Manu Sousa é escritora, autora de “Coração a bordo” (Penalux).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Bom, logo quando acordo gosto de ouvir musica, já para acordar no ritmo… rsrs quando não estou trabalhando fora (neste atual momento) costumo fuçar as redes sociais enquanto tomo café e me atualizar no que está acontecendo.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Me sinto melhor trabalhando a noite…Não sei porque, mas sempre gostei de escrever a noite ou na madrugada… Creio que como seja um horário mais tranquilo e que a maioria das pessoas estão dormindo, o silêncio ajuda bastante… Dizem que os maiores poetas estão acordados a noite (risadas).
Não tenho nenhum ritual, tudo acontece de forma muito natural no processo da escrita. Muitas das vezes quando escrevo coloco uma musica bem baixinho, no fone de ouvido, para distrair. E só.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Procuro escrever todos os dias, as vezes um rascunho só, mas não é sempre essa benção acontece! (Rsrs) tem dias que estamos estressados ou preocupados com algo e atrapalha um pouco o processo de criação. Tem períodos que fico uma semana sem escrever nada, e outros que consigo escrever todos os dias naturalmente. É muito relativo.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Acho que a parte mais difícil é começar… (pausa) não sabemos como começar, mesmo que já tenhamos um titulo em mente e tal. Temos dúvidas se vamos chegar ao final, e isso meio que nos trava. Aí dou um tempo, vou dar uma volta, procuro ler algo antes, assisto vídeos, ou peço sugestão para amigos. Meio que para clarear a mente, sabe?
Só começo a escrever quando tenho certeza de como irei seguir dali pra frente.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Ah, isso acontece! Não tem como fugir… (rsrsrs) faz parte do processo de todo autor. Quando procrastino muito fico incomodada, e procuro dar um jeito de acabar logo. Fico ansiosa e nervosa durante a criação do livro e quando estou no prazo para entregar parece que a ansiedade aumenta (rsrs) é inevitável. E acho que todo escritor sabe do que tô falando.
Acho que fiquei mais travada quando fiz o segundo livro “Metamorfose” do que este agora (Coração a bordo). Eu simplesmente não sabia como começar! Queria atingir a expectativa do primeiro, e atrair mais leitores, isso meio que atrapalhou, sabe? O resultado não foi dos melhores, foi frustrante. então prometi pra mim que ia aprender a lidar melhor com os bloqueios, e melhorar minhas expectativas em cima disso.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Ah! Leio pelo menos umas três vezes, e aí compartilho com amigos que são autores. Peço ajuda, opiniões. Acho muito importante. Sempre digo: “me fala o que você achou quando terminar de ler!” (Rsrs)
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Acho que ela (a tecnologia) ajuda demais o artista… A divulgar o nosso trabalho, né. Temos muitas fontes para escolher hoje em dia. Eu, particularmente sempre gostei de escrever a mão. É desde pequena este costume, então não tem nem como escapar disso. Depois copio tudo para o computador, tudo bonitinho. Escrevo em blog também, o wattpad. Mas ali é mais pessoal pra mim do que público. Quando estou na rua, e me vem algo na cabeça escrevo no rascunho de mensagens do celular. Só para não esquecer as ideias.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
As ideias elas meio que vem do nada… As vezes de uma situação que vejo na rua, no meu dia a dia… Surge de alguma conversa, ou de alguma música que escuto. E aí penso: “Nossa, vou escrever sobre isso!” Logo começo a anotar no meu caderninho. Elas são aleatórias, e nunca sabemos de onde vem. Por isso precisamos ficar atentas a elas. Para me manter sempre criativa estou sempre lendo algo. Os romancistas mais antigos são os meus favoritos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Muita coisa mudou. Ficou uma marca de maturidade nos meus últimos textos que não vi no primeiro livro, por exemplo. A prática me fez melhor. Passei a ler mais também… O que eu diria para mim mesma? Para não ser tão afobada, não deixar a emoção do momento me dominar pois posso me perder nas linhas. “Faça uma caminhada antes da escrever…” eu diria.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu gostaria de participar de um projeto junto com outros autores sobre um tema. Um livro de contos, por exemplo. Isso ainda não aconteceu… Mas espero receber convites em breve!
Acredito se existisse um livro com fotos dos rascunhos dos maiores escritores da nossa geração eu ia me apaixonar! Será que já existe e não estou sabendo?