Luiz Carlos Coelho de Oliveira é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Acordo, tiro a cama das costas, tomo café e, se não tenho outro compromisso, respondo às correspondências de urgência, dou atendimento nas redes sociais e, finalmente, nado.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Desde que deixei de ser notívago, trabalho melhor à tarde, depois do almoço. No entanto, quase sempre não disponho dessa lacuna de tempo pra escrever, em função das mil demandas a que atendo.
Quanto aos rituais que antecedem a escrita, gosto de meditar, ler um pouco algum disparador e tomar aquele chá.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu, quando estou soterrado sob as mil demandas sobre as quais falo acima, escrevo de rompante, nos intervalos que forço. Quando não, tento escrever sempre que a escrita me solicita, e ela é cheia de veleidades, né?!
Digo isso, porém, de forma meio embusteira, porque quando digo que dou atendimento nas redes, a despeito dos compromissos, digo também que abro à apreciação e ao atrito parte do meu bloco de notas.
Aprendi com minha ex-orientadora e amiga, Helena, a escrever com cotas diárias. Tenho tentado, desde então, terminar o que eu comecei. Todo dia eu tento.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu costumo trabalhar em mais de uma frente. Quase sempre estou pendulando inquieto entre pesquisa e anotação — esta que considero ser, também, o lugar privilegiado de realização do meu trabalho, que penso, inevitavelmente, como processual.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não lido.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Alguns, milhares de vezes. Outros, exponho logo em estado gusano, larval, para, em seguida, submetê-los à revisão/edição.
Em resumo, são muitos os textos que costumo dividir com _s interlocutor_s, que são tant_s…, e muitas as maneiras a partir das quais faço essa partilha.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Minha relação com a tecnologia é muito promíscua. Diria que é quase nociva. Porém, não abro mão de cavar espaço nesse espaço.
Sobre os suportes de preferência, não existem, escrevo em toda parte: do celular ao verso da nota fiscal.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Acho bom preservar estas nascentes de uma blitz, ou de uma “visita” sem mandado…
Sobre os hábitos, são vários, dos quais ressalto o de anotar tudo que escrevo, às vezes, somente, como quem preenche um caderno de caligrafia.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Bem, muita coisa mudou, mas o principal é que escrevo com cada vez menos desejo de agradar os outros. E se eu pudesse falar comigo mais novo eu daria um conselho nesta linha: ligue logo o foda-se, menor.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quero escrever uma trilogia de romances, à moda da crucificação encarnada, mas sem Cristo, e quero terminar os dois livros de ensaio que comecei, que são: 1) a minha tese, que, embora defendida e aprovada, ainda se ressente de cuidados e acréscimos; e, 2) um volume de ensaios sobre poesia e hip hop que estou chamando, provisoriamente, de TCC.