Joedson Adriano é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu trabalho pra ganhar dinheiro à noite, por isso nesses dias começo o dia trabalhando, em geral chego em casa e durmo até de tarde, às vezes fico meio zumbi e só durmo de tarde, e raras vezes emendo e só vou dormir de noite. E assim tenho o sono meio descontrolado e não consigo ter rotina.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Qualquer uma que eu não esteja com sono.
Não.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Em geral um pouco todos os dias, as reescritas, e às vezes em períodos concentrados, a escrita.
Não, minhas metas dependem do livro que esteja escrevendo e de que fase estou nele, mesmo assim só são bem definidas se vindas de fora, de encomenda com prazo.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Basicamente são dois processos: os textos curtos saem quase sem pensar nem pesquisa específica, esses são mais circunstanciais, ou pequenas encomendas, cito como exemplo os que fiz no Clube do Conto que dava um tema após as reuniões pra ser entregue na semana seguinte, na volta pra casa já ia pensando, chegava e já escrevia o conto; os longos penso às vezes até por anos sem escrever nada, quando sinto que chegou a hora de escrever, pesquiso muito até por meses, e assim que sinto que devo escrever, escrevo; da pesquisa pra escrita é imediato. Como exemplo meus últimos dois livros publicados: Elegias do País do Sanhauá foi um desafio de Roberto Menezes pra eu fugir do que costumo escrever, me deu algumas regras, verso livre sem rimas, coloquial, 40 poemas curtos e líricos, e me deu o prazo de três semanas, pensei nele um dia, e o escrevi em 13 dias, são memórias da infância. Em Alcides, juntei duas coisas que vinha pensando e há anos, um épico sobre Hércules e uma coroa de coroas de sonetos, estudei durante um mês e em um mês escrevi, passados alguns meses pensando de vez em quando, estudei mais um mês, e nos cinco, seis meses seguintes fiz mais duas coroas de coroas e mais algumas sobre Hércules, continuando a pesquisa enquanto escrevia.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não tenho nem travas nem procrastino, só fico sem escrever quando termino um livro ou uma parte que me destinei a fazer em um período; não tenho esse medo, tenho é prazer em projetos longos.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu não conto, mas várias, e nunca estão prontos, mesmo publicando, a cada nova lida sempre há o que revisar, mas como sempre tenho coisa nova pra fazer, me dedico mais aos mais recentes, em andamento e não publicados.
Mostro, tanto em particular pra algumas poucas pessoas quanto na internet, pelo menos trechos quando é um livro.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Tranquila, mas num sou muito antenado.
Quase sempre começo no papel, depois passo mais tempo no computador, é o local das maiores revisões.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Da minha vida e da vida dos outros, dos livros, história, filosofia, mitologia, ciência, política, das artes e da ficção em geral.
Ler e escrever.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eu passei a me dedicar mais à narrativa, coisa que sempre quis, fazer épicos, mas senti que não era a hora e esperei, comecei com eles sem narrativa, e agora só faço com, mais parecidos com romances, mas sempre em verso.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Um épico histórico e uma ucronia, o principal candidato pra protagonista é André Vidal de Negreiros.