Jossan Karsten é jornalista, publicitário e escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Bem, não costumo ter uma rotina, em se tratando de literatura. Porém, como sou jornalista também, preciso manter certa disciplina, pois preciso estar na redação logo pela manhã. Chego às 08h e fico até à tarde. Nesse meio tempo, entre uma matéria e outra, faço uma mescla com textos literários, poéticos, enfim.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Não tenho nenhum ritual. O texto, para mim, é algo muito natural. Quando sinto que preciso escrever, paro e escrevo. Às vezes, a vontade de escrever surge à noite, pela manhã, durante o dia. Não tenho uma preparação propriamente dita.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo todos os dias. Nem que seja uma única linha, eu preciso escrever. É um vício. Quando estou trabalhando num livro, eu procuro concentrar todo meu esforço nesse projeto, até mesmo, porque, como falei no início, preciso mesclar meu tempo com outros trabalhos. Qualquer momento que sobra, uso para a literatura.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu deixo o texto me conduzir. Penso na história, na espinha dorsal do assunto e começo e escrever. No decorrer do processo, as personagens vão surgindo e, assim, dou andamento. Quanto à pesquisa, vou estudando o assunto conforme ele surge. Há instantes em que fico o dia todo lendo sobre o que quero escrever para, depois, a partir das minhas notas, inserir na história. Uso todos os recursos para pesquisa, livros, internet, entrevista com especialistas. Tudo mesmo.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu não tenho (ou pelo menos nunca tive) uma trava na escrita. Sinto cansaço, às vezes e, quando isso ocorre, eu paro e deixo a tarefa para outro dia. Para relaxar, costumo fazer longas caminhadas ou pedalar muito. As ideias surgem ou se assentam e, então, volto para o texto e alinho as coisas. Em se tratando de ansiedade, acredito que todo escritor sofre de algum tipo de ansiedade. Eu, por exemplo, gosto de começar e terminar um trabalho. Eu me cobro muito por isso. Gosto dos projetos longos, pois posso navegar em muitas ideias, em muitas histórias no decorrer do mesmo. Nos primeiros livros, eu tinha uma vontade enorme de me livrar do texto, mas hoje, com o tempo, consigo saboreá-lo, pensá-lo com mais clareza e isso é como uma terapia para mim.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu costumo revisar duas, três vezes, no máximo. Depois, eu passo para a editora, para os revisores. Não acho legal ficar relendo muitas vezes, pois sinto que há sempre o que ser mudado e isso se torna chato demais.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo muito pouco à mão. Somente anotações, esboços. Vou direto ao computador e trabalho ali. Eu sempre tive ótima relação com as tecnologias. Gosto de aprender e de entender os processos tecnológicos. Acredito que me beneficio muito disso.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
As ideias chegam e se multiplicam. Muitas personagens surgem das ruas, do dia a dia. Algumas pessoas ou situações me despertam interesse. Aí eu penso no assunto e geralmente transformo em literatura, poesia, enfim…
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Com certeza, eu reescreveria tudo de novo e de novo. Com o tempo, passamos a nos criticar de forma ferrenha. Escrever é um longo processo. Eu diria que é uma caminhada de vida. Nessa caminhada, há sempre muitas mudanças e acredito, no meu caso, que essas mudanças foram para melhor.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu gostaria de ler um livro sobre uma realidade paralela, sobre a mescla de espiritualidade com tecnologia. Talvez essa história faça parte de um projeto meu para o futuro. Sou fã desta mistura de sentimentos e situações. Acredito que ainda há uma grande lacuna a ser preenchida em se tratando de realidade, de viagens cibernéticas, de espiritualidade e do entendimento da vida.