Maria Ottilia Rodrigues é escritora, autora de Savanália.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Geralmente acordo às sete da manhã, bebo um café preto em jejum (tenho a impressão que quando não como logo ao acordar sinto melhor as coisas ao meu redor) e fico alguns minutos refletindo, olhando a minha janela que dá para a vizinha.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Não tenho hora, nem ritual, já que escrevo poemas, o melhor horário é quando meus sentimentos estão à flor da pele, seja a tristeza (principalmente) ou a felicidade.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Atualmente, já que estou escrevendo meu segundo livro, procuro produzir três poemas por semana, porém não tenho uma meta rígida, em uma semana faço cinco, em outra um, nada de compromissos inflexíveis.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Então, eu escrevo muito sobre o que vivo, o que faço, o que sinto, o “ser” me move, logo, minhas “notas” seriam os instantes vividos. A pesquisa que faço é no levantar da cama e deitar novamente. Não tenho um grande trabalho ao inspirar o ar, apenas flui, e é no expirar que crio.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Quando não consigo produzir, tento esquecer que há uma certa necessidade de fazer aquilo no momento. Às vezes passo dias sem elaborar nada e a inspiração aparece de repente, como se nunca tivesse sumido. Com opinião dos outros, tento não me importar, ao terminar um projeto, analiso e vejo se estou satisfeita com o meu trabalho, se meu editor aprova e é isso que vale.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Primeiro faço os poemas no celular e no mesmo dia compartilho no Facebook para saber a opinião do público. Em um outro dia, ao passar para o computador, reviso de novo. Em outro momento, quando vou arrumar as fontes e os tamanhos de todos os textos que estão em um mesmo arquivo, revejo um por um e envio para alguns amigos mais próximos para saber a opinião. Mudo alguma coisa ou outra e não mexo mais.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo desde os 12 anos no celular, atualmente tenho 18.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Eu tento sempre adquirir experiências novas, ir em lugares diferentes, conversar com outras pessoas além do meu círculo social. Atualmente, estou escrevendo um livro de poesias de amor, logo, procuro enxergar o amor em tudo.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Mudou a maturidade que adquiri quanto à literatura, basicamente. Já que comecei muito nova, não lia poetas específicos como faço hoje em dia, então a minha poesia era unicamente do que tinha dentro de mim, sem nenhuma técnica. Fui procurar recursos aos 16 anos, por isso, falaria ao meu eu de 14 anos para ler mais poetas.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Escrever um romance, meu sonho, mas antes necessito de mais maturidade (literária e na vida pessoal) e algumas aulas de escrita criativa… Gostaria de ler uma epopeia do século XXI, escrita por um brasileiro.