinhos, mas que atendesse as necessidades de informações sobre nosso meio que os novatos precisam, e nem sempre encontram.
É, são muitas ideias. Um dia, quem sabe, eu tiro várias do papel, só pra colocar novas no lugar. Alista sempre vai ser longa, e acho que isso me mantém faminto e vivo.
Um livro que eu gostaria de ler e não existe? Talvez um livro que pudesse, de forma honesta e correta, trazer iluminação para todo mundo em relação à convivência pacífica e sustentável do nosso mundo: que resolvesse de uma vez por todas o racismo, a homofobia, o machismo, os conflitos por poder, terra, dinheiro, religião… Enfim, que trouxesse a percepção real para todos de que podemos – e devemos – ser melhores do que somos, e de fato causasse essa mudança.