Marcos Lemes é ator, diretor e escritor, autor da trilogia “Pedro”, “Outros Pedros”, “Tantos Pedros”.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Em geral não tenho rotina. Trabalho também como ator e diretor, por isso minha agenda é bem dinâmica. Cada dia trabalho em um projeto diferente, em um local diferente. Outros dias em vários projetos ao mesmo tempo. Gosto disso. Adapto-me a uma rotina, mas vivo bem sem ela também.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Gosto principalmente das tardes e noites, período inclusive que me sinto mais criativo e disposto ao exercício da escrita. Às tardes de outono e inverno são as minhas preferidas.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não estabeleço nenhum tipo de meta relacionado à escrita. Prefiro que seja fluída, espontânea. Tento escrever todos os dias. Pelo menos uma frase, uma ideia, um pensamento.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Aqui também não há nenhum tipo de método. Vou escrevendo. Tem projetos que escrevo de uma vez e depois fico um tempo revisando. Em outros fico por dias/semanas/meses gestando antes de ganhar o papel. Não me sinto pressionado em nenhum dos casos.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Como não estabeleço metas, não me preocupo com prazos. Acho que cada projeto tem um tempo que precisa ser respeitado.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Gosto de ler algumas vezes os textos que escrevo antes de mostrá-lo para alguém. Sempre escolho um amigo para ler o que escrevi. Faz parte do meu processo ouvir o que o outro tem a dizer. Como também trabalho com teatro, esse exercício da escuta, da troca de impressões, também contamina o meu universo de escritor. Acho isso muito enriquecedor e estimulante.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Acho que a tecnologia é uma ferramenta muito eficaz para o registro e coisas práticas da criação artística. Mas escrevo tudo à mão. Gosto de papel e caneta. Rabisco, faço notas, uso cores diferentes, circulo palavras (sei que poderia fazer tudo isso no computador) de um jeito que só a generosidade do papel pode aceitar. Tenho algumas dezenas de cadernos, cadernetas, blocos e canetas. Canetas de todas as cores. Utilizo o computador para “passar a limpo” e poder fazer os encaminhamentos necessários com o texto: editora, revisão, etc.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
A criatividade é um exercício diário e constante. A vida cotidiana está repleta de inspirações. Gosto de observar. De perguntar. Me perguntar. Tudo me inspira. E respiro tentando transformar em objeto estético aquilo que me moveu.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acho que escrevo muito mais hoje, do que escrevia anteriormente. O que eu diria (digo sempre): continue a escrever, continue a escrever…
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho tantos projetos e ideias e desejos anotados, que quero fazer todos. Cada vez que estou trabalhando em algum projeto, vou anotando muitos outros. Gosto disso. Não saberia dizer qual livro que ainda não existe. Minha biografia artística, talvez.