Lua Costa é graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
No momento minha rotina varia bastante, pois como trabalho em uma escola, com a pandemia meu trabalho foi suspenso e acabei ficando em casa com a minha filha de 3 anos. A rotina da manhã é voltada principalmente ao bem estar dela e após os afazeres comuns domésticos, maternos e afins, geralmente escrevo ou elaboro algum material para o Instagram e atualmente, para a campanha do meu primeiro livro.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
No momento, trabalho quando encontro tempo e inspiração. As madrugadas são as mais usadas, pois costumo usar a insônia e os muitos pensamentos noturnos para escrever; sinto que de algo que poderia ser ruim (a falta de sono), nasce uma coisa boa (a escrita) e assim ressignifico. Mas num mundo perfeito, onde eu tenho tempo disponível para me dedicar a cada coisa como deveria, sinto que produzo melhor pela manhã após uma boa noite de sono e o únicos rituais que aprecio é ter algo para apreciar nas pausas da escrita, seja o céu, uma paisagem, a luz do sol… e silêncio, mas esse, já é mais raro para mim (risos).
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Tento escrever um pouco todos os dias, sobre diversos temas (seja poesia, ou não). Mas geralmente tenho escrito quando algo desperta a vontade; seja um acontecimento, um sentimento, uma imagem, paisagem ou pensamento. Esse ano, uma das metas é estipular objetivos para a escrita diária.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Como tenho escrito principalmente poesia e prosa, não uso muito notas ou pesquisa para o meu trabalho. O que faço, é avaliar o uso de palavras, repetições, pesquisar novos termos e sinônimos, anotar ideias aparentemente sem nexo ou elo que vou lapidando com o passar dos dias. Mas a maioria das poesias e texto, nascem com início e fim.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não lido mais. Antes me sentia bem ansiosa quando não escrevia; hoje, respeito e procuro focar em outras artes que me interessam e que me acrescentam artisticamente, como a música e a fotografia. Cuidei para que o processo do meu primeiro livro, não me causasse ansiedade e por isso, ele é um compilado de poemas unidos por uma ideia central que o intitula e é discorrida no prefácio. Tenho projetos para algo mais longo, mas está amadurecendo em banho maria e em silêncio.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso algumas vezes. Dependendo da minha segurança no momento da escrita, posto muito rápido, mas quando sinto que ele ainda precisa de algum ingrediente, demoro alguns dias até achar que ele tem alma o suficiente para ser lido por outra pessoa. Raramente mostro a alguém antes de publicar, quando sim, meu marido é a cobaia/vítima/avaliador.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Tenho uma boa relação com a tecnologia mas uso o computador apenas na hora de organizar os textos. A maioria dos meus deles são escritos no bloco de notas do celular, pela praticidade no momento em que vivo. Porém sempre que tenho um tempo maior, gosto de usar papel.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Da observação e da vivência de coisas muito simples e rotineiras. O que vejo da janela do carro/ônibus, sentimentos e o que uma cena ou paisagem me desperta. É tudo muito intuitivo e muito do que sou e do que sinto está também nos meus textos, mesmo que tenha sido ou sentido por apenas um segundo. Existiu, escrevi.
Sobre criatividade, gosto de me manter ligada a arte em geral, ler muito, ver filmes/séries, apreciar desenhos, pinturas e fotografias. Acredito que a criatividade é o ovo e a galinha: na prática e na lógica mais simplória, ela nasce de si mesma indefinidamente. (Perdão pela licença poética infame… Risos).
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
A maturidade de ver poesia nas pequenas coisas; já não preciso de grandes temas e acontecimentos para me inspirar, encontrei fora do tema “amor” muito do que falar, sou mais cautelosa e atenciosa com o que escrevo.
O que diria é: você não precisa escrever uma história de ficção para ser escritora; você também pode falar das coisas, dores, memórias, pessoas e da vida e ainda assim, ser lida.
Escreva, mesmo que você ache ou que aparentemente ninguém vá prestar atenção; vai valer ainda mais a pena se/quando alguém olhar. E se não acontecer, ainda assim escreva, isso faz parte de quem você é, e você não veio aqui pra deixar alguma parte de você mesma no escuro.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria muito de escrever um livro de prosa e/ou ficção e tirar do papel algo que envolvesse uma produção áudio visual onde pudesse explorar música (já que canto), a poesia e a fotografia/vídeo.
Sobre os livros, gostaria de ler os que ainda não escrevi.