Marcos Cesar é escritor e poeta.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sim, tenho uma rotina matinal. Começo meu dia lendo algum livro de romance para “acordar” a mente gradativamente e com tranquilidade. Depois, continuo lendo, porém, algum livro sobre política ou doutrina marxista. Finalmente, no fim da manhã, começo a me preparar para escrever. Considero o café da manhã essencial para melhorar a concentração na leitura.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Acredito que o início da tarde seja perfeito para se começar a escrever, pois ainda não se está cansado fisicamente e livre do sono, é claro, se existir o hábito de se dormir cedo. Todos os dias antes de começar considero indispensável um almoço leve e uma grande xícara de café.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo todos os dias e não estabeleço meta. Produzo o tanto que eu considerar necessário e paro quando me sinto cansado ou distraído involuntariamente.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Faço uma bibliografia de acordo com o tema, leio todos os livros pelo menos duas vezes – a primeira fazendo uma leitura fluída e a segunda fazendo marcações – e então faço fichamentos e “catecismos” (sistema didático de perguntas e respostas) baseados em cada tese/marcação. Terminado esse primeiro momento, começo a escrever.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Para evitar a procrastinação desligo o celular ou o afasto para não ser atraído pelas notificações, que, digas-se de passagem, rendem algumas olhadinhas que duram até mesmo horas. Também, é importante não inventar desculpas para si mesmo e não fazer caso dos pequenos obstáculos que surgem durante o dia. O segredo é não pensar demais e fazer a todo custo aquilo que é necessário. Em relações a ansiedade e expectativas, me concentro em não me preocupar e lidar com o mal que cada dia oferece. Nada melhor do que um dia após o outro.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso o que escrevo quantas vezes considerar necessário, isto é, até eu me sentir seguro e satisfeito. Costumo compartilhar o que escrevo com amigos e familiares e, às vezes, público nas redes sociais. Considero importante o retorno das pessoas e as criticas/ dicas que recebo.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrever a mão desperdiça muito tempo quando se tem acesso a um computador. Prefiro fazer tudo no notebook.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Procuro ler o máximo que posso e diferentes tipos de livros. Acredito que quanto mais se lê, mais bagagem e facilidade para se criar existe.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Meu modo de escrever e o que escrevo mudou de acordo com minha maturidade e o acesso a diferentes leituras e conhecimentos. Se eu pudesse aconselhar a mim mesmo em meus primeiros textos, sem sombra de dúvidas, me encorajaria a ler mais.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de ler livros mais simplificados e acessíveis sobre o marxismo. Livros marxistas baseados em pesquisas mais enxutas e redigidos em uma linguagem mais popular, pois toda essa literatura está fechada dentro dos círculos acadêmicos, fazendo com que aqueles que precisam e àqueles a quem pertence o marxismo, isto é, o proletariado, permaneçam alheios e cada vez mais distantes. E me proponho exatamente a mudar isso.