Julio Cesar Mauro é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Bem, o exercício da escrita para mim, é algo como se fosse uma ida à uma academia, eu começo bem cedo o meu dia, e a comparação com uma academia de ginástica não deixa de ser nada proposital, já que eu trabalho em um clube de campo aqui mesmo em Jundiaí, cidade que me acolheu há mais de dezoito anos atrás. Meu dia começa com uma ducha, e uma xícara de café, em seguida entro no meu carro e me dirijo ao Clube Jundiaiense, meu local de trabalho, e nada mais inspirador para um poeta e aspirante à escritor do que ter a companhia bucólica de pássaros e vegetação exuberantes. Às oito em ponto, passo meu cartão e depois de mais uma xícara de café, começo o meu dia…
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Como eu levanto muito cedo, a melhor hora do dia para mim é a parte da manhã, então estou sempre munido de papel e caneta para pôr em prática as minhas ideias… Houve época que escrevia mais durante o período da noite, mas aos poucos fui perdendo esse hábito e sinto que meus trabalhos rendem mais durante o dia.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não consigo estabelecer uma meta, apenas deixo as ideias fluírem, e graças à Deus tenho tido tempo e espaço para a inspiração. Apenas não sou de quantificar a escrita, ela simplesmente acontece.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Tenho formação acadêmica, estudei em duas Universidades e sou propenso à leitura e confesso que ao longo desses anos (mais de trinta) adquiri uma considerável bagagem literária. Como sou um poeta, tenho o hábito de guardar todos os meus rascunhos, pois aquilo que num dado momento não saiu à contento (por falta de inspiração, talvez…) pode servir lá na frente.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
O processo criador, na minha opinião, tem muito a ver com a disposição que o escritor, ou o aspirante a escritor encara o desafio de fazer um trabalho relevante e bem feito.
Não sou uma pessoa que se esconde atrás do medo e da hesitação. Encaro com bom humor e seriedade os desafios desse ofício.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Na verdade tenho uma familiaridade muito própria com a gramática e a linguística, desde muito cedo sempre fui um bom aluno em Português, e uso de forma intuitiva e à minha memória recorrente a correção dos erros, dessa que ao me ver, é a mais dificílima de todas as línguas. Como uso das redes sociais para divulgar meus trabalhos, não vejo nenhum problema em mostrar e divulgar o resultado dos meus textos, costumo dizer aos meus leitores, que minha obra está toda lá, basta acessar o Facebook e o Instagram.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Costumo mais escrever à mão, pela facilidade e também por não dispor “all the time” o computador à mão, no começo me sentia inibido perante à maquina, assim como atualmente uso o celular e o laptop para redigir meus poemas.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Mais uma vez deixo à cargo da intuição, ou aquilo que os psicanalistas chamam de “insight”, acredito que alguém maior nos move e nos impulsiona a ir sempre adiante, apenas providencio o resto.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eu escrevo desde os dezesseis, dezessete anos, no começo, como todo bom aspirante à escritor (sim eu sempre tive em mente onde queria chegar) meus textos eram bem leves e movidos de um original frescor, com o tempo adotei novas maneiras de encarar a vida e a escrita… Acredito que se pudesse unir o novo ao velho atingiria um patamar ideal, pelo menos para mim.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Meu primeiro livro solo se chama “Descalços no Parque” e como aqueles leitores que tiveram contato com a minha modesta obra, trata-se de poesias, na maioria delas, reminiscências da minha infância vivida no Parque de Diversões de propriedade de minha família, minha vida e a de todos os meus irmãos (somos em seis) tem toda uma peculiar e original filosofia e maneira de ser. Meu sonho é, quem sabe um dia escrever uma peça ou um roteiro de cinema para essa que é a história mais linda que tive a oportunidade de viver…