Marcos Bassini é redator, músico e autor do livro de poemas Senhorita K (Patuá).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Só não digo que antes de qualquer coisa eu tomo café porque, antes, preciso preparar o café. Fora isso, a rotina é acordar cedo e ir pro trabalho escrever. Anúncios e filmes publicitários.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Sou redator e a urgência da propaganda me obrigou, quer dizer, ensinou a escrever de onde estiver, na hora que for, com aquilo que tiver à mão. Uso esse mesmo método pra escrever um livro: escrevo sempre que dá, sem ritual algum, no tempo que me sobra entre uma treta e outra do Facebook.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Procuro escrever todos os dias, mas nem sempre consigo. Não tenho meta diária porque sempre que estipulo uma, em vez de bater a meta, ela me bate.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Uso, pra fazer literatura, algumas técnicas de roteiro. Elas me ajudam muito a organizar a história. Faço inclusive uma espécie de escaleta (qual o conteúdo de cada capítulo), mas sem me tornar refém dela. Depois coloco as referências junto às respectivas cenas. Sabendo o que preciso dizer, pra história seguir adiante, e o que não posso esquecer, pra tudo fazer sentido, escrever fica mais fácil.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Como eu disse, o trabalho em publicidade ensina a escrever independentemente de inspiração, sem dar espaço pra trava. O medo de não corresponder existe, mas ele faz bem ao texto, me obriga a só publicar depois de um tempo, deixando o texto descansar para ser reescrito, descansar novamente, até me agradar como leitor. Quanto à ansiedade, ela é uma boa companheira, costuma me acompanhar no café.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Enquanto o editor não pede, estou revisando. E sempre mostro pra alguém. A opinião do outro é fundamental, a dos amigos que escrevem, a dos que não escrevem, até a daqueles que não gostam de ler. A gente sempre recebe uma dica que melhora o texto original.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Direto no computador. Ou no celular. Só não escrevo no tablet porque não tenho.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Me mantenho escrevendo. De vez em quando a criatividade aparece.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Antigamente tinha pressa, queria escrever um romance em duas páginas. Agora sei que escrever um livro é que nem parar de fumar. Um dia após o outro. Com calma, tentando entender melhor as motivações dos personagens e tudo que realmente aconteceu na cena.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Começar um projeto é fácil. Difícil é terminar. Aliás, gostaria de ler um romance que estou escrevendo há quase dez anos e não fica pronto nunca.