Luiz Carlos Bresser-Pereira é professor emérito da Escola de Economia de São Paulo. Foi Ministro da Fazenda, da Administração Federal e Reforma do Estado, e da Ciência e Tecnologia.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho rotina para escrever. Tenho a rotina matinal de todos: tomar café da manhã e ler os jornais.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Escrevo nas mais variadas horas, nos mais variados lugares. Não tenho nenhum ritual.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho meta diária. Escrevo mais intensamente quando as ideias estão claras para mim e vejo que posso concluir o trabalho de maneira satisfatória.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu primeiro faço uma pesquisa bibliográfica. Depois faço um pequeno esquema. A partir daí eu fico indo e voltando aos dados e à bibliografia na medida do necessário.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Nunca senti uma verdadeira trava. Mas para iniciar um novo trabalho é sempre necessária uma certa coragem.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Minha assistente faz uma primeira revisão.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu escrevo exclusivamente no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Ao longo dos anos eu construí uma obra, a qual tem uma estrutura e um conjunto de ideias básicas que a tornam coerente. Às vezes eu faço uma afirmação que reproduz exatamente uma ideia anterior da qual, ao escrever, eu não estava lembrando.
A partir da abordagem básica que está na minha obra é preciso sempre inovar, e nem sempre isto é possível.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Não sei se houve alguma mudança.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu sempre brinco que não escrevo uma autobiografia porque estou ainda escrevendo “as minhas obras completas”. Realmente, aos 83 anos, eu continuo cheio de projetos.
Quanto a livros, os livros que tenho para ler são muitos, e isto me deixa algo ansioso.