Mariana Madelinn é poeta e escritora de realismo mágico, baiana e bacharel em Direito.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
A minha rotina é mais voltada para atividades de casa, como: alimentar minha cadela, organizar meu quarto e minha agenda. Atualmente faço pós-graduação e a minha principal atividade profissional é a escrita, de modo que trabalho em home office, através do computador/celular.
Muitas vezes organizo as postagens que quero fazer na página literária no turno da manhã. A depender do conteúdo, algumas delas acabo publicando pela manhã mesmo. O restante do dia é voltado para leitura, estudo e a produção de conteúdo.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Final da tarde e o turno da noite são os melhores horários pra mim. É quando consigo ter mais foco e produzo mais. Não tenho muitos rituais de preparação, embora eu seja metódica, levo a escrita de maneira muito intuitiva. Um provável ritual que tenho é pensar na estrutura da história, antes de efetivamente escrevê-la. Gosto de traçar o arco dos personagens antes e pesquiso bastante para coletar elementos.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não escrevo todos os dias, mas escrevo poesia todas as semanas. Poesia é o gênero da minha escrita que flui mais facilmente e que sinto necessidade de estar fazendo sempre, até pela página que mantenho no Instagram. Já para as histórias de ficção, me dedico em períodos concentrados. Seja por conta de um edital de interesse, seja por alguma inspiração que acabe surgindo. Não gosto muito de metas diárias, porque sinto que elas tornam o processo de escrita mecânico.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Lido com a pesquisa como o pontapé inicial para a escrita, dessa forma não é difícil sair dela para a produção textual. Quando estou construindo uma história sempre tenho pelo menos uma cena completa em mente. É a partir dela que construo o enredo. De modo que a pesquisa me ajuda a preencher as prováveis lacunas, ambientação e plots. Tendo a trama estruturada, escrever é uma consequência lógica. Construo as transições dos principais eventos enquanto escrevo.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu sou apaixonada por música e costumo ouvir para destravar das ansiedades da vida e/ou da escrita. Para a literatura, por muitas vezes, ouvir canções que despertem emoções que quero transmitir no meu texto são um bom incentivo. Em alguns momentos também busco inspiração em filmes ou seriados. Mas a ansiedade é uma companheira de longa data, por isso quando tenho projetos com prazos específicos, eu costumo utilizar essas ferramentas durante todo o processo, até me sentir relaxada o suficiente para escrever sem tantas cobranças.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu reviso meu texto enquanto o escrevo e pelo menos, umas duas vezes depois de finalizado. Quando comecei a escrever, eu não tinha muitas pessoas disponíveis para fazer essas leituras prévias, mas atualmente tenho construído uma rede legal de amigos escritores. Acho que é muito importante que o texto passe por outras mãos. É como lapidamos a obra, sem contar que é muito comum cometer erros. Uma outra pessoa pode apontar isso com mais facilidade.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
As minhas primeiras poesias foram escritas à mão e até hoje tenho um pequeno baú onde as guardo. Mas isso foi muito mais uma tentativa de fazer do processo algo íntimo. Atualmente escrevo poesias no bloco de notas do celular e produzo os livros de ficção no computador. Aprecio alguns elementos mais retrôs, mas sou bem entregue à tecnologia. Ela é a minha principal plataforma de trabalho, divulgação e publicação, visto que meus livros são e-books.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Eu tenho uma imaginação fértil e sou uma pessoa bastante criativa. Sou também dispersa e todo bom disperso se distrai ou vê muito sentido nas pequenas coisas. O cotidiano é base para as minhas poesias e os meus sonhos, por vezes, viram contos de realismo mágico! Minha conta no Wattpad é recheada de contos que surgiram de sonhos que tive.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eu amadureci enquanto pessoa e a minha escrita, por conseguinte, também mudou. Outras coisas ganharam importância e eu aprendi muito desde que encarei a escrita profissionalmente. Ler outros autores e principalmente os independentes me ajudou a consolidar meu estilo de escrita. Fez com que eu me desafiasse mais também e entendesse melhor a importância de algumas técnicas no processo. Acho que estou mais concisa e mais atenta!
À mim mesma só diria pra ter paciência, revisar mais e confiar no meu potencial. Todo o aprendizado que veio foi fruto da coragem!
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu gostaria de contar com o apoio técnico de algum professor fluente em tupi e fazer uma imersão em alguma aldeia indígena da Bahia, para dar mais solidez às sequências do meu primeiro romance, que fala um pouco sobre a cultura indígena. Gostaria também de distribuir livros em escolas públicas da minha cidade. Ambos exigem um planejamento financeiro à longo prazo que ainda não pude fazer.
Eu escrevo livros que gostaria de ler e não encontro, então se eu responder a segunda pergunta, talvez eu dê spoiler de alguma história que eu esteja escrevendo!