Luiza Voll é sócia da @contente.vc e colunista da @marieclairebr.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sempre quis ter uma rotina menos corrida do que a padrão das grandes cidades. Com o tempo e após uma longa jornada, consegui migrar para um trabalho autônomo com a minha própria empresa e com isso tenho a liberdade de desenhar melhor a minha agenda. Minhas manhãs são o período mais tranquilo dos meus dias, quando gosto de fazer tudo com bastante calma. A rotina vai mudando: às vezes reservo tempo para ler, às vezes para escrever e também gosto de praticar alguns exercícios de meditação e autoconhecimento.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
O período da tarde é quando trabalho melhor, muitas vezes se prolongando até o meio da noite (com as manhãs mais tranquilas, o trabalho se alonga). Não tenho um ritual para escrita, ela geralmente acontece de duas formas: a mais legal é quando sinto ela chegando e aí preciso dar um jeito de parar e escrever. Se for preciso gravo até um texto em áudio quando não tenho a disponibilidade de escrever no momento. A segunda forma é pela obrigação, quando tenho um prazo e simplesmente preciso sentar e começar, quer a inspiração tenha chegado ou não.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo quase todos os dias sim, são muito raros os dias em que pelo menos não anoto alguma ideia no bloco de notas no meu telefone. Não tenho meta, mas uso o meu perfil no Instagram como um estímulo para a prática da escrita. Sem ele, acho que não escreveria tanto.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
O meu problema é o oposto, é a ansiedade de deixar algo pronto rapidamente. Gostaria de conseguir passar mais tempo no momento de preparação para um texto. Quando uma ideia me invade, sinto que preciso compartilhá-la o mais rápido possível e acredito que esta ansiedade não me ajuda.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Antes de começar a expor meus textos, o meu maior medo era o do julgamento das pessoas. Para lidar com esse medo, tentei entendê-lo, descobrir o que estava por trás. Nesse processo (que foi longo) fui descobrindo que quanto menos eu julgava as outras pessoas, mais generosa eu passava a ser comigo mesma. Também fui trabalhando em mim a consciência de que não será possível nunca agradar a todos e que meu desejo de compartilhar era maior do que meus receios. Assim comecei.
Com frequência ainda sinto a síndrome da impostora e a sensação de que não vou ter mais o que falar também me visita. Mas tento me focar no momento presente e sempre prestar atenção no que esses medos querem me dizer. Sempre acho que eles tem algum ensinamento, basta começar a trabalhar com eles.
Falei mais sobre como lido com essas questões nesta coluna para a Marie Claire.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Meus textos são curtos, então consigo revisá-los muitas vezes. Antes de publicá-los, sempre mostro meus trabalhos para duas amigas, minha sócia, Dani Arrais (que é ótima escritora e jornalista) e para a Dani Marques (redatora incrível) que sempre tem dicas construtivas. O meu marido também sempre lê e me acrescenta bastante.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Sempre no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minhas ideias vêm principalmente das minhas vivências pessoais. Meu objetivo é sempre escrever somente sobre o que eu já vivenciei, pois acho que a verdade tem esse super poder de conexão. O que mais estimula a minha criatividade é o ato de aprender coisas novas, por isso estou sempre fazendo algum curso, lendo sobre algum assunto novo ou me aprofundando nos que eu já conheço. A minha curiosidade é minha guia e a melhor amiga da minha criatividade. Não passo muito tempo sem alimentá-la.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Passei a ter mais coragem de simplesmente ser quem sou, sem ter tanto medo do que as pessoas vão achar. Ainda tenho em mim essa vontade de agradar, mas ela não mais me paralisa. Pegaria emprestadas as palavras do Paulo Leminski e diria que “isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Profissionalmente sou tão envolvida com tantos projetos que o meu desejo atual é dar corpo a eles e não começar coisas novas. Compartilho com minha sócia um grande desejo de nos aprofundarmos nas escritas para #ainternetqueagentequer, missão da nossa empresa de conversar sobre um uso mais consciente do digital.